Escuridão, também conhecida como a ausência de vida ou esperança, o ambiente em que todo ser humano, gozando de suas plenas faculdades mental, tenta evitar a todo custo. Contudo, em certos momentos, pode ser impossível fugir das sombras, não importando o quanto você procure pela luz.
Indiferente ao interesses comuns, Brian sempre teve certa afeição para com as sombras, mesmo que no inicio tenha sido apenas por intermédio de uma calamidade familiar. Neste momento, o jovem percebe que está cercado por ela, como uma pessoa presa num grande túnel onde não importa em que direção você vai, pois você sempre irá terminar no mesmo local; perdido e sozinho.
É estranho, o jovem ceifero não sente mais as dores lancinantes que eram ocasionadas pelos graves ferimentos recém adquiridos na terrível batalha contra Yusuke e Kaiba, mas, ele não está em paz, muito pelo contrário, ele sente um grande vazio corroer seu coração e seu espírito, um vazio proporcionado pela angustia de ter fracassado, tanto como shinobi como para com sua mãe.
-Mãe... Perdoe-me, eu não pude vingá-la e agora estou preso na sombras do vazio, eu falhei com você, assim como falhei em salvar meu pai e voltar vivo para a companhia do meu avô... Eu sou uma vergonha para nossa família!_ saliente o jovem em voz alta, muito embora ninguém possa escutá-lo.
-Ora rapaz, não fale asneiras, sua jornada apenas começou! _ diz a misteriosa voz que assolava sua mente, mas dessa vez ela não vinha de sua mente e sim da própria escuridão que o cerca, como se as próprias trevas estivesse vivas.
-Você... Você disse que se eu abraçasse a escuridão eu ficaria forte e poderia vingar minha mãe. Mas, em vez disso, eu apenas consegui adiar meu fracasso... Porém, nada mais é importante, pois parece que finalmente encontrei meu fim...
-Fim? HAHAHAHAHAHAHA, meu jovem, você não sabe o que aconteceu não é? Você conseguiu, você derrotou Yusuke e seu lacaio e destruiu qualquer resquício de existência da família Yumi neste mundo, você enfim conseguiu vingar sua mãe. _ diz a voz misteriosa, mostrando sinais de grande satisfação.
-Eu...Venci? Então, quer dizer que enfim minha querida mãe pode descansar em paz. Assim, agora que sua alma está livre, eu poderei me encontrar com ela no outro mundo para recuperar o tempo que nos fora tirado. _ diz o jovem que, mesmo não podendo ser visto por causa da escuridão, começa a chorar, liberando lágrimas de alívio.
-Não meu rapaz, sua hora ainda não chegou! Não esqueça, você ainda tem coisas a resolver neste mundo, assuntos inacabados. _ salienta a voz, demonstrando certa ansiedade para com alguma coisa.
-Sim... Você tem razão, eu prometi que iria encontrar meu pai e traze-lo de volta a Sunagakure, para que possamos ser uma família novamente. Mas, como farei isto? Se o que diz é verdade e eu realmente não estou morto, então, onde eu estou? _ pergunta o jovem, que neste momento está bem curioso.
-O local que você se encontra se chama Limbo, ele não está em nenhum lugar e ao mesmo tempo está em todos. Ele é um plano de existência reservado aos devotos de Jashin que caíram em batalha e não completaram seus objetivos pessoais. Neste local, esquecido pelo tempo, não adianta correr, gritar ou chorar. Aqui, só há dois jeitos possíveis de sair. _ fala a voz de forma compassiva.
-Então, se existe algum jeito de sair daqui, eu lhe rogo para que me diga. Eu não posso permanecer neste local, eu preciso voltar para meu pai e meu avô, eles precisam de mim! _ responde o Borges, mostrando claramente sua necessidade de querer voltar para a companhia de seus poucos familiares.
-Bem, uma das maneiras seria por intervenção divina, o qual o próprio Jashin teria que estender sua mão e tira-lo deste purgatório. Já o outro jeito... _ neste momento ocorre uma pausa, cujo silêncio é tão angustiante como sepulcral.
-Diga, qual é o outro jeito? _ pergunta o jovem de óculos verde, não conseguindo mais conter sua ansiedade.
-A outra maneira seria pela intervenção de um emissário de Jashin mais poderoso do que você. Ele teria que vir voluntariamente para o Limbo e literalmente puxa-lo para fora. _ diz a voz em tom conclusivo.
-Então, acho que estou perdido! Apenas a família Borges possui este legado e meu avô, o único que poderia me ajudar, foi o único membro que não aderiu ao abraço das sombras. _ fala o rapaz, soltando um grande suspiro de pura decepção.
-Não rapaz, existe uma pessoa que pode tirá-lo daqui. Então, pegue minha mão e vamos sair deste jogo de sombras. _ fala a voz que, neste momento, se materializa na forma de uma enorme mão espectral que fica pairando no ar, como se estivesse a espera de alguma iniciativa por parte de Brian.
“Não... Não pode ser!” _ pensa o jovem que, mesmo não conseguindo acreditar no que seus instintos lhe dizem, apoia sua mão direita no centro da colossal mão espectral que, com grande força e velocidade, puxa o jovem, o levando de volta para a luz.
Assim que retorna para a “terra”, o jovem fica com os olhos aturdidos pela mudança brusca e repentina de um ambiente totalmente escuro para um local iluminado pelos primeiros raios de sol de uma manhã promissora. Então, após seus olhos se acostumarem a escuridão, o rapaz tem o vislumbre do fato mais inesperado que poderia lhe ocorrer.
-Pa... Pai!
Continua...