OFF: Acontecimentos anteriormente descritos aqui: http://www.narutoportugalrpg.com/t10306-treino-7-kimura-endo-caminhos-cruzados
Ruídos de luta se irromperam. Tão altos que o acordaram do sono forçado. Kimura tinha sangue descendo pela boca. Com respiração difícil, tentava levantar-se para se defender de mais um golpe que pressentia que viria. Não enxergava quase nada. O sangue que saía de sua testa atrapalhava sua visão, fazendo arder seus olhos. Preferiu fechá-los e apenas aguardou o inevitável. Talvez fosse àquela hora de morrer. Então entreabriu seus olhos mais uma vez. Três pessoas indefinidas se digladiavam em movimentos frenéticos que não duraram muito. Sons de dor logo irromperam e dois dos três vultos saíram em disparada, sumindo na margem da floresta, enquanto o último vulto se dirigia a ele, só então perdeu a consciência mais uma vez.
Acordou ainda zonzo de todo o espancamento. Estava deitado sob uma árvore de folhagem densa que balançava ao vento. Iluminado apenas por uma fogueira de gravetos, Kimura tentou levantar-se, pensando que a ameaça ainda não havia cessado, mas foi impedido por uma mão magra e velha. Era o velho que acompanhava seu treino, com o qual dividiu seu almoço. Sentiu um estranho calor no seu abdome e viu a outra mão do velho pousada em sua barriga. Ela brilhava com uma luz azulada que aos poucos fazia seus hematomas sumirem.
- Onde estou? - Perguntou.
- Sei lá. - Respondeu o velho.
Kimura olhou em volta e percebeu que ainda estava no antigo campo de treinamento, onde a luta havia ocorrido. Entretanto, não havia sinal dos seus agressores. Já estava escuro, e sabia que já devia ter chagado em casa. Sua mãe estaria preocupada. Tentou debater-se, mas estava sem energia. Além disso, a cada tentativa de fuga, o velho impedia seus movimentos, sorrindo com os poucos dentes que tinha. Seu hálito de bebida era enjoativo. E, de vez em quando, ele parava o que fazia para dar grandes goles de alguma coisa que carregava dentro de sua cabaça.
- Garoto, calma, se não me deixar terminar, você não poderá caminhar até em casa.
- Mas o que aconteceu? - Perguntou Kimura.
- Bom, você levou uma grande surra. Eu o salvei e agora estou te curando.
Novamente retornando a concentrar aquela energia azulada nas mãos, o velho mudou sua mão de posição, agora se concentrava no lado esquerdo do peito, onde alguns cortes rasos se fechavam e cicatrizavam com lento movimento. Era incrível. Kimura achou que estava sonhando. Talvez já estivesse morto e sua mente estava lhe pregando uma peça. Mas não. O que sentia era verdadeiro demais. Até que reconheceu o ardor que sentia enquanto era "medicado". Lembrou-se do ritual em que a matriarca havia lhe feito. Cirurgia que o fez adquirir o Nan no Kaizo. - Pronto. Terminei. - disse o velho, logo se virando para levantar, mas Kimura segurou seu ombro antes que ele fosse embora.
- Senhor, obrigado pela sua ajuda.
- Não me agradeça, você foi muito bom comigo. - Respondeu com um sorriso magro.
- Espere. Como o senhor lidou com aqueles ninjas?
Após uma pausa, o velho começa a arrumar suas coisas que estavam espalhadas pelo chão e disse: - Não os chamem assim. O que tentaram fazer contigo não foi honrado. - Terminando a arrumação, levantou-se e continuou. - Mesmo assim, você precisa melhorar para se defender sozinho. Sua postura é falha e sua técnica muito defensiva, venha amanhã pela manhã. Acho que poderei te ajudar em uma ou duas coisas. Até amanhã. - Dando as costas para o garoto, o velho se perdeu na escuridão da floresta. Kimura estranhou aquelas palavras, afinal, quem era o sujeito que o salvara? Além disso, porque e como ele iria ajudá-lo?
Muitas perguntas encheram a cabeça do genin, mas tudo passou quando lembrou que teria que ir para casa o mais rápido possível. Levantou-se com dificuldade, ainda sentindo dores nas costas e no peito, mas resistiu e andou até chegar ao destino. Lá, sua mãe já o esperava na porta. Preocupada, quis logo saber o que acontecera. Então, para não preocupá-la mais, resolveu mentir e dizer que havia caído de mau jeito no treinamento, e que havia demorado um pouco para que se recuperasse e assim retornar. Dito isto, sua mãe fez uma cara de estranheza, mas não o indagou mais, apenas deixando-o passar.
[FIM]