Encontro com Junko-sama
- Junko-sama? Visita!
- Ya, ya, quem é o corajoso que vem visitar uma velha louca como eu, Niashi-chan? – uma senhora de cabelos totalmente brancos perguntava ao rapaz que com ela falava.
Ele conduzia um jovem casal, aparentemente desconhecido; mas ao olhar melhor a pequena garota que acompanhava o rapaz, sua expressão rapidamente alterou-se. Seu sorriso desapareceu, e seu olhos estavam perplexos, como se tivesse visto um fantasma:
- Sa... Sayo-chan? Que raio de jutsu é este? Edo Tensei? – a voz dela alterava-se, enquanto uma lágrima escorria do canto do olho esquerdo.
- Gomen, este não é meu nome. Chamo-me To... Tomo.
- Foste revivida minha querida? Como, quem e, principalmente, por que fizeram isso? Os mortos têm o direito de descansar – sua voz embargava-se.
- Acalme-se, Junko-sama! – Niashi preocupava-se.
- Bem, acho que o mais correcto a dizer é que chamo-me Amaya... Ao menos para vocês. – declarava a kunoichi.
O ambiente estava tenso, até mesmo Niashi, responsável pelos remédios daquela senhora, não ousava interromper aquele silêncio constrangedor. A velha encarava a gennin com uns olhos penetrantes, que gelou-lhe um pouco a espinha:
- Amaya... Amaya-chan. Céus, por um momento pensei que voltei ao dia em que tua mãe apresentou-me o inútil do teu pai. Então pelos vistos já tens idéia da tua história... Não sabia que Konoha te diria algum dia que não nasceste lá...
- Meu pai de criação nunca escondeu-me que era adotada, mas isso não vem ao caso. Eu fui seqüestrada por duas pessoas do clã, que contaram-me um pouco da história, mas por algum motivo, senti que eles não disseram-me tudo. Então resolvi viajar até aqui em busca de respostas.
- Duas pessoas do clã? O maldito do teu pai e a corrompida da tua irmã?
- Não e sim. Conheci Tsuki, mas a outra pessoa era Shinji. E eles alertaram-me sobre Aoshi, que ele era deveras perigoso. Vim até aqui na esperança de saber algo sobre ele, pois Tsuki e Shinji disseram que ele certamente viria em meu encalço, agora que despertei a kekkei genkai.
- Bem, não sei que fim aquele diabo teve, mas para Tsuki-chan alertar-lhe, boa coisa ele não planeja. Fizeste bem em procurar informações sobre ele, mas não acho que aqui consigas muita coisa, minha menina. Desde a guerra civil que não o vejo, não sei por onde anda nem seus objetivos. Mas se ele já era perigoso naquela época, hoje em dia deve estar pior. E para sua própria filha ter tido coragem para não seguir-lhe cegamente, realmente é algo preocupante. Pena eu estar presa aqui e Tsuki ser uma nukenin.
- Bem, posso deixar-lhe um recado através das corujas. Eu sei que elas monitoram-me quando eu as invoco, e relatam tudo o que faço a ela. Por isso ainda não as invoquei aqui.
- Ora essa, então tens acesso a uma de nossas kuchiyoses? – a velha perguntava, bastante interessada.
- Hai. Tsuki ajudou-me com o contrato.
- Tsuki, entendo... Bem, ainda estou um tanto chocada por ela estar agindo desta forma, de certeza que ela tem seus motivos. Eu mesma pensava que poderia estar errada, mas parece que minha teoria não é absurda...
- Teoria?
- Oh, sim minha querida! Dizem que o sangue de minha mãe era um tanto especial, não lembro exactamente o porque de ser, mas o era. Por isso Aoshi matou meu irmão, e mandou realizar uns dois atentados contra mim. É claro que ninguém acredita que foi ele, pois era um jounin pouco habilidoso, mas era apenas uma fachada. Ele casou-se com Sayo apenas por ela supostamente possuir tal linhagem especial. Ele foi um espião todo este tempo, ele traiu o clã! – Junko começava a exaltar-se, pondo um pouco de medo na gennin, que ouvia-a sem mover um músculo.
Kyoichi estava tão quieto quanto Tora. A velha senhora dava uma longa pausa, encarando-os. Parecia que finalmente notava a presença do rapaz, dando a ele maior atenção. Após uns segundos a encará-lo – que mais pareceram horas para o amenin – finalmente resolvia quebrar aquele pesado silêncio:
- Com estes cabelos azuis, suponho que também sejas do clã, hein rapaz?
- Sim senhora! – Kyoichi respondia prontamente.
- Mas és um amenin, e tão jovem... Como sobreviveste ao massacre?
- Fugi com meu pai, Aoki. Mas quando ele foi assassinado, fui trazido e deixado aqui em Ame por...
- Aoshi... Entendo. Aquele monstro deixou-te à própria sorte? – perguntava, em tom maternal.
- Ele dizia que meu irmãozinho também havia morrido, e supus na época que ele não quisesse mais um fardo na vida, já que tinha a Tsuki para cuidar. – respondia, tentando conter uma lágrima.
- Não tenhas vergonha de chorar, querido – a velha aproximava-se, enxugando com o polegar a tímida gota que equilibrava-se nos cílios de seu olho esquerdo. – Vieram mesmo em busca de respostas, mas infelizmente não possuo todas. Só sei do passado, velhos só sabem do passado – respondia, soltando uma gargalhada de seguida. – Se estão a proteger-se do Aoshi, só digo uma coisa: tenham mesmo muito cuidado. Ele já era perigoso naquela época, hoje só pode estar ainda mais. Para até a própria filha, que tanto o amava, temê-lo...
- Gomen, Junko-sama... A senhora dizia algo sobre uma teoria, sangue especial e não sei mais o quê. Não percebi bem... – a Nara tentava ter tato para a senhora voltar a falar.
-Oh, sim! Aoshi fingia o tempo inteiro ser shinobi sem grandes habilidades. Não sei que raios Sayo viu nele, dizem que o amor é cego, deve de ser a mais pura verdade... Mas enfim, haviam boatos de que minha mãe possuía um sangue especial relacionado a potencializar o Yoru no eria, ou diminuir os danos que a kekkei genkai traz... Ou era ambos? Eu agora não recordo-me bem, mas era algo do gênero.
- Entendo. Isso seria bastante útil para um shinobi... – Tora pensava alto.
- Oh, sim minha querida! Lembro que quando criança, ela reuniu meu irmão e eu para saber se tínhamos a habilidade dela, mas não. Então deixou isso de lado, julgando que o tal sangue iria morrer com ela. Depois da morte dela, surgiram boatos que isto poderia aparecer em alguns descendente longínquos, como netos ou bisnetos.
- Então...
- Sim, Aoshi casou-se com Sayo por interesse! Aquele... tsc – dava um longo suspiro, tentando acalmar-se.
Um pesado silêncio instaurou-se naquela sala. Nem mesmo Niashi ousava falar algo, ele mais era uma parede que um ser humano no meio daquela conversa sobre um clã praticamente extinto. Junko tossia um pouco, antes de prosseguir:
- Sinto muito em não poder ajudar-te mais, minha querida. Mas eu quero que saibas que fico contente em conhecer-te, e aproveito para fazer-te um pedido: Pare o seu pai! Tsuki não foi capaz de detê-lo por sempre ter sido uma cega, mas tu, apesar de filha dele, mais está para uma desconhecida! Não iluda-se, não deixe-se levar pelas palavras dele. Vingue o clã, pequena Amaya! – pedia, com os olhos marejados.
Niashi tentava acalmá-la, mas Junko simplesmente não conseguia, obrigando o pobre enfermeiro a dar-lhe uma injeção com calmantes, pondo-a rapidamente a dormir:
- Gomen, a visita acaba aqui – dizia, depois de deixar a velha senhora deitada em seu leito.
- Entendo. Podemos voltar um outro dia? – Kyoichi perguntava.
- Sinceramente, não aconselho. Há muito que Junko-sama não tinha uma crise nervosa deste nível, e isto só acontece quando ela lembra de assuntos relacionados ao clã. Entendo que procurem por respostas ou sei lá mais o quê, mas a saúde dela está em primeiro lugar. Portanto, tenham bom senso e deixem-na em paz.
- Arigatou, Niashi-san, certo? Entendo perfeitamente, e acho que já consegui algo com esta visita. Não tornaremos a incomodar a Junko-sama, e lamento que tenhamos feito isto. – Tora dizia.
- "Não tornaremos"? Como assim, não sei quanto a você, mas eu... ai! – Kyoichi agarrava-se à sua perna, que acabava de ser magoada pelo pé da gennin, que dirigia-se à saída.
(...)
- Por que raios fizeste aquilo? Quem pensa que és? – Kyoichi reclamava.
- Gomen, mas pelo que pude notar, não vamos mais conseguir grandes coisas com Junko-sama, nossas visitas trarão apenas dor e sofrimento à ela. Acho que já tenho o bastante.
- Bastante? Para quê? – o jounin perguntava, confuso.
- Tens uma identidade, Kyoichi-san. Eu tenho duas, querendo ou não. E preciso saber quem eu sou, afinal aparentemente corro perigo. Preciso aprender a enxergar no escuro, pois é nas sombras que meu inimigo esconde-se.
- Bem, não se deveria dizer-te isso, mas... – olhava-a nos olhos – Conte comigo para o que precisares. Aoshi separou-me do meu irmão, por motivos desconhecidos e certamente mesquinhos... Não posso perdoá-lo.
- A... Arigatou, Kyoichi-san! – a gennin respondia, visivelmente surpresa. – A propósito, não chame-me de Amaya... Gosto de Tora, é o nome que meu pai de criação deu-me.
- Certo, Tora-chan. Mas acho que alguém precisa voltar para casa, certo? Eu levo-te, uma garota andar por aí sozinha é perigoso.
- Ha... Hai. – seu semblante mudava, ao lembrar o quanto seus entes queridos deveriam estar preocupados. – Mas ainda tenho algo para fazer, mas tem de ser fora daqui. – finalizava, com um sorriso enigmático.
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Bem, é isso, em mais dois fillers ela já está de volta à Konoha. Quem fizer piadinha ero de uma das frases finais da minha pequena Tora leva um cascudo bem dolorido, estão avisados