A vila começava a surgir por detrás dos pequenos montes, sendo já possível ver onde começava e onde acabava. Não parecia ser muito grande, provavelmente o suficiente para 5 ou 10 famílias morarem, parecia um sítio acolhedor, mas a distancia era enganadora e não se sabia o que esperar, pensava Vitan enquanto avançava a grande velocidade.
Saltaram do topo de uma cascata, aterrando nas águas frias do rio, avançaram pelo rio que supostamente alimentava a vila.
- Este rio vai dar a vila, vamos. – Disse Murimoto.
- Sim!. – Assentiu Vitan, seguindo-o. O chapinhar da água era o único ruído que se ouvia, o som constante e monótono começava a entrar na cabeça de Vitan, parecia até que começava a ouvir mais chapinhar do que era suposto.
- Este ruído já me esta a dar a volta a cabeça. – Olhou para trás, mas não havia nada para ver. – Já ando a ouvir coisas. – Saltaram por entre um emaranhado de arbustos, saindo numa cambalhota. Á sua frente, um enorme painel elevava-se, suspenso por dois postes laterais, no painel lia-se:
“ Bem Vindos a Tanigakure.”
- Tanigakure… - Disse Vitan em voz baixa.
- Sim. – Confirmou Murimoto.
Vitan engoliu em seco, á medida que entrava pelo portão principal da vila, o portão estava enferrujado e mal tratado, como se ninguém ali fosse à vários anos, o pequeno muro que envolvia a vila, estava repleto de musgo e a precisar de uma pintura nova. Vitan empurrou o portão, o portão rangeu num ruído triste, por alguém a despertar de um profundo sono. O portão abriu-se, e aquilo que Vitan viu ficou muito aquém daquilo que Vitan imaginava. As expectativas de Vitan caíram por terra ao ver uma vila completamente negra e cinzenta, a cor que Hiagushi havia falado havia simplesmente evaporado.
- Eu sabia que era demais a vila ainda ter algum esplendor. – Disse Vitan num tom inconformado. Avançaram pela vila, a vila não tinha ruas, as casas pareciam dispostas quase ao acaso, mas numa vila de trabalho dedicado especialmente ao campo quanto mais espaço houvesse melhor, por isso a disposição talvez não fosse tão ocasional como isso, numa segunda analise via-se que as casas tinham a mesma área, permitindo assim aos moradores criarem os seus animais ou plantarem as suas hortas. Hortas essas que não passavam de terra poeirenta e infértil.
Tudo na vila tinha um aspecto febril, as casas, sem tinta, escondiam o esplendor de há muitos anos, decadentes e praticamente em ruínas, as paredes esforçavam-se para suster os esburacados telhados. Ao avançar por todo aquele cenário cada passo se tornava mais difícil. De súbito, Vitan distraído tropeça em algo, fazendo o cair.
- Mas que raio… que isto? – Vitan começou a afastar a terra, para destapar o que provocara a sua queda. – Um…Um…Um… ESQUELETO! – Vitan caiu para trás, perplexo ao ver aquelas ossadas humanas mesmo à sua frente.
- Um esqueleto? – Perguntou Murimoto, aproximando-se.
- Sim.
- Coitado… com certeza uma das vitimas da maldição do Shinigami.
- É o mais provável. Então é verdade, toda a vila foi morta, sem dó nem piedade…
- Sim, não me digas que ainda alimentavas algumas esperanças.
- Cá no fundo sim…
- Já sabias o que irias encontrar… morte, e nada mais que isso…
- Sim… mas há algo mais que vou encontrar para além de morte, eu sinto-o… gostava de saber onde era a minha casa…
- Eu acho que sei onde é.
- Como? – Perguntou Vitan com uma nova esperança.
- O Sr. Hiagushi disse-me mais ou menos onde era, eu acho que consigo chegar lá. Ele disse que era a segunda casa, da segunda rua quando se parte da praça.
- E onde á a praça?
- Segue-me. – Entranharam-se para o interior da vila, saltando de telhado em telhado, viam no chão ossadas de animais e humanos, e outras que não faziam a mínima ideia do que seria.
- Nunca ninguém veio à vila? Ver o que tinha acontecido?
- Não, todos tinham medo de ser amaldiçoados pelo Shinigami, então foi proibida a entrada na vila. Somos as primeiras pessoas a entrar na vila 17 anos após o incidente.
- Não admira que esteja neste estado…
Caminhavam de telhado em telhado, quando Vitan se apoio no telhado de uma casa, cedeu com o seu peso, fazendo-o cair desamparado no interior da casa.
- Fogo, tava a ver que ia desta para melhor…
- Boa, achaste-a! – Disse Murimoto ao entrar pela porta.
- O que?
- Como sabias que era esta a casa?
- Não sabia…
- Tens queda para adivinhar. – Murimoto começa a rir-se.
- Aha, que gracinha… - Vitan levantou-se, apoiando-se numa mesa a seu lado, que começou a estalar. – QUIETA! Não te partas se não eu caiu outra vez! – Gritou Vitan para a mesa. Olhou para a mesa, onde estava uma velha moldura, com o vidro cheio de pó, com uma mão, passou-a pelo vidro, revelando a foto que se escondia dele. Duas pessoas, um homem e uma mulher estavam abraçados, sorrindo alegremente para a foto, notava-se a felicidade nas suas caras, o céu estava azul, e a paisagem verdejante, havia paz naquela foto. Vitan tirou a foto da moldura, olhou-a uma última vez, e começou a dobra-la para a por no bolso, quando viu que algo estava escrito nas costas.
“ Que a Vida em Tanigakure floresça como uma flor na Primavera.”
Vitan, colocou a foto no bolso e saiu para a rua, não dizendo uma palavra.
- Encontras-te o que querias? – Disse Murimoto.
- Ainda não…