Era uma noite pouco estrelada, coberta de nuvens e dominada por uma névoa densa que cobria toda aquela vasta floresta silenciosa. Tudo parecia pacífico, ouvindo-se apenas o leve canto dos grilos, como das corujas, quando, de repente, uma enorme explosão termina com toda aquela harmonia.
No local, encontrava-se apenas uma enorme labareda gigante, de onde se via vultos no seu interior, enquanto se ouvia estridentes gritos de dor de um homem e uma mulher, rodeada por um grupo de três homens e duas mulheres, vestidos com mantos negros, que assistiam aos acontecimentos de braços cruzados.
- Como sempre um trabalho bem feito irmãos – Proferiu uma das raparigas, exibindo um sorriso de satisfação, apresentando uma cicatriz à direita do lábio inferior enquanto desatava o seu negro cabelo encaracolado e o abanava de seguida, agitando a cabeça da esquerda para a direita.
- Connosco, nada falha – Afirmou imponentemente um dos homens, careca, com a tatuagem do focinho frontal de um dragão, com a boca aberta, na nuca, passando a mão na sua barba.
- Eram estes os últimos alvos correcto? – Perguntou um segundo homem de cabelo espetado, ruivo, ao colocar as mãos nos bolsos do manto, mantendo uma expressão séria.
- Sim, eram estas as últimas aberrações – Concluiu um terceiro homem, melhor dizendo rapaz, pois este tinha um aspecto mais novo comparado aos restantes, com o cabelo cinzento comprido a reflectir a luz das labaredas, soltando de seguida uma gargalhada.
- Missão cumprida irmãos, retirar! – Ordenou a segunda mulher, de cabelo comprido castanho que formavam uma longa trança nas costas. Após estas palavras, num piscar de olhos os cinco shinobis de desapareceram enquanto os sons que vinham do interior das chamas, se havia extinguido, tal como as mesmas fizeram mais tarde, deixando apenas fumo a sair de uma carroça queimada, enquanto o sol começava a nascer, iluminando assim uma nova manhã.

Um casal de merceeiros, montados numa carroça carregada de pertences e puxada por dois burros, seguiam pelo meio da floresta, quando de repente um estridente choro se fez ouvir ao longo da estrada despertando a atenção do casal. Á medida que avançavam pela estrada, os gritos de choro intensificavam-se, acabando então por se depararem com uma carroça toda negra, praticamente em cinzas, ainda a fumegar intensamente como se as chamas tivessem sido extintas recentemente.
- O que é que aconteceu aqui? – Questionava a mulher, de cabelos longos e negros, com uma expressão aterrorizada no seu olhar cor de mel, após a sua carroça parar em frente àquele monte de cinzas, de onde saia um choro ensurdecedor.
- Não sei – Responde o homem, de cabelos espetados cinzentos e olhos verdes, confuso, enquanto saia da carroça dirigindo-se a toda aquela destruição, enquanto o choro da criança continuava – É um bebé! Está aqui um bebé! – Exclamou o sujeito, desviando os restos da carroça que se encontravam sobre um manto branco que enrolava a criança – Olha amor, é um rapaz – Afirmou, pegando a pequena criança ao colo, era um miúdo loiro, com cerca de um ano, que após se sentir aconchegado, acalmou – O que fazemos? – Questionou o homem, num tom de preocupação.
- Não o vamos deixar sozinho – Proferiu a mulher, ainda incrédula – Ele pode ficar connosco Sato – Sugeriu hesitante com a opinião do companheiro.
- Concordo, talvez este rapaz seja o sinal de um próspero futuro na nossa nova vida em Kirigakure – Comentou o homem, com um ligeiro sorriso no rosto enquanto olhava para a criança.

[Treze anos mais tarde]

- Então miúdo, é tudo isso que tens? – Questionava retoricamente um homem de cabelo cinzento comprido, preso em rabo-de-cavalo, com um olhar provocador nos seus olhos verdes, enquanto se esquivava e defendia facilmente os ataques físicos de uma rapaz de cabelo espetado loiro, que o soqueava e pontapeava a grande velocidade, dos mais variados ângulos, no meio de um largo jardim nas traseiras de uma casa de madeira.
- Não me subestimes velhote! – Exclamou o rapaz loiro, com uma expressão determinada nos seus olhos azuis enquanto sorria de excitação, agachando-se logo de seguida no meio de uma rotação do seu corpo, executando um pontapé circular em direcção á dobra das pernas do seu oponente, que apanhado despercebido, escapou num salto, ao último segundo, suspirando de alivio – Ainda não acabei! – Após dizer isto, o jovem loiro que estava agachado, projecta-se num salto e executa um pontapé circular, no ar, com a perna direita, à altura da cabeça do adversário. Este, que ainda estava no ar, sem possibilidade de se esquivar, colocou os braços à frente da cara, reduzindo assim o impacto do pontapé, acabando a projectar-se apenas uns centímetros para trás, quando caiu no chão.
- Parabéns Raiden, conseguiste fazer com que eu saísse do mesmo local pela primeira vez – Felicita o Homem de cabelo cinzento, enquanto tirava os braços de frente do rosto, exibindo um sorriso de satisfação.
- Obrigado Pai – Agradece Raiden, o rapaz loiro, no meio de um sorriso ofegante, após aterrar no chão.
- Por hoje o nosso treino está terminado, estás em excelente forma filho – Elogia o homem, enquanto passava as mãos na sua roupa, sacudindo o pó que tinha na mesma - E já agora, parabéns novamente por teres ganho isso – Congratulou Sato, o pai adoptivo de Raiden, apontando para a hitayate negra de Kirigakure que o rapaz tinha atada em torno da testa.
- Foi fácil Otousan! Na verdade, estava a espera de algo mais desafiador – Explicou o rapaz, com uma expressão aborrecida no rosto enquanto descalçava os seus chinelos á porta de casa que dava para o jardim – Aquilo foi demasiado fácil e aborrecido – Continuou o rapaz, suspirando, enquanto entrava em casa.
- O teu verdadeiro teste virá agora meu filho, a tua vida como shinobi – Pensou Sato com um ar apreensivo no rosto, enquanto via o seu filho entrar em casa.