Os raios solares cintilavam em minhas pupilas, a alegria de um novo dia tomava conta e a disposição se renova a mais um dia complicado. Aprumo os equipamentos e a roupa, delicio as frutas frescas do meu quintal, meu higienizo e estando pronto, despido do meu avô, dando-lhe um beijo à testa e um bom dia. Saio de casa, agilizando os passos, enquanto, noto o alvoroço rotineiro de Suna, comerciantes brigando, mulheres vendendo flores e cachorros fuçando seus fiofós, nada muito diferente. O clima era calmo, além do comum mormaço por conta da nossa localização, havia poucas nuvens e aves no largo céu. De repente avisto o campo de treino habitual, cheio de ninjas e aspirantes a ninja logo na entrada com seus familiares e um lugar ao fundo, vazio, embora repleto de equipamentos de treino, o local de meus treinos com meu sensei. A partir do caminhar lento e apreensivo sobre o que haveria para hoje, deparo-me com meu sensei a ler um livro desconhecido na mão destra e a brincar com a argola de uma kunai, eram movimentos giratórios alternados entre horário e anti-horário. Sem mesmo me receber adequadamente, arremessa agilmente aquela kunai maldita na direção do meu rosto. Ao se aproximar o bastante, encaixo meus dedos em sua argola, mas em instantes a mesma já não existia, um conômetro aparecia em seu lugar, cai confortavelmente na palma da mão destra...
- E o que seria isso ? (Smelost)
- Suponha – retrucava o sensei a espera de um inteligente resposta.
- Creio que haverá um corrida aqui, no circuito que eu criei...Ahh... Quer que eu corra.
- Então essa era a razão de criar o circuito, legal !
- Qual é a meta ?
- Quero testar seu pontecial, sua resistência
- Dê 500 voltas nesse circuito
- Mas o que ?! – Refutava assustado com o esforço a ser feito
- Não vou repetir... E lembre do que fazemos antes...
- É pra já ! – A voz era desanimante e triste
Imediatamente após falar, começo a alongar-me, estirando cada musculo do corpo de forma prolongada, pescoço, braços, pernas, quadril entre outros.  Feito isso, repito os movimentos do treino anterior, com intuito de aquecer os músculos antes de seguir ao circuito, como me ensinou meu mestre: é preciso, para evitar lesões.
Antecipo-me ao comando do sensei, com o aperto do botão macio do cronômetro, permitindo a disputa entre os números crescentes e, a passadas médias, saio em disparada na caminho cavado por mim. A velocidade acrescia em progressão geométrica, a resultar num menor tempo para cada volta, no entanto, percebia a respiração cansando, os pulmões se ofegando no desgaste, e as pernas clamando por descanso. Soma-se a isso, o suor cada vez maior, a camisa pesava com sua umidificação, e a sovaqueira só era mais oderenta. Apesar destes empecilhos, sabia da importância da conclusão da meta, com consequências futuras importantes, além do gosto saborosa em demonstrar meu valor ao sensei...
- Percebo seu desgaste, provavelmente não chegará ao final- Aconselha o sensei
- Seja prudente e equilibre sua corrida: Nem muito lento, nem muito rápido
- O...k...Sen...sei – respondia ofegando bastante
Compreendia seu conselho e o ponho em prática, evitando os dois extremos da situação talvez fosse possível finalizar a prova, no entanto, o esforço agigantava-se com o decorrer do percursso. Até que, de repente, avisto o mestre, se deliciando lentamente com uma garrafa de água, cresce em mim o desejo de pegá-la, para os mais fofoqueiros aquilo se resumia a olho grande, e o olho não tirava este foco...
- Professor, me dê um pouco
- Não, continue !
- Aff- indignava-se a baixo volume
Não tinha nada a fazer senão tentar retirar aquilo da cabeça, embora fosse difícil. Pelo menos, aquela situação me fez esquecer um pouco o desgaste, que logo volta ao retornar o intuito à finalização da prova.
Teimosamente a vontade fluía fortemente por mim, o desejo se assemelhava a uma atração magnética quase impossível de se vencer, e agora já sabia da resposta. Era uma mistura de desejo e sofrimento, nunca havia sentido algo tão intenso, o que seria isso ? Acreditar ser tão intensa a ponto de fazer meu sensei vê-la...
- Isso se chama tentação – Incrivelmente descrevia
- É o maior obstáculo de qualquer ninja e pessoa
- Vença-a e se revestirá da melhor armadura possível
- A psicológica...
“É isso, vamos lá !”
Uma luta psicológica travava-se naquele momento, algo novo para mim, enquanto, apoiava-me nas palavras do meu tutor fielmente, uma das minhas características, fidelidade, as vezes uma vantagem em outra não. A vitória ia se formando, ao motivar-me com a imagem da armadura que se forticava ao passar dos números do aparelho de contagem do tempo.
480 voltas se completavam de acordo com meus cálculos, estava nas últimas tanto mentalmente quanto fisicamente. A dúvida rondava minha cabeça se iria ou não terminar, embora determinasse a mim que daria o máximo. A tentação já esfria, enquanto, o sensei fazia de tudo para que retornasse, uma vitória com certeza, para mais um dia complexo. O suor alterna-se em evaporação e transpiração, a roupa se encontra em pleno nojo, o músculo latejava ameaçando dar câimbra, se não fosse pelo alongamento e aquecimento, de certo já teria paralisado. Assim que falta uma volta para o fim, utilizo de toda a força quanto possuía, para um gran finale, a fumaça subia...FIM...
- Mais 500 voltas, meu jovem
- O que você quer ?
- Se for matar, diga logo
- Agora
A raiva se propaga pelos nervos, as mãos se fecham tentando embrulhar o ar, mas como havia dito sou fiel e obediente, sigo não querendo, para mais uma volta reunindo forças de sei lá oque...
- Suficiente
- Hm ??
- A vida é cheia de imprevistos, não acredite que será como planejado
- Esteja sempre preparado para tudo
- Percebi a raiva em seus olhos, isso pode te destruir, isto é, ser usado contra você
- Fique preparado, e não se ire, pois irá lhe causar ações não pensadas e brechas ao inimigo
- Amanhã no mesmo horário...
Se esvaia em belas folhas verdes, me obrigando a voltar para casa sem alimento dessa vez...