Retorno
“Está na hora Shin…”
Eu estava sentado, na relva, debaixo de uma árvore de cerejeira enquanto um calmo ribeiro arrefecia o ar do Verão. Algumas pétalas caíam para o verdejante prado:
-Eu ainda não estou preparado…
A figura olhou para mim. Os seus olhos profundos arrepiavam-me algumas vezes:
“Questionas-me?”
-N-não, não é isso…Mas Shishou(Mestre) eu não me sinto preparado. Eu deito-me e tenho as visões e elas estão cada vez mais fortes.
“E isso é mau? O objetivo é esse Shi.”
-Quanto tempo vou ter que aguentar?
“Que rapaz impaciente!”
O céu azul começou a escurecer. O vento tornou-se mais violento e a figura ganhou uma aura avermelhada. Levantou-se e eu acompanhei o movimento:
“Aprende a esperar Shinuyan! As tuas visões vão piorar, mas os teus poderes vão aumentar.”
Fiz uma vénia:
-Gomenasai Shishou-sama.
“Não te preocupes. Agora vai. Apanha o primeiro barco de Kumo para Konoha e mantêm-te sempre em contato. Boa sorte.”
-Hai!
A figura estendeu a mão e eu senti o meu corpo a desaparecer gradualmente até estar totalmente fora do Santuário. A figura virou-se para trás e sorriu. Agitou levemente a mão e aquela bela paisagem mudou para algo completamente diferente. Os campos verdejantes, o céu limpo, os pássaros raros, o ribeiro cristalino e a árvore de cerejeira transformaram-se num enorme salão, frio e escuro, de um castelo. Ao fundo estava um trono negro e vermelho. A figura caminhou lentamente para o trono, posteriormente, sentando-se nele enquanto pesava e ria-se alto:
“Falta pouco para eu ter o que é meu por direito…muito…pouco”
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Montei o Senkou:
-Estamos quase em casa amigo.
Acariciei-lhe o pescoço e bati com os calcanhares nos flancos dele e este começou a correr. O meu plano de ficar em Kumo alguns dias, estudar a vila, aprender mais sobre esta e treinar fora totalmente alterado. Dirigia-me a alta velocidade para o porto de Kumo:
“Estás a cometer um grande erro.” –disse uma voz feminina familiar
“Mãe? Não percebo…”
O cavalo parou de repente, elevando-se nas patas traseiras. Não estava à espera que ele fizesse isto e por pouco não caí:
-Que se passa? Calma…isso, calma…
Acariciei-o e ele acalmou-se. Olhei para frente tentando descobrir a fonte do seu medo. Uma luz amarelada rodopiava à sua frente:
-O que é aquilo…?
“Segue-me Shin.”
A luz começou a avançar e percebi que era uma forma imaterial do espírito da minha mãe. Apenas eu a conseguia ver e ouvir e o cavalo só a viu, pois é um animal. A luz foi avançando cada vez mais rápido em direção ao porto:
“Não ouças os seus conselhos.”
“Conselhos de quem mãe?”
“Ele é perigoso e não mostra as suas verdadeiras intenções”
“Desculpa mãe, mas ele têm-me ajudado muito e tenho a certeza que ele tem bom coração”
A luz parou vários metros do porto:
“É essa a tua decisão final?”
“É…”
“Assim seja. Vou continuar a acompanhar-te, mas vou interferir o menos possível…”
Após dizer isto a luz apagou-se e algo dentro de mim foi com ela. Senti uma mão no ombro e olhei pelo canto do olho. Apenas vi uma leve aura vermelha:
-Shishou… - comentei
Avancei com o cavalo para o porto.
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Entreguei uma pequena bolsa com dinheiro e entrei no barco com o Senkou. Aluguei um barco rápido e de qualidade. O comandante do barco subiu a bordo com a sua tripulação:
-Vamos iniciar imediatamente a nossa viagem até ao País do Fogo. Escolha um lugar confortável e aproveite a estada de, aproximadamente, 2 dias. Obrigado.
Depois de terminar o seu discurso o comandante ordenou que a sua tripulação assumisse as posições nos remos enquanto ele assumia o controlo do leme:
-Remem! – gritou o comandate
Encostei-me á parede do dormitório e fiquei sentado a ver os remos a quebrar a calma das águas de Kumo. Senkou deitou-se perto de mim e encostou a sua cabeça ao meu ombro. Os seus olhos vermelhos brilharam ao cruzarem-se com os meus olhos esbranquiçados. Voltei a olhar para as águas que começavam a ganhar uma tonalidade laranja por causa do Sol.
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O barco parou no porto mais perto de Konoha. Eu saí do barco com Senkou. O comandante falou-me uma última vez:
-Obrigado por ter escolhido a minha tripulação e o meu barco, esperamos que tenha gostado da viagem e, mais uma vez, obrigado.
Despedi-me do comandante e montei Senkou:
-Próxima paragem: Konoha!
Dei com os calcanhares e Senkou iniciou a sua corrida pelas florestas. De repente sinto a presença dele:
“Shin estás a ir muito bem. Continua com o plano e tu correrá bem.”
-Hai.
A sua presença desapareceu e eu fiquei a pensar, constantemente, no plano e no que a minha mãe me tinha dito. Em menos de meio-dia eu estava em Konoha e eu não queria perder tempo. Eu tinha de fazer o que o Mestre mandava e se começasse a trabalhar o mais cedo possível, mais cedo isto acabava.
Algumas horas mais tarde volto a sentir a Sua presença:
“Cuidado com o Selo.”
E desapareceu.
“Selo…?” –pensei
Faltavam ainda alguns metros para o portão Norte de Konoha. Alguns vultos revelavam-se à entrada. Um vulto adiantou-se um pouco para a frente e comecei a sentir uma comichão na testa. Passei a mão pela testa e vi esta a brilhar, levemente, num tom esverdeado:
-Irmão… - proferi