- Spoiler:
- Shikamaru!
- Já sei, tio Nobuo... Tora fugiu.
- Não apenas fugiu, ela foi para Ame! Imagina, ela sozinha por esse mundo... eu vou até lá trazê-la de volta e...
- Não, tio... Ela não quer ser encontrada, e decerto ela não irá para Ame tão cedo, ela sabe que sabemos seu destino. Ela pode não ser legítima de nosso clã, mas é bastante esperta. Deixe isso comigo.
- E comigo – dizia uma voz desconhecida.
- Ra... Raiden?! – Shikamaru dizia, surpreso.
- Ya, Shikamaru. Gostaria de juntar-me a ti para trazer a Tora de volta.
- Mas... Por quê?
- Estou entediado com uma vida pacata. – o jounin dizia calmamente, sentado no degrau da varanda a comer uma fruta. – Vamos? – ele dizia, enquanto pensava “Mas que diabos, aquela garota parece-se tanto comigo... Acho que sou o único que pode compreendê-la, e vice-versa, tsc. Veremos, Tora-chan!
Shikamaru ficou um tanto surpreso com o súbito interesse de Raiden em trazer Tora de volta, mas aceitou de bom grado sua ajuda. Ele já havia auxiliado a gennin em alguns treinos, e decerto notou algo que possivelmente passava-lhe despercebido. Tratou rapidamente as pendências que tinha na vila, partindo imediatamente ao lado do outro jounin.
Ambos correram por quilômetros, até pararem num pequeno vilarejo. Shikamaru não entendia o porquê de pararem exatamente ali, mas Raiden parecia ter algo em mente. O shinobi-pintor de Konoha reclamava de fome, e insistia em comer costeletas de porco. Adentrava num estabelecimento ali perto, perguntando onde vendiam tais iguarias, enquanto alguns homens que jogavam cartas entreolhavam-se sem reação, por conta da aparência do recém-chegado: descalço, calças remendadas e uma camisola imensa (certamente para tipos bem mais fortes que Raiden). Um homem enxugava uns copos e fazia menção em chamar algum segurança, quando o Nara pousava a mão no ombro de seu colega de vila, perguntando se havia descoberto onde tinham as tais costeletas.
O homem dos copos ficou intimidado ao notar a hitaiate de Konoha no braço esquerdo do jounin, e timidamente perguntou o que queriam. Raiden repetia a pergunta feita assim que entrou no local, sendo desta vez prontamente respondido, saindo de seguida do recinto a seguir a direção indicada, que dava num restaurante. O Fuyuki mais parecia uma criança, de tanto que seus olhos brilhavam. Shikamaru acompanhava-o novamente, enquanto este comia:
- Hey garçom, estas costeletas estão uma delícia! Mas quero perguntar-te algo... Há uns dois ou três dias, alguma garotinha passou cá neste vilarejo? – perguntava ao rapaz que servia-lhe, chamando logo a atenção de Shikamaru.
- Aqui sempre vem muitas pessoas, se tiver algo que identificasse-a mais facilmente...
- Olha, ela tem cabelos azuis e olhos verdes, deve ser chamativo o bastante. Além do mais, pelos meus cálculos, ela deveria estar com bastante fome, e se não comeu aqui deve ao menos ter comprado algo...
- Ah, cabelos azuis, lembro! Um tanto nervosa, parecia estar com pressa... – o rapaz respondia, lembrando-se de Tora.
- Esta mesmo! Ora pois, Shikamaru, meu tiro no escuro foi certeiro... Arigatou rapaz, traga-me mais uma rodada de costeletas! – dizia, pouco antes do garçom retirar-se.
- Espera, então tinhas desconfiança que a Tora teria passado por aqui? – Shikamaru perguntava atônito.
- É, digamos que sim. Não sei se foi por impulso, ou minimamente calculado, mas ela seguiu diretamente para Ame. Deduzi que pela distância, supondo que ela tenha corrido praticamente sem parar, os suprimentos dela acabariam por aqui perto, então ela usaria esta cidade para abastecer-se.
- Tsc, bastante inteligente pensar que o óbvio demais seja o que ela tenha feito.
- Não o culpo, Tora é bastante esperta, certamente pensou que você julgaria que ela não fizesse algo tão estúpido. Bem, isso quer dizer que ela lá já deva estar. Talvez já tenha descoberto o que queria descobrir, talvez não. Pergunto-me se não seria melhor que ela descobrisse um pouco sobre seu passado, é um pouco saudável, não achas?
- Estás a falar sério, Raiden? – Shikamaru arqueava uma sobrancelha.
- Hai. Tora não é mais uma garotinha da Academia, Shikamaru, ela é uma gennin que enfrentou um lobo sagrado e viu um Kage morrer. Não sei o que se passou na época do seqüestro dela, mas tenho certeza que ela está a fazer isso para proteger quem ela mais ama neste mundo.
- Então, queres desistir desta missão?
- Não disse isso. Mas bem, que posso dizer, talvez eu não conheça-a há muito tempo, mas de certa forma, ela é como eu.
- Que queres dizer?
- Lembranças, apenas lembranças... – respondia, enquanto mastigava um bom pedaço de costeletas.
(...)
- Spoiler:
- Por que raios fizeste aquilo? Quem pensa que és? – Kyoichi reclamava.
- Gomen, mas pelo que pude notar, não vamos mais conseguir grandes coisas com Junko-sama, nossas visitas trarão apenas dor e sofrimento a ela. Acho que já tenho o bastante.
- Bastante? Para quê? – o jounin perguntava, confuso.
- Tens uma identidade, Kyoichi-san. Eu tenho duas, querendo ou não. E preciso saber quem eu sou, afinal aparentemente corro perigo. Preciso aprender a enxergar no escuro, pois é nas sombras que meu inimigo esconde-se.
- Bem, não se deveria dizer-te isso, mas... – olhava-a nos olhos – Conte comigo para o que precisares. Aoshi separou-me do meu irmão, por motivos desconhecidos e certamente mesquinhos... Não posso perdoá-lo.
- A... Arigatou, Kyoichi-san! – a gennin respondia, visivelmente surpresa. – A propósito, não chame-me de Amaya... Gosto de Tora, é o nome que meu pai de criação deu-me.
- Certo, Tora-chan. Mas acho que alguém precisa voltar para casa, certo? Eu levo-te, uma garota andar por aí sozinha é perigoso.
- Ha... Hai. – seu semblante mudava, ao lembrar o quanto seus entes queridos deveriam estar preocupados. – Mas ainda tenho algo para fazer, mas tem de ser fora daqui. – finalizava, com um sorriso enigmático.
Kyoichi não entendia o que se passava na cabeça da gennin, mas resolveu confiar nela. Pediu licença de alguns dias, para acompanhar “sua velha amiga” até sua casa, no País do Fogo, como disse ao líder da vila. Este por sua vez, estava tão atarefado com montes e montes de documentos para ler, revisar e assinar, que dizia “Hai!” a todo instante, e para livrar-se logo de Kyoichi, resolveu atendê-lo, dando-lhe a permissão sem sequer encarar a garota que estava em sua sala. O rapaz então pegou seus equipamentos, bem como a Nara, partindo em seguida.
A chuva que caía não era torrencial, mas forte o suficiente para circularem poucas pessoas, mesmo àquela hora da tarde – que mais parecia noite, dado o negrume trazido pelas nuvens. Mesmo coberta por uma capa e ainda amparada por um guarda-chuva, Tora conseguia a proeza de molhar-se. Irritada por estar daquele jeito inutilmente, tirava a capa e jogava longe o guarda-chuva, caminhando debaixo de fria água. Kyoichi, sem reação, apenas observava-a, enquanto ela continuava a caminhar, chamando-o quando notou que ele estava parado:
- Que há, não gostas de chuva? É bom.
- És louca.
- Ah, falas daquilo – dizia, apontando os objetos ainda na calçada. – Ele não me servem. – finalizou, voltando a andar, sendo desta vez, acompanhada pelo amenin.
Saíam da vila sem dificuldades, pois apesar da falta de passe, Tora estava acompanhada de um jounin bastante conhecido em Ame, que portava uma permissão do líder. Correram por alguns minutos, e tinham certeza de estarem afastando-se quando notaram a chuva diminuir gradualmente, até parar por completo. Estavam numa floresta, quando Tora reclamou de cansaço. A noite começava a cair, quando inesperadamente, a gennin começou a iniciar uma seqüência de selos:
- Que estás a aprontar?! – Kyoichi colocava-se em posição defensiva.
- Tens calma! – dizia, terminando os selos e concentrando seu chakra. – Kuchyiose no jutsu!
Duas corujas apareciam em meio à escuridão, o que não era problema algum para os humanos nem os animais ali presentes. Tsumetai olhava ao redor, confusa por o local não parecer em nada com Konoha, enquanto Netsu inquiria Tora acerca da invocação:
- Gostaria que vocês, assim que pudessem, avisassem à Tsuki e Shinji que estou bem... E que preciso muito falar com eles. Já devemos estar perto da fronteira com o País do Fogo, porém quero encontrá-los antes, então vou mudar minha rota para o País da Grama e encontrá-los por lá...
- Espera lá, fugiste de Konoha? – Tsumetai parecia um pouco chocada com a óbvia conclusão.
- Já vou voltar, Tsumetai-san, porém tem algo que quero tirar a limpo.
- Quem é este rapaz? – Netsu perguntava.
- Alguém... – a gennin sorria, pouco antes das corujas sumirem com a mesma rapidez que tinham aparecido. – Vamos, Kyoichi-san, para o País da Grama!
(...)
Shikamaru e Raiden finalmente chegavam a Ame. Ao chegarem ao portão principal, explicaram rapidamente o que os levaram até lá, e Shonan, amigo de Kyoichi, confirmou que havia aparecido uma garota com as descrições dadas pelos konohanins, mas que ela havia saído da vila acompanhada pelo Chinmoku havia algum tempo. Os dois jounins estranhavam, afinal, deveriam encontrá-los no caminho, mas Shonan confirmava que eles dirigiam-se ao País do Fogo:
- Ela mudou a rota, só não sei o porquê disto... – Raiden dizia, enquanto sentava-se num abrigo para chuva, próximo aos portões.
- Há possibilidades dele fazer algo contra Tora? – Shikamaru perguntava, sentando-se ao lado de Raiden.
- Que há, certamente sim, mas eu não pensaria nisto. Acredito que ele tenha dito “País do Fogo” para não dar detalhes de levá-la diretamente à Konoha...
- Bem, disseste que ela de certa forma, parece contigo... O que farias na situação dela?
- Pergunto o mesmo a ti...
- Eu não teria motivos para desviar daquele caminho... A menos que eu quisesse encontrar as pessoas que seqüestraram-me, supostamente minha família. Achas possível?
- Dependendo do que ela tenha descoberto aqui, é muito provável...
- Certamente as kuchiyoses dela têm algo a ver, afinal foi a seqüestradora quem ajudou-a com o contrato. Não parece mesmo difícil encontrá-los, mas para onde ela teria ido?
- Bem, daqui para frente, é difícil determinar o caminho que ela tenha feito
(...)
O casal de cabelos azulados já chegava ao País da Grama sem muitos problemas. Tora ainda mantinha a hitaiate de Konoha na mochila, enquanto Kyoichi guardava a sua de Ame num bolso de sua calça. Ainda era noite, dali a mais umas horas é que o sol apareceria. Não foi nada difícil para ambos perceberem dois vultos mais ao longe, figuras estas que aproximavam-se a passos lentos. Ao chegarem mais perto, Tsuki parecia um pouco zangada, enquanto Shinji estava usando a máscara, que escondia um largo sorriso ao ver Tora:
- Que pensas que estás a fazer garota? Por que raios fugiste de Konoha? – Tsuki perguntava, revoltada.
- Quem é este rapaz? – Shinji limitou-se a esta pergunta, ao notar Kyoichi.
- Tsuki-san, decidi ir até Ame saber sobre o nosso pai e descobri que este rapaz também é filho de Aoki... Que tens a dizer?
- Ky... Kyoichi? – a moça parecia ver um fantasma, dada a sua palidez. – Juntaste-te a ele, Amaya? Seu traidor, como ainda podes estar vivo?
- Traidor? Vosso pai quem abandonou-me em Ame, mesmo com o então recente massacre do clã! – Kyoichi alterava-se. – Não tinha sentido continuar lá, depois de Aoshi dizer-me que meu pai e meu irmão haviam morrido!
- Papai disse-te tal coisa? Mas Shinji e eu brincávamos no subterrâneo quando fomos atacados!
- Achas mesmo que se eu soubesse que meu irmão estava vivo, eu não levaria ele comigo? Tsc...
- Irmão? – Shinji ainda estava confuso.
- Sim, Shinji... Kyoichi-san é teu irmão. Tira a máscara, por favor – a gennin pedia.
O rapaz retirava sua máscara, enquanto Kyoichi e Tsuki ainda discutiam,deixando claro uma grande divergência entre as versões, muito provavelmente causadas pelo seu pai. Tora não entendia o porquê daquilo tudo, mas sorria lembrando-se do pai que a vida deu-lhe, Nara Nobuo. Chegaram à conclusão de que tinham sido manipulados, e acabaram por abraçarem-se, enquanto a kunoichi mais velha pedia para Shinji cumprimentar seu irmão.
O rapaz aproximava-se de Kyoichi, que abraçava-o chorando, permanecendo imóvel sem saber o que passava-se com o amenin. Tora apenas suspirava, sua viagem tinha ajudado a compreender algumas coisas, mas sentia que faltava algo. Tsuki sentou-se perto dela, deixando Shinji e Kyoichi a sós:
- Não irás desistir, certo?
- Hai. Daqui irei para Konoha, mas infelizmente sei que não tenho tudo.
- Bem, andamos juntos por muitos países, e sei que ele tem o último nível do Yoru no eria. Secretamente ele estudava um tesouro do clã, que eu tinha visto algumas vezes, e uma única vez li sobre um sangue especial que dava algumas habilidades, como retirar os inconvenientes, em especial, a fotofobia. Não li tudo, pois ele havia chegado e pego-me em flagrante, mas lembro dele pedir um pouco do meu sangue para testes. Se ele não conseguiu nada com o meu, deve achar que consiga com o seu... A última coisa que sei é que ele trabalha para uma organização. Já tentei obter informações sobre, mas nunca consegui.
As horas iam avançando, com os quatro a conversarem animadamente sobre os mais variados assuntos – inclusive Aoshi. Shinji notou que não tardaria a amanhecer, e pediu a Tsuki para irem. Despediram-se, enquanto Kyoichi acompanhava Tora, já em direção ao País do Fogo.
~~~~~~~~~~~~
- Spoiler:
Sorry pelo tamanho e a qualidade no final (realmente estava sem idéias :/ ). Foi enche-chouriços sim, mas eu não ia esquecer do Shika e do Raiden
E eles ainda vão aparecer no próximo filler
Tive de postar junto, se postasse separados ia ficar um pouco confuso