Um novo dia que iria marcar a minha vida. Aquele era o primeiro dia sem o meu pai, sem o meu herói. Não conseguia acreditar no que estava acontecer, mas o que me mais custava acreditar era na maneira como ele tinha morrido. O meu pai estava sempre numa equipa de mais de três, ou até quatro, shinobis. Como é que no meio de uma emboscada ele foi o único a morrer? Aquilo não entrava na minha cabeça, mesmo que muitos afirmassem e confirmassem a mesma história. O funeral deveria estar a decorrer naquele preciso momento, mas eu não queria lá estar queria refrescar a minha cabeça. Então resolvi, naquele dia chuvoso, ir até onde as minhas pernas me levassem. Elas me levaram para a densa floresta, não se ouvia ninguém, e bem lá no fundo ouvia-se um sino. Poderia até ser meio dia, ou até menos, mas para mim tudo já estava escuro como a noite. Eu sei, que se o meu pai me visse naquele estado iria pedir para eu avançar com a minha vida, e levar a sua memória no coração. Mas a morte é uma coisa muito complicada de ultrapassar, e para além disso, este era o meu primeiro desafio. Neste mundo, eu sabia que a morte nos poderia bater a porta em qualquer fracção de segundo, mas o que também não sabia é que poderia doer tanto. Eu já tinha idade para conseguir ultrapassar, era o que muitos me diziam, mas eu apenas tinha a idade para ultrapassar e não a coragem. Deixei o meu corpo cair e no chão de relva molhada, eu fiquei.



Ouvi passos aproximarem-se. - Deixa de ser assim. - era Agni. Ele devia estar-me aproximar. O meu cabelo estava molhado, e chuva já era mais intensa. Ele estava ali, normal da vida dele, também era de Amegakure. Sentou-se perto do meu corpo e fixou o seu olhar no horizonte. A cara dele, debaixo da chuva, era mais linda. Sem dúvida era perfeito, bem esqueci-me de avisar, sou apaixonado por ele desde sempre, mas ele não sabe e também não digam nada. O certo é que desde sempre nós eramos muito chegados, tudo que Agni fazia eu também fazia. Portanto era normal aquele sentimento, não sabia se era mútuo mas também não queria saber. O certo, como estava a dizer, ele estava ali sentado a olhar para o horizonte, com um sorriso na cara. - Olha para ali.. - apontou para o monte de Hokages, e uma vez mais aquele monte estava na nossa conversa. Eu levantei o meu tronco e fixei aquele monte, sem saber bem o que ele me queria dizer. Ele soltou uma gargalhada, e sem tirar os olhos do monte disse. - Primeiro Hokage, ele na guerra para formar esta vila perdeu muita gente, e muita gente que ele amava. Mas não deixei de ser quem era. Segundo Hokage, irmão do primeiro Hokage vendo o seu irmão a morrer, ganhou mais vontade para seguir o seu caminho. Terceiro Hokage, sem dúvida que foi um grande Hokage, morreu muitos ninjas que ele apreciava, mas ele continuo sempre. Olha, até o Naruto o sexto Hokage. Perdeu o seu melhor amigo, nasceu sem mãe e sem pai, e ao longo do tempo foi perdendo para as diversas batalhas pessoas da sua confiança e pessoas que nutriam um grande apreço e carinho por ele. Mas ele mesmo assim, continuo o seu sonho. Ser Hokage. - Ele nem precisava de falar mais, eu sabia onde ele queria chegar. Ele queria-me dizer apenas isto, continua o teu sonho. Pois todos neste mundo perdemos alguém, mas perder alguém pode significar duas coisas, para as pessoas fracas é perder uma identidade para as pessoas fortes, é ganhar algo mais.



Olhei para a cara dele, e soltei um sorriso. Ele sorriu para mim, tinha conseguido o objectivo dele. O objectivo dele era deixar-me feliz, e ele sempre tinha conseguido isso. Eu não tinha como agradecer, porém aproveitei o momento. Aproximei o meu rosto do dele, e envolvi os meus braços no seu pescoço, soltando-me para um pequeno e rápido beijo. Apanhei-o desprevenido, deixando-o um pouco vermelho de vergonha, levantei e sacudi as minhas vestes que agora estava molhadas. - Obrigada Agni. Obrigada. - Eu tinha de fazer o que tinha de fazer naquele preciso momento, eu tinha de avançar e procurar saber todas as respostas, e graças ao Agni eu tinha ganho força para isso, portanto naquele mesmo dia eu precisava de avançar. Posto isso, rapidamente avancei até ao grande edifício, o edifício do Hokage. Não quis saber quem estava lá dentro do escritório ou não, apenas entrei. Hokage Loki estava a retirar as suas vestes negras, provavelmente tinha acabado de regressar do funeral do meu pai. Eu fiquei a olhar para ele, e ele olhou para mim. Com a sua mão fez um sinal para avançar e para fechar a porta, obedeci e fiz isso. Sentei-me na cadeira, e com o olhar fixado em Loki - Quero saber o que aconteceu com o meu pai. - perguntei.



- Querida Ayako, acho que tu já sabes. - Respondeu ele sentando-se na sua poltrona. Eu já sabia da história, mas não queria acreditar. Era mais dura que qualquer outra pessoa em Konoha, portanto eu tinha de saber a verdade. E a razão pela a qual eu estava a ser dura, era porque a história não estava a bater certo, nada daquilo que me contavam fazia sentido. - Hokage, por favor. Diga-me, dizem que o meu pai morreu numa emboscada, numa emboscada a cinco pessoas e apenas uma morre, e as outras chegam sem ferimentos? - O que eu tinha acabado de dizer, parou para pensar. Sorriu, eu achei estranho aquela reação e fui então que ele estalou os seus dedos, e encolheu os ombros. Revolta, eu tinha-me que revoltar. Hokage poderia ser o homem mais forte da vila, mas não me iria calar perante um chefe de vila que promete defender os seus habitantes e praticamente não o faz, e quando exigimos respostas ele apenas encolhe os ombros? Bem, vendo por este lado, não ele não é o homem mais forte da vila, apenas um cobarde que se esconde por detrás de um título. - COMO HOKAGE DEVERIA DAR RESPOSTAS, NÃO ENCOLHER OMBROS. NÃO PASSA DE UMA FARSA, CALOU! NÃO ME PEÇA PARA O RESPEITAR, NÃO ME PEÇA PARA O ENCARAR POIS PESSOAS COMO VOCÊ, NEM NESTA VILA DEVERIA AQUI ESTAR. VOCÊ ESTÁ DIARIAMENTE A MANCHAR A IMAGEM DOS HOKAGES! - Gritava eu. Estava completamente furiosa, pois aquele homem não me dava respostas, e se ele não cumpria o seu lado de tarefas, eu também não o tinha que respeitar. Rapidamente várias pessoas chegaram ao gabinete, e uma mão não muito pousada pousou no meu braço - Ainda bem que chegaste Naruto. - Disse Loki.



Naruto afastou-me daquela sala, e nem falou para mim. Sentou-me e desapareceu, rapidamente por trás dele, apareceu Hinata. Uma Hyuuga muito conhecida em Konohagakure, Hinata era uma amiga da minha mãe e uma conhecida minha. Com o seu ar tímido cumprimentou-me, e rapidamente explicou tudo que se passou. - Loki apenas encolheu os ombros, pois ele estava a espera que eu, ou o Naruto chegássemos. Achas que ele também não estranhou o facto de o teu pai ser o único a morrer? Algo aqui está mal, e visto que estamos em tempo de guerra. Loki não te poderá ajudar muito, portanto aqui estou eu. - Hinata também deixou claro que poderia ser uma missão um pouco extensa, portanto tínhamos de estar preparadas pois íamos numa viagem de investigação e poderíamos encontrar de tudo. Por fim, Hinata alertou. - Sabes que é mais preocupante? O teu pai tinha os olhos tapados com um adesivo, e acho que podes concluir porque.. - Tinham retirado os olhos ao meu pai, pois aqueles olhos criavam inveja a qualquer um. Hinata despediu-se, alertando que no dia seguinte de manhã tudo iria começar.