Jun era um garoto pobre que morava nos arredores da vila. Com um corpo musculoso para a idade que tinha, pois era consequência do duro trabalho na lavoura ajudando seus pais, tinha estatura alta, com cabelos e olhos negros. Foi com grande esforço que Jun se formou na academia ninja de Kirigakure. Entretanto, nos últimos anos sua mãe adoeceu e desde então sua família vem vendendo tudo que tem para comprar-lhe os caros remédios. Graças a isso, Jun se formou com um ano de atraso, vindo a se formar com um garoto pálido que todos achavam estranho chamado Kimura. O destino dos dois nunca se encontrou, mas uma armadilha do destino os pôs em caminho de colisão.
Certa manhã de sábado, poucos dias após a formatura, um senhor estranho se aproximou do campo de treinamento onde o Jun e o restante do time oito treinava. Por sua experiência, na ausência de seu capitão, ele tinha a responsabilidade de mantê-los na linha, entretanto, aquele dia iria mudar sua vida para sempre. Assistindo ao longe, na arquibancada, o estranho prestava atenção nos movimentos dos quatro enquanto Jun esbravejava sobre as falhas de postura dos outros três. E nisso passou-se mais duas horas. Ele começou a ficar preocupado com aquela figura que não parava de encará-lo. Então, corajoso como era, comandou que continuassem o exercício e foi até o homem.
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O que você quer? - Disse Jun após surgir ao lado do estranho encapuçado.
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Propor um negócio. - Respondeu o homem.
Sua voz era grave e ameaçadora. Jun sentiu um calafrio quando escutou a resposta. Seu peito ficou apertado quando viu que, ao movimentar-se, uma mão pálida surgiu entre os vários mantos do estranho. Ela segurava uma pequena sacola que tilintava quando oferecida ao rapaz. Jun olhou com surpresa, primeiro a mão e depois a sacola. Suando frio, ele pegou a sacola com a rapidez de um animal que ansiava em roubar a comida de quem oferecia. Abrindo-a, ele viu o que já suspeitava: moedas douradas. Jun sabia que ali, naquele saco havia uma quantia equivalente a seis meses de colheita. Só conseguia pensar nos remédios de sua mãe. Pensava na felicidade de seu pai.
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O que você que em troca? - Perguntou com receio de ouvir a resposta.
O homem então lhe estendeu a outra mão que segurava uma foto. Nela, um menino pálido de pupilas verticais sorria mostrando seu diploma de formatura. Jun o conhecia. Nunca havia conversado com ele, mas sabia que ele estudara com ele até a semana passada. Um colega de classe. –
Eu quero que ele sofra fisicamente. - Respondeu o homem mal podendo conter sua excitação. Um misto de angústia e decepção tomou conta do rapaz. Lembrou-se de seus pais. Da vida dura no campo e da dificuldade em se formar na academia. Lembrou-se que sentia inveja dos garotos mais abastados e seus materiais escolares impecáveis. Entretanto, uma pergunta saiu de seus lábios institivamente:
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E o que ele fez para merecer isso?-
Apenas faça-o sofrer. Quero-o pedindo misericórdia por sua vida. - sussurrou mais uma vez.
Jun mal podia acreditar no que estava ouvindo. Sabia do código de honra. Sabia que seria descoberto e consequentemente rebaixado. Sua consciência começava a incomodá-lo. –
E se eu disser não? - Perguntou vacilante. O homem se levantou e começou a descer a arquibancada vagarosamente. Jun, ainda de posse da sacola, o perseguia sussurrando e repetindo a pergunta várias vezes. Estava com medo. Sentia que algo não estava certo. Sua garganta seca só tornava suas palavras mais difíceis de falar. Até que o homem se virou e disse rispidamente: -
Pela segurança de seus pais. Aceite a oferta- . Logo o homem sumiu rapidamente e Jun ficou desolado. Enquanto isso, os outros já pediam instruções para os próximos exercícios.
10 minutos depois...
O estranho para na entrada de uma residência abastada onde baixa o capuz e toca a sineta. Uma senhora abre a porta e se aproxima, retirando seu manto com carinho, beijando-o a face. Ele então entra em casa e retira as sandálias, logo entrando na sala, onde senta à mesa e arruma alguns papéis quando sua esposa adentra no cômodo e o indaga sobre o que ele queria para o jantar. –
Surpreenda-me. – disse, sorrindo. Entretanto, sua feição tornou-se séria quando continuou a falar.
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Querida, onde está Kimura?-
Seu filho está a dormir novamente.-
Acorde-o. E avise que eu o mandei treinar ainda hoje.FIM