Mais uma madrugada em sua oficina. Pelo menos Daisuke achava que já era madrugada, já que não havia passagem para a luz do sol onde estava. Aproveitando uma catacumba de um antigo templo como um esconderijo, a área subterrânea era gigantesca e sem janelas. O titânico teto rochoso era apoiado sobre robustas colunas que, perfiladas, formavam um padrão de sombras lineares e tremeluzentes sob o controle dos inúmeros lampiões que ajudavam a iluminar uma grande mesa de madeira recostada no paredão antigo, onde vários ganchos sustentavam algumas raras peças de reparos para marionetes.
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Quebrei mais uma... – Reclamou a gigantesca marionete-viva, assim que surgiu diante de sua mesa. Concentrando chakra após um violento treinamento, o Hiroshi utilizou o selo hiraishin que implantara no móvel para facilitar sua vida e agora estava diante de sua mesa principal. Olhando em volta para confirmar que não havia ninguém lá, ele enviou chakra para uma das marcas que esculpira em seus braços para então invocar o grande pergaminho onde escondia seus bonecos. Pondo-o sobre a mesa, o pergaminho rapidamente foi aberto, estirando-se sobre a madeira até mostrar todos os dez selos que ali existiam.
Usando alguma força para arrastar uma grande rocha plana que utilizava como banco para sustentar todo o seu peso, o ninja se sentou em frente à mesa e levou chakra até o papiro, terminando por ativar os selos. Os desenhos brilharam com a energia utilizada e logo algumas carcaças de marionetes surgiram sobre cada selo. –
A situação está crítica. – Falava sozinho enquanto começava a identificar as partes quebradas de seus bonecos. Porém, após um breve estudo dos problemas, logo concluiu que não tinha peças suficientes para realizar o conserto de sequer um deles. E agora?
Daisuke tinha certeza de que não tinha tanto dinheiro assim, nem mesmo o suficiente para fazer funcionar duas delas... –
Se não tem como pagar, peque-o à força. – Lembrou-se do ditado pirata que costumava ouvir em sua época bucaneira. Fechando os olhos para se concentrar e identificar os selos que tinha espalhado pela região, logo localizou um deles exatamente onde gostaria. Enviando chakra através do espaço, ele abriu o portal e sumiu como que por mágica de seu esconderijo, ressurgindo à frente de um bar no meio da noite. Não era um local muito agradável.
Bêbados e lixo se misturavam na calçada do estabelecimento, enquanto prostitutas gritavam com o aparecimento repentino do gigante.
Putas... humpf – Pensou ao levar a poderosa mão à porta corrediça, puxando-a para a lateral num suave ruído. –
O que o traz aqui, Hiroshi-San. – Perguntou o dono do bar, enquanto servia a mesa de uns quatro estranhos que admiravam com receio a marionete-viva. Daisuke acenou a cabeça positivamente sem demonstrar nenhuma atenção. Aquilo foi suficiente para que o barman adivinhasse o motivo da visita... –
Por aqui, por favor. – Sorriu, indicando a direção de seu escritório nos fundos do local. Obedecendo, o nuke adentrou no local e seguiu o homem.
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Quer a rota de algum carregamento de peças? – Perguntou o homem, deixando claro o que Daisuke acabara de perguntar. O ninja apenas balançou a cabeça mais uma vez e arremessou uma pequena mochila com alguns ryous na mesa do informante. Os olhos gananciosos do barman brilharam, fazendo-o buscar a mochila para contar todo o seu conteúdo.
É o suficiente. – Pensou. –
Muito bem, vamos aos negócios. – Concluiu. Satisfeito, o ninja cruzou os braços e viu o homem buscar um grande mapa de sua gaveta, apontando o dedo para a região limite entre o País do fogo e o País do Vento.
Segundo o homem, existirá um carregamento em direção à Suna, mas que estaria guardado por uma equipe bem treinada de três gennins de Suna. Essa comitiva passaria naquela região em cerca de dois dias, logo após descarregarem a mercadoria no porto. Terminando a explanação, Daisuke o ouviu mais uma vez, terminando por avisar que era melhor atacar o quanto antes, pois quanto mais se aproxima da Vila da Areia, mais ninjas poderiam se juntar à comitiva. –
Obrigado. – Disse a marionete com a voz grave e artificial. O homem sorriu e se despediu, deixando o local após o ninja sumir novamente como se nada estivesse ali.
Surgindo novamente em seu covil, Hiroshi se apressou para buscar e selar seu equipamento. A viagem até o local demoraria cerca de dois dias, pois ainda não havia selo algum naquela região para que pudesse se teleportar. –
Pronto... Vamos lá! – Sussurrou ao concentrar-se num dos selos mais próximos da trilha para então utilizar chakra mais uma vez e ressurgir no meio de uma planície desértica. Olhando para a posição do astro-rei, rapidamente o ninja identificou para que lado devesse ir, juntando energia nas pernas para disparar numa velocidade estonteante através das areias escaldantes.
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Já era noite do primeiro dia... O frio do deserto era cortado por um vulto muito veloz que se aproximava levantando areia por onde passava. Seu destino já estava traçado: O Oásis 23. Daisuke já conhecia aquele local. Foi lá que fora atacado no início de sua vida ninja. –
Pronto. – Sussurrou ao frenar com toda força das pernas. O ruído do metal em atrito aqueceu seu caminho que reluziu com o chakra de seu usuário. –
Cheguei a tempo. – Comemorou ao ver o oásis há poucos metros dali. Agora faltava colocar seu planejamento na prática. O nuke sabia que a comitiva passaria por ali, contudo, sabia também que existiam mais dois oásis na região. O transporte poderia passar por qualquer um deles.
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Preciso diminuir as opções. – Raciocinou, fazendo funcionar seus seis braços para retirar a parte de cima de seu uniforme. –
Está na hora de chamar os convidados. – Concluiu ao impulsionar sua perna direita para o alto, usando toda sua força num estouro contra o chão arenoso. O estrondo abafado ecoou pelo deserto, fazendo a água límpida do oásis tremer. Não demorou muito até que a tranquilidade voltasse a reinar. Enquanto isso, Daisuke parecia procurar por algo em sua volta. Qualquer movimento... Quando mais uma vez juntou chakra num chute com toda força contra o chão.
A vibração percorreu grandes distâncias até que algo começou a se movimentar na direção dele pelo subterrâneo. A elevação no solo revelou o predador. Numa incrível velocidade o animal serpenteou à sua volta e eclodiu através da areia. Rapidamente um filhote de verme gigante tentou abocanhá-lo com seus dentes serrilhados e dispostos em círculo. Gingando o corpo para o lado, com extrema agilidade, o nukenin escapou do primeiro ataque, conseguindo elevar a perna lateralmente num forte chute. O verme guinchou e rolou pela areia ainda zonzo da pancada. Já era hora de agir.
Utilizando suas tatuagens para invocar rapidamente dezenas de kunais com fios shinobi, Daisuke arremessou os projéteis com toda força contra o indefeso anelídeo, que rapidamente foi capturado sem muitos danos na sua carapaça externa. Guinchando e expelindo ácido, o verme se debateu vendo a marionete-humana se aproximar. Daisuke sorria com maldade, e assim que chegou ao alcance, atingiu a criatura com as costas da mão direita num forte golpe lateral, conseguindo deixa o bicho inconsciente na mesma hora.
Ótimo. – Comemorou, usando a força mais uma vez para levantar o verme com cuidado, disparando na direção outro oásis. Seu plano começava a tomar forma.
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Uma viagem tranquila. Era o que desejava a equipe de três genins e um chuunin que ajudavam na escolta do grande carregamento formado por duas carroças fechadas. De pé sobre o teto do primeiro veículo, Goshi Hanamara estava orgulho pela sua primeira missão como chuunin. Ele sabia que seus três subordinados eram ninjas competentes e até mesmo foi companheiro de um ou dois deles durante sua jornada como genin. –
Devemos chegar ao destino em dois dias. – Comentou aos outros pelo rádio, olhando para o teto da segunda carroça onde os garotos se sentavam.
Os três sorriram e acenaram com alegria, até que os cavalos que arrastavam as carroças começaram a relinchar e diminuir seus passos ao pressentirem algo mais à frente. Atento aos acontecimentos, Goshi acenou com os dedos juntos, direcionando dois de sua equipe para averiguarem o caminho há alguns metros, enquanto o último permaneceu na segunda carroça. Os genins obedeceram e saltaram rapidamente ao chão, correndo na direção indicada sob o sol poente. Goshi sabia que não podia permanecer viajando à noite no deserto. Teriam que acampar num dos oásis escolhidos. –
Alguns vermes de areia. Mortos na beirada da água. – Falou um dos genins, observando o oásis com um binóculo.
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A água pode estar envenenada. – Concluiu o outro.
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Muito bem. Vamos para o oeste. – Apontou o chuunin.
Apreensivos, os cocheiros desviaram o caminho na direção do outro oásis. As carroças rangeram enquanto os genins retornavam às suas posições agasalhando-se, pois a brisa fria da noite já dava sinais de sua chegada. A trilha até o oásis mais próximo não demoraria mais que uma hora... Seria o caminho mais óbvio não enfrentarem a escuridão. –
Ao chegarmos lá... Ficaremos acordados no perímetro. – Comandou o chuunin, preocupado com a recente mudança de destino. Mas a caravana então seguiu seu rumo pela paisagem ondulante das dunas escuras com a chegada da noite.
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Ahhh... Enfim um descanso. – Disse um dos genins ao se espreguiçar.
Com as tendas montadas e cavalos já lavados e deitados, a comitiva se reunião ao redor de uma pequena fogueira, onde começavam a preparar a janta. A comida era simples, mas a fome ajudava a enganar o sabor acre da aveia. –
Muito bem... Makoto e Shiro vigiam o leste e sul. Enquanto eu e Kazuki vigiamos o oeste e o norte. Entenderam? – Comentou o chuunin, ouvindo um “HAI” motivado de sua equipe que logo se dividiu e sumiu num rápido shunshin. Nesse momento, os dois cocheiros recolheram os pratos e caminharam até a beira do lago para lavá-los. Tudo tranquilo como nas outras viagens.
Hora de começar. – Pensava a marionete, vendo das profundezas as sombras de duas pessoas na superfície do lago. Caminhado na direção dos cocheiros, Daisuke forçava suas pernas contra a resistência da água, quando finalmente manipulou seu chakra e num veloz shunshin saltou para fora do lago na direção dos civis. O ruído da máquina gigante saindo da água pegou os cocheiros desprevenidos. Caindo na margem e se arrastando para fugir, os dois homens ainda tentaram gritar, mas o nukenin era rápido demais. Elevando a perna lateralmente com muita força, o Hiroshi disparou um chute na têmpora do primeiro e enquanto girava agilmente em seu próprio eixo, arremeteu contra o segundo homem que viu aquele punho imenso vindo à direção de seu rosto.
Cessando o movimento rápido, o ninja invasor viu os dois homens caírem inconscientes aos seus pés e aguardou por alguns segundos para ter certeza de que não fora descoberto. –
Ótimo... – Sussurrou quando percebeu que os ninjas ainda estavam vigiando o perímetro. Seu plano tinha dado certo. Abrindo um sorriso maroto, ele se dirigiu às carroças, começando a escolher as peças que levaria. Seria um trabalho demorado, já que podia apenas teleportar uma caixa por vez. Contudo, se fosse bem sucedido, ficaria com sobras de peças pelo resto do ano. Um grande roubo! Estaria vibrando de emoção se ainda fosse feito de carne-e-osso.
Levando à mão em sua mochila, ele buscou um pergaminho largo o qual desenrolou no chão arenoso, mostrando um complexo selo com vários kanjis. Agora tudo estava pronto. Utilizando a força de seus poderosos braços, Daisuke começou a puxar caixa por caixa, depositando em cima do pergaminho, quando juntou as mãos num rápido selo enquanto moldava chakra para acionar os kanjis no pergaminho. Rapidamente o objeto brilhou com uma luz opaca e disparou céu a fora na direção de seu esconderijo. Fácil até demais. –
Os idiotas devem estar olhando para o lado de fora e não para o acampamento. – Comemorava.
O trabalho do criminoso durou cerca de trinta minutos, quando finalmente escorou a última caixa no pergaminho. Juntando as mãos novamente num selo, ele moldava chakra quando percebeu uma movimentação que atravessava a duna. Passos arrastados que logo chegaria ao topo da elevação e veria tudo o que se passava ali no oásis.
Preciso agir. Interrompendo o jutsu, Daisuke direcionou chakra para a marca num de seus braços esquerdos, invocando rapidamente uma kunai, a qual arremessou na direção do barulho. A lâmina cortou o ar e pegou o gennin de surpresa.
Saltando lateralmente, o garoto nem percebeu quem o atacara, levantando as mãos para acenar para seu parceiro, quando Daisuke utilizou o selo hiraishin da kunai que jogara, ressurgindo às costas do inimigo. Seu peso assustou o genin que ainda tentou saltar para esquivar-se dos braços do gigante, mas não conseguiu, sendo agarrado pela nuca antes que pudesse gritar. O nukenin sorriu e levantou o genin com toda força contra sua testa num forte “heddo batto”. O estalo foi abafado, deixando o garoto inconsciente na mesma hora. –
Menos um. Mas não tenho tempo para os outros. – Comemorou.
Apressadamente, Daisuke ainda tentou descer a duna quando um raio atingiu suas costas com grande descarga elétrica. O brilho fez estalar em seus pés, fazendo-o perder o controle de seu corpo mecânico que deslizou descontroladamente pela duna. O nukenin sentiu seus pontos nervosos doloridos e dormentes, enquanto o atacante saltava sobre a duna com uma kunai nas mãos. Era o chuunin. –
Seu maldito! Vou matar você! – Gritou o ninja. Recuperando-se antes do segundo ataque, o nuke girou com agilidade e utilizou seus braços para se levantar num só movimento. –
Você pode tentar! – Desafiou, juntando as mãos num rápido selo para enviar chakra ao cérebro do inimigo antes que este percebesse.
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Você vai pagar pelo que fez ao nosso companheiro! – Reclamou um dos genins do outro grupo que agora o cercava pela retaguarda. O mais afoito saltou sobre ele sacando uma katana, enquanto o chuunin já preparava outro relâmpago para fulmina-lo.
Será engraçado. – Pensou ao rodopiar e chutar o genin lateralmente. Nesse exato momento o raio foi disparado, terminando por atingir o garoto. Seu grito ecoou pelo deserto, deixando Goshi estático pelo ocorrido. Ele tinha certeza que tinha mirado no invasor. –
Não! Um genjutsu! – Reclamou ao perceber que sua mira estava comprometida pelo genjutsu que o fazia ver ao contrário.
Juntando as mãos num selo para tentar desfazer o genjutsu, Goshi deixou que o último genin o atacasse. –
Doton: Doryū Taiga! – Gritou o rapaz, fazendo um mar de lama surgir a partir da margem do lago, tentando engolir Daisuke que levou o punho com toda força e embebido com chakra contra o chão. A explosão de seu Okashô destruiu por completa o piso e a sustentação da lama que se dividiu entre os vários pedregulhos que se elevaram alto no céu. –
Que poder! – Reclamou o chunnin, tentando escapar da explosão de força quando percebeu o brilho das linhas shinobi envolvendo seu corpo.
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Amakudari (Descida dos Céus)! – Gritou Daisuke, puxando o chuunin com toda força de seu chakra, fazendo-o rodopiar no ar e finalmente se chocar contra o solo em pedaços. O impacto deixou uma pequena cratera, onde no centro o chuunin já descansava inconsciente. –
Comandante! – Exclamou o último ninja, recuando uma perna prestes a fugir. O monstro de metal então olhou para ele friamente e sorriu. Aquele olhar estranho assustou ainda mais o garoto que ainda teve coragem de atingir o chão com sua mão, comandando dezenas de kibakus fuudas saltarem contra as pernas do nukenin.
Merda! – Pego de surpresa, o Hiroshi ainda tentou usar chakra para teleportar quando a explosão arrancou suas duas pernas de marionete. O genin o pegou de jeito. –
Não é tão valente agora, né? – Provocou o garoto, caminhando na direção dele. Enquanto isso, Daisuke se arrastava na direção da última caixa fingindo estar desesperado. Juntando as mãos numa cadência de selos, o nukenin enviou chakra para o cérebro do rapaz, criando uma ilusão de que várias tarjas explosivas o cercavam. O genin saltou na direção da duna para escapar da ilusão quando Daisuke surgiu ao seu lado, usando a primeira kunai que atirara. –
Ai não! – Arrependeu-se de ter caído na armadilha. Era tarde demais.
Sorridente, a máquina fechou o punho e desferiu um fortíssimo soco no joelho direito do garoto. O osso estalou e ele caiu gritando de dor. –
Não está mais confiante agora, está? – Provocou. O menino chorava com a chegada da morte, tentando se arrastar para longe do nukenin que furioso conseguiu puxá-lo para juntar chakra num outro soco direto no queixo. O genin perdeu a consciência e parou de gritar. Agora Daisuke estava sozinho. Danificado, mas sozinho. O combate terminara. Então, terminando de alcançar o pergaminho, o nuke fez mais um selo e usou chakra para enviar a última caixa ao seu esconderijo, quando enfim usou o hiraishin para acompanhar a mercadoria. Agora precisava usar as peças para se consertar...
FIM
Assunto: Missão Privada - Repondo o Estoque 
Dom 9 Ago 2015 - 1:38
