... Após cuspir em direcção da janela envidraçada, uma pequena bola de fogo havia-se formado e colidido com a mesma partindo-a em mil pedaços, o alinhamento do rapaz havia sido também descoberto, era Katon... Como um dragão.
- Eu sabia! – O loiro gritou, e sem hesitar saltou pelo meio das chamas que ainda não se haviam extinto na totalidade. O seu descuido havia-lhe criado algumas queimaduras pelo corpo, mas nada com gravidade. A criança tinha maior problema com que se preocupar... a altura...
Foi então que se deu iniciativa ao momento do desespero , os olhos azuis da criança fixavam-se abertos naquilo que existia para lá da janela envidraçada do mesmo hospital. Ao fundo do corredor era audível um grito de desespero por parte dos médicos, enquanto que observavam a criança cair sem nada poder fazer. O ambiente estava chuvoso como sempre em kirigakure, e como que por milagre esta mesma chuva havia acalmado as ligeiras queimaduras ao longo do tronco do rapaz. Porém, nada conseguiu evitar com que o mesmo continuasse a cair desamparado em direcção ao solo frio de kirigakure. Uma queda violenta fez-se ouvir pelas proximidades, e por breves momentos só se conseguiu observar poeira juntada a pedaços de madeira que se haviam soltado com o embate da criança.
- Que dor.... – Afirmava o loiro queixoso com a mão sobre as suas costas, ao mesmo tempo que se tentava levantar em esforço. Eram notáveis os ferimentos que se manifestavam ao longo do seu corpo, mas os mais assustadores eram mesmo as cicatrizes gémeas que ocupavam mais de metade das suas costas.
Ao mesmo tempo que o loiro se levantava, conseguiu observar junto a seus pés algumas maças que haviam rebolado com a mercadoria destruída – Não podia ter calhado em melhor altura! – Exclamou a criança com certeza, antes de começar a trincar maça a maça com alguma pressa. Este que rapidamente mudou a sua expressão de satisfação, quando observou um homem alto por entre a poeira ainda não desfeita na totalidade. Este que aparentava estar algo irritado com as suas mãos a cobrirem a sua cintura, enquanto que observava o pequeno a comer os seus produtos – Ups... – Foi a última palavra dita pelo loiro, antes de retomar à sua corrida que aparentava não ter fim – Muito obrigado pela comida – Gritou o loiro em tom de agradecimento, ainda com duas maças em mãos que trincava ao mesmo tempo que corria. O seu gesto de agradecimento só havia irritado ainda mais o homem, que sem hesitar começou a projectar as mais absurdas ferramentas que lhe viessem às mãos – Não agradeças depois de roubar, pirralho!
Pensamentos passavam agora pela mente do loiro, a preocupação pelo que se havia passado durante todos estes anos que havia permanecido deitado numa cama de hospital, bem distante do mundo dos vivos. Mas por outro lado tinha que descobrir as explicações para tal facto, a sua mente permanecia fraca tal e qual como o momento em que o mesmo acordara, poucas explicações havia arranjado desde então... Tinha que sair daquela vila o mais rapidamente possível, as memórias passadas faziam a criança lembrar-se da caverna mais próxima, em que costumava habitar com aquele a quem chamava seu pai.
Por outro lado, pouco ou nenhum tempo tinha para pensar. Uma nova figura, desta vez feminina com um arco de madeira às suas costas, se manifestava por entre a população. Esta que aparentava ter à volta de 9 anos de idade, com os seus belos cabelos ruivos que realçavam bastante bem a cor dos seus olhos esverdeados, algo que fez o loiro engolir em seco por segundos.
- Aquilo é que é uma rapariga? – O rapaz olhava-a espantado, era a primeira vez que via uma. Era bastante bela e o formato do seu corpo aparentava ser diferente ao de um rapaz. Um olhar assustado fez-se notar nos olhos do rapaz de cabelos loiros, quando a rapariga libertou o arco de suas costas e o apontou na sua direcção. Um tiro certeiro a tão curta distancia poderia muito bem matar.
- É hoje que eu vou mostrar ao bando que também sirvo para a caça – Afirmava a ruiva enquanto dava balanço a uma flecha com uma ponta de metal, o seu olhar destemido era lançado em direcção ao tronco do rapaz, porém, no momento de atirar esta havia fechado os olhos por segundos e desequilibrou-se de seguida. Algo que a fez falhar redondamente o alvo e mandar a seta numa direcção completamente diferente à destinada.
Esta havia passado de raspão à perna direita de um rapaz de cabelos castanhos. Este que por sua vez caiu de imediato para trás com o susto e começou a tremer por todos os membros do seu corpo, enquanto que pequenas gotas de sangue escorriam pela sua perna ferida. Uma das características que mais identificavam este sujeito eram as longas ligaduras que cobriam cada um dos seus membros.
Uma mulher já de idade correu em direcção à criança ferida, pela sua atitude, só poderia ser a sua mãe - Hitoshi estás bem? – Perguntava a mulher assustada enquanto encarava o seu filho nos olhos, este que por sua vez havia evitado o contacto com o seu olhar. Um ar tristonho era notável no rosto desta criança enquanto que a mesma perguntava agora com seriedade – Mãe... Eu vou morrer?
- Não, foi só um tiro de raspão filho– Explicava a mãe, embora Hitoshi não parecesse convencido de todo.
Entretanto Dagatsu não podia perder mais tempo ali parado, tinha que aproveitar o facto da atenção por parte da população estar agora concentrada naquele miúdo e retomar à sua fuga. A causadora do transtorno estava destemida a ir atrás de si, algo que apenas apenas foi impedido por uma mão adulta que havia agarrado o pulso da jovem impedindo-a de prosseguir.
- Não achas que já arranjaste confusões suficientes, Akira? - Questionava uma voz masculina também ele com um arco às suas costas. A rapariga olhou para baixo desviando por momentos o olhar irritado do seu pai, esta sabia que estava agora em problemas.
Dagatsu já distante, concentrava agora uma minoria de chakra em seus pés que o permitiu subir até ao topo da casa mais próxima de si, lá de cima era agora muito mais simples de verificar a direcção certa que o levasse à saída daquela vila.
Já ninguém o perseguia, devido ao facto da população local estar mais preocupada com a criança ferida. Após saltos curtos de casa em casa, o loiro estava cada vez mais perto do seu destino, ao longe avistava os grandes portões da vila cada vez mais próximos de si, o seu olhar manifestava sofrimento, os poucos ferimentos desde que decidira escapar causavam cada vez mais dor, mas este estava determinado a ir até ao fim.
- Glaurung... Será que estás bem? – Era a única pergunta que o fazia ignorar quaisquer dor.
Este que saltava agora em direcção ao solo uma vez mais, os portões estavam agora a menos de dez metros da criança, um sorriso típico da sua idade cobria o seu rosto enquanto que corria alegre em direcção à saída. Foi então que uma nova figura se manifestava à sua frente impedindo-o de passar, este que mantinha um hitayate a atar os seus cabelos castanhos, o seu colete ninja fez o loiro pressentir que o sujeito à sua frente era bastante mais forte daqueles de quem havia escapado anteriormente.
- As confusões acabaram aqui... Tenho uma pessoa que quer falar contigo – O loiro ignorou e saltou em direcção ao sujeito sem quaisquer medos. O seu punho rapidamente se incendiou acabando por atingir o tronco do ninja que por sua vez nem um passo recuou. O único efeito do seu ataque haviam sido os ligeiros cortes na sua mão anteriormente incendiada.
- O que foi isto? – Perguntava o loiro confuso antes antes de recuar. Observou por momentos o moreno a tocar ao de leve no chão, e antes que pudesse sequer respirar, já um cilindro de vidro o rodeava, impedindo-o de fugir.
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Faz tempo desde que não lanço outro filler, mas agora nas férias tenho mais disponibilidade para prosseguir com a minha historia (=