Filler 03 - Revelações.

Filler 03 - Revelações.
Saga - A renovação da alma.

O barulho desagradável do despertador era o suficiente para que eu levantasse, mas não aquela manhã. Estava cansado, na verdade exausto. Tinha passado o dia anterior praticamente inteiro a treinar com Kaori. Abri os olhos quando o despertador tocou, estiquei a mão para apertar o botão no topo do aparelho que o fez desligar. Lutei por alguns instantes com o sono, eu necessitava levantar, mas não desfrutava de ânimo no momento. Além do mais não haviam bons motivos para que me retirasse de meu aposento.

Resisti a vontade de sair da cama por quase uma hora. Eu devia ter decido a muito tempo – mesmo sabendo que a única coisa que mudaria se eu tivesse decido antes era que eu comeria o café da manhã fresco. Quando sai do quarto para ir em direção ao banheiro escutei uma voz, era uma garota, uma voz muito familiar. Era Kaori, estava a falar algo com meus avós. O problema não era ela estar conversando com meus avós, – até por que eles adoram ela. – mas sim o fato de ela estar cedo em minha casa, e parecer desesperada. A princípio nem liguei para o que acontecia, o sono era tamanho que eu simplesmente estava agindo por algo que chamo de impulso matinal. Todas as manhãs eu acordo, saio do quarto e vou ao banheiro, tomo um banho, trato de minha higiene pessoal e então retorno ao quarto e me arrumo. E não foi diferente naquela manhã, continuei meu caminho e fui me preparar para começar mais um dia.

Aprontei-me e desci para ver o que ocorria. Assim que cheguei na cozinha todos me olhavam, tinham feições serias. Como se quisessem contar algo, mas precisavam ser cautelosos ao fazer isto. Não sentei-me para tomar o café, esperei para que falassem algo. Kaori estava encostada no balcão da cozinha, me encarava, mas parecia não querer olhar em meus olhos. Shina, minha avó, estava sentada na mesa ao lado de Rykuro, meu avô. Meu avô abaixou a cabeça enquanto minha avó entrelaçava os dedos demonstrando nervosismo.

– Certo, o que está acontecendo aqui? – pergunto, um pouco assustado com as feições deles.

– Sente-se e lhe diremos. – respondeu meu avô. Ele estava seco, parecia triste, o que me deixou mais assustado do que nunca.

Era raridade ver Rykuro triste, cabisbaixo ou preocupado. Geralmente ele era quem mantinha o ânimo da casa em momentos tristes. Recusei-me a sentar, eu odeio quando enrolações quando se tem notícias ruins para dar. Não tinha certeza se a notícia era ruim, mas pelas caras das pessoas parecia péssima. Ninguém quis falar nada enquanto eu não me sentasse.

– Kiyo acho melhor tratarmos disso sozinhos. – fala a linda morena encostada no balcão. – É um assunto delicado.

Por um instante fiquei feliz, pois ficaria sozinho com Kaori, mas a expressão dela me tirou a felicidade quase instantaneamente. Subimos as escadas para o segundo andar em direção ao meu quarto. Meus avós permaneceram sentados à mesa, e assim que nós nos retiramos do local eles puseram-se a cochichar. Assim que chegamos no quarto Kaori trancou a porta e tratou de ficar parada na janela como se quisesse tapar todas as saídas do local.

– Por que está trancando o quarto? – perguntei, curioso.

– Porque não quero que sai daqui quando lhe contar. – respondeu ela. Estava com um ar preocupado, um semblante pesado, como se carregasse algo extremamente importante que necessitava ser dito, o que apenas alimentava mais minha curiosidade e preocupação.

– Pode acelerar isso? Não aguento mais ficar esperando. – eu estava impaciente, precisava saber do que se tratava o assunto.

– Eu vi alguém hoje lá no centro. Primeiramente achei que estivesse vendo coisas, mas depois tive certeza de quem era. – falou a garota. Sua respiração era calma, como se tentasse se controlar para não desmaiar.

– E quem era essa pessoa? – perguntei.

– Murakami Yukio, o seu pai. – as palavras que saíram da boca dela me puseram em choque instantaneamente.

Sentei-me na cama, eu estava paralisado. Eu nem sequer sabia o que pensar da situação. Meu pai? De volta a Kumo? Mas por que? Seria mesmo ele? Tantas perguntas surgiam em minha mente a cada segundo, eu estava atordoado, não poderia ser verdade, Kaori só podia estar errada. Meu coração estava em disparada, minha mente prestes a explodir. Estava boquiaberto, olhando para o nada. Eu tinha ido tão fundo em minha mente que por um instante achei que estivesse dormindo. Demorou até que eu recobrasse a consciência, Kaori nada fez, apenas ficou sentada no parapeito da janela esperando que eu falasse algo.

– Você só pode estar enganada. – falei por fim.

– Eu também achei, mas quando eu o vi achei que fosse você e então o chamei. Ele se virou para mim, mas não disse nada, apenas continuou andando. Só depois notei que ele tinha um aspecto mais velho, mais forte. No início achei que fosse coisa da minha cabeça, mas então decidi segui-lo para certificar-me. – a garota fez uma pausa. – Então tive a certeza de que era quem eu menos esperava.

– Impossível, o que ele está fazendo aqui? – estava indignado com a notícia.

– Não sei, mas acho que sei para onde ele foi. – ela parecia um pouco assustada.

– Para onde? – pergunto.

– Para sua antiga casa. – as palavras saíram da boca dela ecoaram em meus ouvidos.

Permanecemos alguns minutos em pleno silencio, eu estava atordoado de mais para falar algo e ela não queria interromper em meus pensamentos. Eu precisava me acalmar, tive vontade de sair pela porta, ir até minha antiga casa e se eu encontra-se ele lá bateria, ou pelo menos tentaria, nele até que a pele da minha mão se desfizesse. Tinha sido graças a este maldito que minha mãe já não se encontrava entre nós. Ele não estava lá quando precisamos de sua ajuda, não estava conosco para nos proteger, e agora retorna como se fosse normal um pai sair de casa e voltar quinze anos depois. A única coisa que me faltava era ele querer ser amigo e conversar comigo. Eu precisava tomar uma atitude não poderia ficar ali sentado parado sabendo que meu dito pai está em Kumo, em minha antiga casa, agindo como se nada houvesse acontecido.

Eu permaneci sentado na cama, mas Kaori não ficou parada, levantou-se do parapeito e foi em minha direção, ajoelhou-se na minha frente, ficou cara a cara comigo, seus olhos olhando diretamente nos meus. Em outras ocasiões eu me sentiria muito envergonhado, ficaria vermelho e começaria a gaguejar, mas o ódio em meu coração era tanto que nem me dei conta do quão perto ela estava de mim. Colocou suas mãos ao lado do meu rosto, acariciou minhas bochechas. Então aproximou o seu rosto levemente do meu e sussurrou:

– Não se preocupe, dará tudo certo.

Então ela chegou mais próximo, fechou os olhos e encostou seus lábios nos meus. Espantei-me de início, mas logo me acostumei ao toque quente da boca da linda morena. Fechei meus olhos e me deixei levar pelo momento. Estava muito confuso, não só pelo beijo, mas por tudo que estava acontecendo naquele dia. Decidi apenas aproveitar o beijo e depois discutiria o que aconteceria com o fato de meu pai estar pela cidade.

Spoiler:

Realmente acho que escreves bem em primeira pessoa, so creio que tens pouca prática, por isso ficou alternando os tempos verbais no meio do texto

mas ainda prefiro a terceira
Mas se tem uma coisa que defineminha opinião é; Eu adorei! A trama ta finalmente se desenrolando e ó, esta ficando bem interessante

Essa kaori é mesmo inconveniente, tanta hora pra beijar efaz isso no pior momento!

Gostei da sua escrita em primeira pessoa, em que tem que focar nos sentimentos do seu char. Sobre escrever em primeira ou terceira isso vai depender do seu foco na historia, pois a primeira facilita a focar nos sentimentos deixando algo mais forte nesse quesito, mas a terceira pessoa lhe dá muito mais liberdade em falar de assuntos que seu char desconhece.
Sobre sua historia tive quase um Déjà Vu quando li seu filler, o ambiente que criou foi bem parecido com a historia do meu char, só que a noticia era do seu Avô e não seu Pai como foi seu caso. Sem contar que o seu acabou com um beijo o meu não, só que meu char já tinha acontecido tudo anteriormente com a garota

Continua assim, pois só com o tempo que vai perceber qual é o melhor jeito de escrever para você. Com apenas uma postagem não tem como lhe dar já um veredicto. OK Filler 03 - Revelações. 906945

Eu irei me decidir ainda, escreverei um Filler com a mesma ideia tanto em primeira quanto em terceira, e vou ver qual atinge minhas expectativas.

Obrigado por lerem.

Sobre a primeira ou terceira pessoa, o Bruno já disse tudo. Podes alternar entre elas durante a trama, de forma lógica e coerente, pois já li livros onde essa técnica resultou perfeitamente e que só fez a história interessante.

Gosto como escreves calmamente o que se vai passando, dando assim um fluxo consistente à trama. É uma forma de nos habituarmos e criarmos as expetativas certas quando vamos a ler os teus Filler`s. Isso é bom, estás num ótimo ritmo a desenvolver a história. Contudo, ainda é muito cedo para comentar o conteúdo em si, apesar da Kaori ser uma safada

.

Continua ^^

Concordo com comentários a troca fica muito boa não se algo fácil de se fazer eu não consigo geralmente escrevo tudo em 3 pessoal, modo narrativo para não correr risco mais você consegui passar bem ideia sem dificuldade legal, lerei seu filler para ver se aprende pouco Vai para a cama naru

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Filler 03 - Revelações.

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