- Spoiler:
Anteriormente
Fez uma pequena pausa antes de continuar e iniciou um pensamento em voz alta. - Pois pelo que contaram… Isto pode não ser só uma conversa de nobres corruptos, algo que já imaginava. Isto pode ser… Bem mais que isso… - olhou para o kirinin. Parecia uma boa oportunidade para confiar nele. - Tratamos disso hoje, Azura? Tenho… Algumas ideias. A Ayame fica aqui com o Kazuma. É preciso alguém ficar aqui e ela já me parece bem suficiente para a tarefa - acrescentou com um sorriso matreiro, ao ver a sua aluna quase a bufar por ter sido excluída.
O ruivo considerou a proposta. Não tinha real interesse em descobrir algo sobre o mordomo em si, mas tinha algo dentro de si que dizia que aquela história era mais séria do que parecia… Uma… Intuição?
- Hai. - Ele assentiu com a cabeça.
- Quero que ajam com naturalidade e não chamem a atenção. - O médico sorriu novamente, acenou, e saiu do quarto.
Filler 35
- Força da Natureza -
Um Anônimo na Multidão ~Parte II
A manhã seguiu como qualquer outra; O sol subiu e trouxe consigo o calor daquela terra, que, apesar de ser mais amena que Konoha, passava por um verão duro. E assim chegou o meio-dia, e, com ele, o almoço. A família Sakuragi reuniu-se para a refeição, aparentemente um dia comum. O médico Hikaru também comparecera e era ele quem olhava com olhos de águia a todos os funcionários que atendiam a família. Azura não almoçara com a família Sakuragi aquele dia. Ao invés disso preferiu comer no seu quarto, como era de costume.
Depois disso, todos reuniram-se no quarto de Kazuma novamente. Ayame ficou no quarto enquanto Hikaru e Azura foram andar pela mansão, com a desculpa de que o médico iria mostrar a casa ao rapaz.
Quando passavam algumas empregadas em grupo, cumprimentavam simplesmente, tentando manter as aparências. Interpelavam apenas as que estavam sozinhas e depois de garantirem que não sentiam chakra por perto. Não podiam arriscar que estivessem a ser observados e não sabiam nada sobre aquele mordomo, que podia muito bem ser um espião e deveriam evitá-lo tanto quanto possível.
Curiosamente, todos os empregados davam informações semelhantes acerca do mordomo, ficando-se por questões superficiais e comuns, nada de concreto ou relevante que o denunciasse.
Após o jantar, faltava apenas falarem com a empregada mais recente na mansão. Hikaru e Azura foram, durante todo o dia, falando com os empregados à vez, deixando o outro a simplesmente observar e analisar a conversa. O kirinin tomou a iniciativa para a última, visto que a idade deles poderia ser mais aproximada e assim dar mais à-vontade para conversarem. Não sentia que aquele era ele, mas teve que adoptar temporariamente alguns dos traços que vira no konohanin enquanto ele falava com as diferentes pessoas. Ele conseguia fazer com que falassem com ele sem restrições.
- E então senhorita. Não tema, vamos apenas conversar, haihai? - O ruivo bateu no ombro da empregada, visivelmente confusa. - Sente-se e confie em mim. - Ele sorriu e a acompanhou até a mesa no centro da cozinha.
- Sim, mas eu tenho trabalho a faz-
- Não se preocupe com trabalho, apenas relaxe. - O rapaz sentou-se em outra cadeira e a olhou nos olhos, sorrindo. - Estamos procurando um certo mordomo… Dizem que ele é um ótimo funcionário. - Ele completou, descontraído.
- Ah! Sim sim! Sei quem é. - Ela respondeu de imediato, sem pensar. Azura achou a reacção interessante. - Ele é um bom homem, posso dizer. Ano passado organizou uma pequena de aniversário para uma das empregadas, dizem que foi lindo! Além de ser o mais antigo funcionário da casa… Mas eu não reclamaria nada em relação a ele se fosse você, dizem que ele é o favorito dos nobres! Sempre é ele que trabalha nas reuniões! - A empregada tagarelava sem parar, ela parecia à vontade em falar sobre o homem. Azura olhou para Hikaru depois que a mulher parou de narrar e o olhar trocado pelos dois foi de compreensão.
Esta era uma das funcionárias mais recentes, segundo o médico, e era estranho saber tantas informações quanto as mais antigas… E ela falava como se tivesse vivido os fatos. Apesar de parecer pouca informação, era precisamente a falta dela que era relevante.
Despediram-se sem muitas demoras, argumentando que estava na hora de ir verificar o estado do neto mais velho do senhor Sakuragi e que procurariam mais tarde o mordomo, pois acreditavam que ele os conseguisse ajudar num problema deles. Uma desculpa lógica e que não daria margem para dúvidas.
Enquanto se encaminhavam para o quarto, Hikaru não resistiu a lançar a pergunta que ia na sua mente depois de ver a actuação de Azura, algo que não esperava dele depois do que pouco que conhecera.
- Como conseguiste…?
- Fiz o que tinha que ser feito para termos as informações que precisávamos - respondeu o ruivo de Kiri, não precisando que ele acabasse a pergunta para entender o que ele queria saber. Mais valia explicar do que deixar confusão no ar. - Depois de te observar e analisar as reacções dos empregados ao teu tom de voz e abordagem, moldei a minha própria abordagem para que contivesse tudo o que a tua teve de melhor. Está errado?
O médico não sabia se estava mais surpreendido com a capacidade de representação dele ou se com a explicação que ele dera com aquela inexpressividade que já vira que era característica dele. Não iria reclamar. Azura estava correcto.
Quando chegaram ao quarto, Ayame estava a olhar para o irmão, com um livro no colo. Rapidamente se voltou para eles, preocupada.
- Conseguiram algo? - perguntou ela, observando-os minuciosamente como se estivesse à procura de algum ferimento neles.
- Bem… Pode-se dizer que não. E que sim - respondeu Hikaru, enquanto analisava o trabalho feito pela sua aprendiz. Kazuma estaria de volta à activa no dia seguinte, em princípio. A vida dele já estava fora de perigo.
Ayame pareceu confusa e, ao mesmo tempo, surpresa. Não esperava aquilo. Olhou para o kirinin tentando obter uma explicação, e foi transparente em seu desejo, porque o ruivo tomou a palavra mal percebeu seu olhar:
- Bem… Percebi algo estranho no que a empregadas falaram…. Digo, nenhuma delas sequer pensou antes de falar. Repetiram as mesmas coisas como robôs…. Como se algo estivesse impresso em suas memórias… Eram informações vagas, rasas. - Ele cruzou os braços e olhou o vazio, perdido em pensamentos. - Falo de alguém que vive aqui há anos, no meio de tantas pessoas, e ainda assim consegue permanecer anónimo... Eu acho… que estamos lidando com alguém potencialmente… Perigoso.