Vinte minutos depois…

-Onde está ela, onde está a Kimera? – Questionava-se Ishida andando impacientemente de um lado para o outro dentro da cozinha do esconderijo da equipa de quatro membros, responsável pela entrada forçada nas barreiras Fukeru que protegiam o escritório de Tadao, o grande objetivo deles – Já devíamos de ter algum sinal… para iniciar o plano!
Os quatro membros mantinham-se calados, Shugo por respeito enquanto os outros três revelavam preocupação nos seus semblantes. O cerco dos Fukeru ao redor da Segunda Zona mantinha-se em igual com poucas, quase nenhumas, perdas. As barreiras defendiam-nos de grande percentagem de ataques dando depois liberdade aos seus donos de contra-atacar com ainda mais força, apesar de até então os Fukeru não terem usado um único Jutsu.
-O plano da Kimera devia de ser naquela colina, “né”? – Perguntava Takumi olhando por uma janela, que demonstrava perfeitamente a colina onde devia de ter decorrido o plano da líder loira há alguns minutos atrás, que era agora banhada pelo calor do Sol que a cada segundo demonstrava o seu poderoso brilho – Não está lá ninguém, ninguém!
Mostravam-se todos desesperados, Takumi afastava-se agora da janela e começava a matutar as suas seguintes ordens ao seu pelotão de Imagawa`s, Ishida limitava-se a andar de um lado para o outro a pensar no que poderia ter acontecido à sua irmã e alguma forma de poder salva-la, Katsu pensava no mesmo com Ishida enquanto Shugo preferia afastar-se do grupo, isolando-se para depois colocar a mão sobre o ouvido direito.
-Ouviste tudo certo? – Perguntou a rapariga para ninguém em especial falando baixo o suficiente para que ninguém da casa, para além dela, pudesse ouvir – Precisamos de um empurrão…

-Sim… - Uma voz ecoava na sala totalmente escura, simplesmente iluminada por uma chama negra sobre um cálice dourado que, mesmo sendo negra, proporcionava iluminação suficiente para que o homem, autor da voz masculina ecoante e também quem respondera a Shugo, pudesse ver o que fazia – Eu vou ajudar, a tatuagem também está quase pronta, trata de abrir caminho para ele…

-Ok – Respondia secamente a rapariga afastando a mão do ouvido e reunindo-se de novo preferindo, como sempre, manter-se calada devido à sua falta de confiança com todos eles.
-Vamos ter de avançar sem ela, com ou sem plano será uma vergonha se o clã Imagawa recuar agora! – Exclamava Takumi para ninguém em especial, provavelmente para si próprio numa tentativa de organizar todas as suas ideias
O fim da Primeira Zona encontrava-se agora mais silenciado quando os Imagawa se apercebiam da futilidade que era atacar as barreiras tentando trespassa-las com os seus Ninjutsus Elementais. Tudo se mantinha calmo, mas tal calmaria não era suficiente para que os Fukeru a guardar as muralhas deixassem os seus postos. Toda esta calmaria acabava quando uma enorme sombra começava a surgir, cobrindo toda a Segunda Zona e grande parte da Primeira levando a que todos os Imagawa e Fukeru olhassem para o céu abismados. Até o grupo dentro de casa se apertava contra as janelas ao sentirem a iluminação a ficar mais fraca vendo, das suas baixas posições, um enorme cometa embebido em chamas roxas a descer dos céus em alta velocidade, não dando tempo suficiente aos Fukeru de se abrigarem pois este já atingia a gigante barreira que os defendia, evaporando-se de imediato como se ele nunca existisse.
-G-Genjutsu? – Questionavam-se alguns dos guardas Fukeru que esticavam os seus pescoços ao verem aquele estranho fenómeno que nada fizera na barreira deles – O que foi aquilo?
Toda a gente olhava ansiosa, alguns preocupados ou com medo, para o local onde aquela bola gigante se evaporara. Um fenómeno natural e estranho acontecera mas nunca ninguém ouvira falar em acontecimentos naturais envolvendo “estrelas” cadentes roxas. Aquele facto era estranho e demasiado confuso para que alguém pudesse encontrar uma explicação para tal coisa, eis então que o inesperado acontece, no exato local onde o meteorito se evaporara apareciam agora linhas roxas que se “infestavam” ao longo da superfície da barreira, crescendo como raízes de uma árvore gigante até a envolverem toda. A curiosidade aumentava gradualmente até que se ouve um pequeno estalo…
Os gritos de guerra dos Imagawa acompanhavam a barreira a ser desfeita em pequenos pedaços de vidro feitos de chakra que desapareciam ao serem engolidos por chamas roxas em pleno ar. Ninguém se perguntava de onde aquilo viera, porque é que atingira a barreira ou o porquê da defesa mais poderosa dos Fukeru se ter desfeito tão facilmente, nada daquilo importava quando os Imagawa conseguiam por fim entrar pela Segunda Zona e logo dando de caras com mais Fukeru`s, iniciando mais uma vez as hostilidades e pressão.
O grupo no seu esconderijo ainda não havia percebido muito bem, mas também preferia não pensar nisso optando por seguir o passo do clã Imagawa que avançara sem medo. Todos menos Shugo estavam conscientes do que iriam fazer, Takumi ajudaria o seu clã a chegar à torre do Kage enquanto Ishida e Katsu procurariam por Fukeru. Os planos, contudo, não correriam como planeado…
-Katsu-sama! – Vociferou um Imagawa que fazia uma vénia por detrás de Katsu mostrando-lhe enorme respeito e tratando-o como se fosse um general nesta guerra – Yuu-sama chama-o imediatamente à base, é urgente!
O Nightmare troca olhares confusos com Takumi, este que abana a cabeça mostrando que não sabia do que se tratava. Então Katsu suspira lembrando-se que tinha de salvar Kimera ou deixar tudo nas mãos de Ishida, olha para a irmã de Kimera, esta que lhe acenava com a cabeça bastante convicta de si e de que a salvaria. O peito do Imagawa enche-se de confiança acenando afirmativamente para o mensageiro e seguindo-o de imediato. Ishida, então, vira-se para fitar Takumi e Shugo.
-Vou procurar pela minha irmã, conheço bem a Segunda Zona sei bem onde ela está. Até já! – Despediu-se a Fukeru partindo de imediato numa rápida correria virando à esquerda para assim evitar a grande confusão que se instalara na estrada principal devido ao confronto entre os dois clãs. Takumi olha para Shugo.
-Parece que virás comigo… - Sorria o Imagawa todo orgulhoso pela sua acompanhante e já pensado nela como sua namorada, ou qualquer coisa assim relacionado que os comprometesse aos laços dos destinos.
A Kumokira preferia ignora-lo andando em frente, passando por ele com a maior frieza do mundo, e adiantando-se nas fileiras da frente da guerra preparando-se para ceifar todas as vidas que lhe apetecesse. Takumi abraçava os braços arrepiados por tanta frieza, excitava-lhe todo aquele lado “mau” de Shugo que só o levava a gostar-lhe mais da rapariga seguindo-a de imediato para a tentar impressionar com as suas habilidades de luta.

(parar OST se ainda estiver a dar)

Desde a emboscada por Arata e os seus Escorpiões Azuis que estes a arrastaram pelas colinas, entrando em Kusagakure e trancando a líder dos Escorpiões Verdes no plantar inferior ao rés-do-chão do edifício onde, no topo, Tadao descansava apreciando a batalha de todas as suas janelas com a maior calma do mundo. Nesse pequeno compartimento, Kimera não fora amarrada, amordaçada ou presa de qualquer modo, na verdade, fora tratada como uma verdadeira rainha pelos Escorpiões Azuis que, após um pequena conversa, se revelavam Escorpiões Verdes infiltrados na organização controlada por Tadao e como havia sido Arata a ajuda-los em tal feito.
-Continuas-me leal pelo que vejo… - Comentava Kimera confortavelmente sentada numa rústica cadeira do compartimento, de pernas dobradas e a fumar um cigarro com uma calma inquietante.
-Kimera-sama, só a senhora pode ir lá acima e derrotar o Tadao, não vou permitir que mais ninguém lá entre, Fukeru ou Imagawa! – Exclamava o homem ajoelhando-se à frente da sua senhora com todo o respeito, esta que sorria deliciada pela submissão – Tal como é o meu destino servir-lhe, o seu destino é combater e derrotar o seu pai sem nenhuma interrupção e, como tal, ajudá-la-ei na sua causa.
A adolescente então levantava-se totalmente confiante e sorridente pela lealdade que Arata lhe apresentara mesmo após tanto tempo. Não contava com esta subida reviravolta nos seus planos, pensava que seria mais complicado infiltrar-se no edifício mas, como sempre, a sábia escolha dos seus servos acabara de a compensar. Arata afastava-se, tal como todos os outros Fukeru, sem proferirem uma única palavra deixando a sua senhora subir as escadas e ir de encontro ao seu pai para porem um fim a esta guerra. A Fukeru, mediante subia as escadas, lembrava-se dos seus amigos, Ishida, Katsu, Takumi, Arata e os Escorpiões Verdes pedindo-lhes desculpas pelos seus atos seguintes e pelo que faria quando derrotasse Tadao…
-Escorpiões façam um cerco à volta do edifício, ninguém, NINGUÉM pode entrar neste edifício, rápido! – Ordenava Arata mal a sua rainha desaparecera do final das escadas elevando-se e gritando como um leal general que era.


Por fim, após uma pequena corrida, Katsu afastava as cortinas que faziam de entrada para a tenda que servia como centro de operações do clã Imagawa e recetor das emissões da Torre, que até então não se mostrara tão útil quanto Kimera jurava, algo culpa do seu plano na colina ter fracassado. Dentro, o Imagawa não via Yuu em lado nenhum, na verdade, não via ninguém à volta dos rádios ou em torno dos mapas a discutir contra estratégias e outros assuntos destinados à guerra. Tudo se tornava estranho pois o ambiente dentro da tenda devia de ser caótico e muito desorganizado… algo estava errado.
-Finalmente, Katsu-sama… - Pronunciava-se um homem que afastava umas cortinas, destinadas a cobrir uma divisão diferente da principal naquela tenda de consideráveis dimensões – Estamos numa situação que requer a sua reunião, temos de discutir… o futuro dos Imagawa…
O mercenário hesitava após as últimas palavras proferidas pelo Imagawa tendo como primeiro pensamento o seu líder procurando-o por todo o lado, não o encontrando – Onde está o Yuu-sama?
O Imagawa suspirava, como se já soubesse que essa seria a primeira pergunta do Nightmare, olhando para dentro de onde viera e chamando por alguém. Dois Imagawa surgiam empurrando consigo Yuu que se encontrava com ambas as mãos amarradas por uma corda repleta de chakra, mostrando-se logo um bom desafio para escapatórias.
-Yuu-sama… Fukeru`s! – Gritou o mercenário a primeira coisa que lhe viera à mente dando um passo em frente e sacando, de imediato, as garras das suas luvas, oferecidas pelo Oráculo – Prepar-
-Nightmare, eles são mesmo Imagawas… - Pronunciava-se Yuu suspirando após certificar ao seu subordinado, e também bom amigo, da credibilidade dos companheiros que o amarraram – Estes são pequenos idiotas que só estão a lutar pelo que acreditam, não posso fazer nada quando todo o clã está contra mim…
-C-como assim? – Questionava-se Katsu ao ver que Yuu falaria de novo, típico dele pois viria a interrompê-lo, senão fosse um dos Imagawa a colocar a palma da mão à frente da sua boca impedindo-o de falar e, ao mesmo tempo, irritando-o pelo gesto indelicado.
-Os Imagawa querem Kusagakure, não querem Kusa a comando da Kimera querem a vila a seu comando! De acordo com o trato assinado por Yuu, caso conquistássemos a vila, Kimera subiria ao poder como líder da mesma e, falo por todos dentro do clã, não queremos que isso aconteça. Estamos a lutar pela nossa terra natal, não queremos alianças com os Fukeru, não queremos estar sobre o comando deles. Queremos independência! – Vociferava um dos Imagawa com uma voz forte e num tom destemido assemelhando-se a um protestante em pleno vigor e força de vontade apesar de faltar-lhe um vocabulário mais rico.
Katsu mantinha-se calado, afinal tratava-se de algo indelicado: a força de vontade do seu clã contra as ambições da sua amada. Nada podia fazer e nem sabia o que responder naquela atual situação. Os seus companheiros, e raptores de Yuu, olhavam-no com pena por o terem colocado naquela situação apertada mas estavam convictos do que queriam fazer e não podiam deixar que as relações de um único Imagawa, sem esquecer que é adotado, influenciassem as vontades deles.
-Queremos que sejas o líder desta pequena revolução, já capturamos os Escorpiões dentro da Torre… - Explicava um dos Imagawa enquanto ajudava gentilmente o seu líder a sentar-se numa das cadeiras. Isso justificava o porquê de ninguém dar atenção a todos os pequenos recetores de ondas rádios instalados na tenda – Precisamos da tua força Nightmare!

Gargalhadas faziam-se ouvir dentro da escuridão daquela sala, simplesmente iluminada por uma chama agora roxa. Um homem, de aparência idosa, estendia a palma da mão sobre uma tijela com um líquido negro no seu interior. Da palma dessa mão começavam a crescer pequenos espinhos roxos que prontamente entravam no líquido negro e começavam a mudar-lhe o tom para uma cor esverdeada.
-Agora, Shugo, agora! – Gritava o idoso no auge do momento, totalmente louco devido à exposição ao líquido negro, agora verde.

-Hai! – Confirmava a Kumokira afastando a mão do seu ouvido e olhando para um Imagawa à sua frente enquanto media forças com um Fukeru – Kira…
Numa fração de segundos a adolescente puxava a sua lâmina de bronze para trás acompanhado pelo arrastamento do seu pé. Numa rápido movimento, a cabeça de Imagawa e Fukeru rolam pelo corpo até coliderem contra o solo deixando ambos os corpos a caírem sobre o solo com uma pequena “fonte” a jorrar sangue para o solo arenoso. Todos à volta ficaram boquiabertos com a recente atitude da Shugo, mas não perderem tempo a considerarem-na inimiga partindo de imediato para o seu ataque.
-Mas, “quésta” merda? – Perguntou-se Takumi, ele que também vira a morte do seu companheiro às mãos da sua imaginativa companheira – Porque porra, porque?
A lança do líder do ataque dos Imagawa rodopiava nas suas mãos encostando de imediato no solo, instantaneamente uma nuvem de poeira levanta-se cobrindo toda a área e deixando todo o ser humano temporariamente cego…

-KIMERA! – Vociferava Ishida após abrir a porta de relâmpago do edifício do seu pai e vendo as escadas que conduziam até os andares de cima – Tenho de me despacha… UGH!
A irmã da loira era violentamente encostada contra a parede deixando uma pequena cratera na mesma. Assim esta levantava-se, fraca, vendo Arata, um conhecido seu, de palma estendida na sua direção com os olhos vendados…

CONTINUA...