Durante suas caminhadas, Kimura estava entediado e resolveu parar sua caminhada para treinar um pouco e espairecer os maus pensamentos que circundavam sua cabeça. Então, achando uma clareira que era margeada por um pequeno lago, ele largou a mochila de viagem, arregaçou as mangas e focalizando sua energia nas extremidades inferiores, o rapaz caminhou pela superfície do lago calmamente até o seu centro. Olhando em volta, respirou fundo e começou a aquecer-se com alguns polichinelos. -
Um, dois, três... - Sussurrava enquanto jogava as mãos e pés coordenadamente para o alto e baixo com certa desenvoltura. Seu coração começou a bater mais forte à medida que seguia com o exercício, até que após duzentas repetições, focalizou mais chakra em suas mãos e deixou seu corpo cair para frente e então sentiu os músculos de seus braços contraírem para aparar a queda proposital. E num gemido de esforço, Kimura começou a fazer flexões numa velocidade moderada, justamente para forçar ainda mais os músculos superiores. Subindo e descendo, o kirinin começava a suar. As gotas de suor caíam sobre a superfície gelada do lago, criando algum vapor. Mesmo assim Kimura continuava. Ainda sentia-se bem, e seu controle de chakra era perfeito naquele exercício. Tanto que não se molhou uma única vez.
Começava a ficar ofegante e já sentindo seus braços queimarem de esforço após cem flexões, então, resolvendo mudar de exercício, usou toda sua força num explosivo empurrão ascendente ao mesmo tempo em que realocava o chakra de suas mãos para as suas costas e girava o corpo em direção ao lago. Agilmente ele repousou suas costas na superfície molhada, e como seu controle de chakra mais uma vez respondera, deixou-o firme sem se molhar. Kimura fitou o céu encoberto em meditação, respirou mais um pouco numa rápida pausa e começou a fazer abdominais vagarosas. A parte superior de seu corpo subia e descia à medida que seu abdome contraía e descontraía. Seu suor agora já escorria com maior intensidade e seu estômago já pedia por comida para repor as energias perdidas. Entretanto, sua determinação era maior, fazendo-o continuar e terminar forçosamente as quinhentas abdominais que pretendia. Ofegante e com dor nos músculos abdominais, o kirinin se levantou com dificuldade, mantendo-se equilibrado sobre a água e deslizou num rápido shunshin até à margem do lago onde vira uma árvore quebrada pela metade. Calcinada como se tivesse sido atingida por um relâmpago, o tronco estava preso apenas a algumas fortes fibras ao caule principal. -
Ótimo para continuar o exercício! - Animou-se.
Concentrando chakra em sua tatuagem no pulso esquerdo, Kimura invocou rapidamente uma kunai e num só movimento ascendente, usando toda força num único golpe, conseguiu partir as fibras que ainda mantinham o tronco aprisionado. A pesada madeira caiu pesadamente ao chão, rolando na direção de seus pés com velocidade. Surpreso, o kirinin tentou recuar num curto salto, mas logo a madeira aprisionou seu pé esquerdo, pressionando-o com seu peso. Kimura gritou de dor e temeu que seu pé tivesse quebrado, mas conteve a dor e agarrou o tronco com as duas mãos, e usando as forças que tinha num urro de esforço, conseguiu fazê-lo parar antes que descesse sobre sua perna e o machucasse mais. Agora estava furioso, e parecia que sua fúria estivesse renovado todo o seu poder, pois assim que a adrenalina começou a correr em seu corpo, o kirinin aprumou seu corpo e focalizou chakra nas mãos para não escorregar, levantando o pedaço de tronco num esforço considerável. Kimura podia ver quase todo o seu corpo trabalhando naquela tarefa, para então deixar que o pesado objeto caísse ao seu lado sem causar mais dano. Naquele momento suas atenções se voltaram para o pé ferido e percebeu para sua sorte de que graças à lama da margem do lago, seu pé afundara com o peso, somente ganhando alguns hematomas no local.
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Por pouco não quebro o pé. - Reclamou por sua falta de atenção. Estava sentado quando olhou para o tronco, quando obteve uma ideia de como utilizá-lo. Levantando-se, ele agarrou a ponta do objeto com as duas mãos e mais uma vez esforçou-se em levantá-lo. E com uma careta direcionou-o para seu ombro. Seu corpo sentiu todo o peso, mas manteve-se firme. Afinal, era isso que queria. Levando seu chakra para os pés para não escorregar na lama, o chuunin mantinha-se preso ao chão enquanto começava a fazer penosos agachamentos com a resistência do peso da madeira. -
Um, dois, três... cinco, seis! - Sussurrava em tempo de controlar a respiração. Suas pernas tremiam com o exercício e os músculos de suas pernas começavam a queimar. O suor, antes frio pela pausa, voltara a gotejar em grande quantidade. -
Vinte, vinte e um... - Gritou no último esforço para jogar a madeira de volta à lama e desabar de cansaço. Agora seu estômago dizia que era hora do almoço num ronco desajeitado. Mas parecia que Kimura ainda não havia terminado, pois após alguns minutos de descanso avistara uma estranha árvore que estava petrificada. Numa havia visto algo parecido, mas já ouvira falar de algum fenômeno geológico que causava aquilo. -
Perfeito. - Sorriu ofegante enquanto se dirigia até lá.
Concentrando chakra nas pernas em um veloz shunshin, Kimura se aproximou da árvore petrificada, cerrou os pulsos em posição de luta e começou a desferir socos alternados no objeto. Não era tão duro quanto à pedra, mas era resistente o suficiente para começar a machucar os nós de suas mãos devido à força de seus golpes. Cruzado de esquerda, direto de direita, gancho de esquerda no vazio, Kimura simulava um inimigo invisível durante algum tempo. Ele girava o corpo em seu eixo e chutava a árvore, machucando um pouco sua canela, para então recuar com vários saltos mortais e retornar num rápido shunshin em ziguezague. O tronco tremia com a força que utilizava, pois paulatinamente a vinha aumentando conforme parava de sentir seus ferimentos. Parecia sentir prazer com a dor causada juntamente com o esforço pela velocidade ao repetir novamente os primeiros golpes que dera. Direto de esquerda, cruzado de direita, chute descendente e após uma pirueta lateral, Kimura girou o corpo e com uma forte cotovelada, fez a madeira tremer fortemente. Tanto que três ovos de um ninho de pássaros que se apoiava no alto da árvore caíram. Percebendo rapidamente, o chuunin saltou lateralmente, conseguindo salvar o primeiro, então num shunshin, alcançou o segundo sem derrubá-lo.
Mas ainda faltava o último que caíra um pouco distante. Então, concentrando chakra nos pés, apoiou-os no tronco para uma forte pirueta, fazendo-o agarrar o último de ponta-cabeça quando este quase chegara no chão, para aterrissar no chão com os três ovos intactos. -
Agora tenho almoço. - Riu de si próprio ao mesmo tempo em que focalizava seu chakra nos pés mais uma vez para então deslizar na margem do lago até onde havia deixado sua mochila, onde cozinhou os ovos e comeu a ração que havia trazido. E após algumas horas de descanso, já havia almoçado, feito os curativos nos ferimentos e estava pronto para retornar a viagem quando se sentiu sozinho. Não via ninguém pelo caminho fazia algum tempo, e aquele sentimento de vazia começava a incomodá-lo. Sem alternativa, Kimura focalizou seu chakra novamente, para, após um rápido selo, ele feriu o polegar com uma mordiscada e encostou a mão no chão, donde surgiram algumas inscrições. Logo, após um fraco estouro de fumaça, uma serpente de grande porte surgiu em sua frente. -
Boa tarde Shiamazaki. Quanto tempo! - Comemorou num tom quase infantil. A serpente arremeteu para ele, dando-lhe um forte abraço em seu pescoço. O chuunin ficou surpreso com a reação do amigo, e mais ainda quando este começou a pressionar forte, ferindo sua garganta num aperto mortal.
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Bom te ver também, mestre. Agora vamos treinar como as serpentes de verdade treinam. - Falou a cobra num silvo maldoso.
FIM
MAS CONTINUA...