O calor naquela planície agrícola era quase insuportável. Apesar da brisa matutina, Daisuke suava às bicas dentro daquela túnica preta adornadas por algumas nuvens vermelhas que assustavam os transeuntes à medida que avançava pelo País da Grama.
Espero que o pagamento valha à pena. - Sussurrava seus pensamentos de forma descompromissada. O seu contato provavelmente já estava esperando por ele naquela tarde e segundo a mensagem que recebera dele, haveria de assassinar algum figurão daquele país calorento.
Aff.. Suas reclamações aumentavam de volume quando começou a ouvir uma pequena comoção vinda de uma pequena colina por onde a trilha atravessava.
Curioso, o nukenin acelerou o passo e assim que despontou no alto da elevação, percebeu um grupo de cinco carroças que, alinhadas em fila, interrompiam o avanço dos que começavam a chegar... Inclusive o dele.
Mas que diabos está acontecendo? – Pensou ao efetuar alguns selos e utilizar seu chakra e assim manipulou seu corpo para que ficasse espalmado e, já em forma de sombra, deslizou rapidamente na direção do grupo de cocheiros que discutia calorosamente. Daisuke preferia manter a discrição naquele país, pelo menos até que sua missão terminasse. Então, ainda prendendo a respiração para não ser descoberto o nuke ouvia as reclamações dos homens que se revoltavam contra o recente bloqueio da ponte à frente.
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Quanto tempo teremos que esperar até que os ninjas cheguem?! – Dizia um.
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Não é possível que os bandidos ajam assim... À luz do dia! – Esbravejava outro.
Quer dizer que alguns bandidos tomaram a ponte e agora cobram pedágio?-
Acho que os ninjas da grama devem chegar ainda hoje. Estou com a entrega atrasada! – Concluiu o mais afoito da carreata.
Isso não era bom. Seu contato não podia esperar por muito tempo, muito menos queria enfrentar ninjas da Vila Oculta daquele país.
E agora? Daisuke pensou os prós e contras das suas futuras ações e não viu alternativas senão terminar com a interrupção da trilha para poder continuar a viagem. Então, quando percebeu que seu fôlego estava no fim, Daisuke se desprendeu da sombra da carroça mais próxima e deslizou de volta à colina quando finalmente finalizou o jutsu para revelar-se sob o sol. –
Muito bem. Vamos lá. – Animou-se ansioso por saber quantos seriam a tal turba a causar problemas. Assim, para ultrapassar o grupo no sopé da colina, o Akatsuki ativou o selo em seu pulso com chakra e invocou uma kunai.
Rapidamente um pequeno selo hiraishin surgiu na arma e se camuflou. Imperceptível. Então, fazendo mira para além do grupo, Daisuke usou toda força em seu braço para arremessar o objeto o mais longe possível, na direção da ponte. A kunai zuniu com o atrito do ar e disparou pior cima da caravana e quando o nukenin percebeu que já estava numa distância segura, usou mais uma parcela de seu chakra para ressurgir em pleno ar, onde buscou a kunai e rodopiou com grande agilidade para preparar-se para a aterrissagem quando seus pés tocaram o chão, obrigando-o a fazer um longo e ágil rolamento para evitar grandes ruídos. –
Então é ali. – Sussurrou ao se levantar e verificar a fonte de todo o problema.
Ligando as margens de um grande rio, a ponte era sustentada por grandes pilares de madeira onde dragões foram esculpidos dando centenas de voltas numa obra de arte maravilhosa unindo-se às tábuas envernizadas atadas umas nas outras por grossas cordas de sisal entrelaçadas. Coisa muito chique.
Impressionante. – Elogiava a construção quando percebeu três estanhos à beira da entrada. Não era difícil percebê-los e aquilo fez com que o nukenin ficasse com o pé atrás... –
Estranho em como eles parecem tranquilos, apesar de ser certo que seriam interceptados por ninjas da grama. – Raciocinou com malícia. –
Tem algo estranho aí. – Concluiu o raciocínio quando efetuou um sinal em cruz e dividiu seu chakra igualmente quando uma cópia surgiu ao seu lado.
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Vai lá e cai na armadilha. – Ordenou o original.
Sorrindo, a imagem recomeçou a “viagem” como quem não quer nada. Apenas um transeunte querendo passar pela ponte. Com passos tranquilos, a cópia era observada pelo original que acabava por se sentar à sombra de uma árvore que beirava o caminho. Era óbvio que poderia existir alguma armadilha, algum plano para resistir aos ninjas da grama... ou então aqueles três seriam muito estúpidos e queriam morrer. –
Haha! Veremos. – Daisuke se animou com o que estava por vir.
Se fosse eu a defender uma ponte, certamente colocaria armadilhas nas margens para evitar escapes pelas tangentes e certamente deixaria alguém na retaguarda para evitar fugas. – Raciocinava novamente, tentando entender a estratégias dos meliantes. Enquanto isso, a cópia já despontava no final da descida, quando os três estanhos se levantaram protegidos por suas capas de chuva apesar do calor.
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Para passar, é preciso pagar cem ryous! – Gritou um deles. Só que a voz não parecia tão normal. Tinha algo metalizado... Algo artificial. Mas quando a cópia respondeu apenas com um sorriso e continuou a avançar, o estranho que o alertou levantou as mangas da capa para revelar dois braços de marionete.
Clack! Clack! – Os membros se abriram lateralmente onde centenas de agulhas brotaram ameaçadoras. –
Mais um passo e você morrerá! – Comentou a voz metálica, num ultimato. Contudo, a cópia estava ali para testar a força dos oponentes e apenas juntou as mãos em rápidos selos e injetou chakra doton no solo à sua frente. A parede de lama eclodiu como uma massa protetora, ao mesmo tempo em que as centenas de agulhas cravaram-se na parede com rápidos silvos.
Boom! E a parede explodiu com um explosivo lançado pela boca da marionete que terminava por rasgar a capa de chuva para se revelar. –
Sabia! – Comemorou a cópia, saltando lateralmente com agilidade para se esquivar da próxima saraivada de agulhas lançadas pela segunda marionete que também se livrava da capa e chuva para atacar.
Três marionetes. Mas onde está o titereiro? – Raciocinava o Daisuke original, vendo sua cópia rolar para o limite das árvores quando um grande objeto de metal passou por sobre sua cabeça, fechando-se como uma armadilha mortal. A cópia ainda usou chakra para aumentar sua força e tentou abrir a armadilha na marra, gemendo com a força que desperdiçara. Mas nada aconteceu. O metal não se moveu, mas logo algumas tarjas explosivas se incendiaram no interior.
Boom!Lá de cima o verdadeiro Daisuke viu toda a ação e ficou admirado em perceber que a tartaruga não sofreu nenhum dano aparente.
O construtor dessa marionete é experiente. E todo titereiro experiente se camufla no local mais improvável. –
Embaixo da ponte. – Sussurrou, retirando o tapa-olho para usar seu sharingan e verificar se existia mais alguma presença de chakra nos arredores, mas não havia nada. –
Agora é minha vez. – Disse o Akatsuki, disparando em velocidade em diagonal, atravessando a floresta quando saltou com agilidade até o rio, onde equilibrou seu chakra para seguir em disparada na direção da ponte. Ele sabia que se o titereito estivesse embaixo da ponte, ele o veria se seguisse pelo rio, contra a corrente. E foi isso que fez, juntando as mãos em mais alguns selos para moldar a luz ao seu redor e se camuflar com o ambiente. Agora estava invisível.
O vento açoitava seu cabeço à cada passada e não demorou muito até que começou a visualizar a ponte e a ouvir algumas súplicas logo acima.
Ótimo. Alguma caravana está tentando passar e o careca estará ainda mais distraído. – Ele comemorou e rapidamente seu olho esquerdo encontrou o alvo. Era um sujeito baixinho e careca que, apoiado a uma das vigas de sustentação, parecia falar numa espécie de microfone que certamente utilizava para negociar com os explorados.
Touchê! E nesse momento o nukenin invocou uma linha shinobi, arremessando-a com toda força contra a perna do titereiro distraído, puxando-o bruscamente para baixo. –
Argh! – O outro gritou ao cair desajeitadamente na água.
Splash! Mas Daisuke já estava na sua cola, usando chakra no punho para atirá-lo contra a água num poderoso Okashô.
O estrondo fez a água toda ao redor ascender um espetáculo de destruição. Desesperado, o careca já estava no ar novamente, enviando seus fios de chakra para buscar as marionetes em sua defesa. Contudo, Daisuke não pretendia aguardar mais. Estava atrasado em seu compromisso e aquilo teria que acabar naquele momento. Então, no momento da descida do adversário, Daisuke rodopiou agilmente, chutando-o no peito com um golpe ascendente.
Tum! O outro foi jogado novamente na direção dos fundos da ponte já inconsciente, quando o Akatsuki invocou um papel pegajoso e o arremessou exatamente no momento em que houve o choque. A ponte estrondou com as costas do elemento, que terminou grudado à uma das vigas. Ele levaria no mínimo uns dois dias para se libertar dali. Agora era só destruir as marionetes para que ele aprenda a não fazer mais isso.
FIM!