- Spoiler:
Anteriormente
Caminhou até o centro da arena, onde antes os konohanin estavam, e ficou lá, olhando o chão. Abaixou-se e pegou a hitaite que estava caída no chão, percebera que a shinobi vencedora deixara cair antes de desmaiar.
Olhava o equipamento que estava em suas mãos com uma insistência obsessiva.
Pensava no que fazer com aquilo.
Filler 33
- Força da Natureza -
Mentes em Jogo
Ele fechou a porta atrás de si, perdido em pensamentos, afogado em dúvidas. Ela dormia inocentemente sobre a cama como uma princesa outrora amaldiçoada, era de se admirar que demonstrasse tanta paz depois do que passara, Azura já viu soldados de kiri sofrerem experiências assim. Eles não voltaram a ser os mesmos de antes, uma luta extrema é algo que poucos aguentam.
Não que ele se importasse, sinceramente não se preocupava nem um pouco se ela estava intacta mentalmente ou não, ele só queria as respostas que procurava.
Havia uma pequena cadeira ao lado da cama, então ele sentou e esperou. Esperou... Esperou... Duas horas...
Ela finalmente acordou e ele ainda estava distraído olhando os pássaros voando do lado de fora da janela, era algo simples mas significativo. Demorou uns segundos para encontrar-se, talvez atordoada pelo sono, e quando o viu assustou-se a ponto de abafar um grito com as mãos. Tamanha comoção era desnecessária, ele pensou. O olhou por alguns segundos, talvez analisando-o, talvez assustada com sua aparência... Não. Lembrou que usava o selo que escondia suas rachaduras e suas órbitas negras, agora ele era apenas uma pessoa comum, com uma aparência comum.
- Azura? – Ela falou, baixinho.
Ele ficou um pouco surpreso por ela lembrar dele. Mais ainda, ele não usava máscara a algum tempo, e era de fato incrível ter sido reconhecido...
- O q-que estás a fazer aqui? – Ela perguntou visivelmente exasperada.
Ele não entendeu o motivo de tudo aquilo.
Revirou o bolso semi-vazio e tirou a hiatayate outrora guardada.
- Deixaste cair isto. – Pronto. Tinha concluído sua missão principal. Estava pronto para ir embora, seguir seu rumo e...
- Oh… Obrigada… - Ela olhou para as mãos e apertou o lençol. Azura não conhecia as sensações, não sabia o que era sentir-se feliz ou triste, mas alguma coisa dizia-o que entendia perfeitamente como ela se sentia. Lembrava dos dias silenciosos dentro da solitária, ainda em kiri, e nos pensamentos que rondaram sua cabeça. – O que aconteceu ali, Azura?
- Desmaiaste depois de vencer a luta. – Ele decidiu ser simples e objetivo, não havia necessidade de contar os detalhes.
- Eu... – Ela disse, apertando ainda mais o lençol.
Azura não soube explicar o porquê, mas teve vontade de dizer algo que a impedisse de continuar, não queria ouvir o que ela tinha a dizer... Tinha o pressentimento que aquilo teria efeito sobre ele. De uma forma ou de outra.
- Eu não sei o que aconteceu… - confessou ela. – Não sei o que aconteceu depois de ver o Kazuma … Senti-me a quebrar em duas e uma delas não era eu!
Pronto. Ela tinha dito. Passara um mês trancafiado em uma cela refletindo sobre os próprios atos, arrependendo-se e remoendo as memórias distorcidados do crime que fizera enquanto dominado pelo Senninka... Tinha a impressão que ela estava agora a ter os mesmos pensamentos que ele.
- Eras tu, sim. – O ruivo falou. Não parecia, mas ele tentava mostrar a ela as mesmas conclusões que ele teve a cerca do assunto. Estava tentando... Ajudar? - É uma parte tua. Não há como negar.
Ela o olhou com certa ferocidade, aquilo foi um enigma para o kirinin que ficou perguntando-se o que ela estava pensando naquele momento. Chegou a conclusão que não devia meter-se na vida dela. Ele não se importava com ela, afinal.
- Eu pensei realmente em ceifar uma vida? Eu… Aquela não sou eu… Eu-eu perdi o controlo – Ela divagou, era claro que não queria respostas, não queria conselhos ou nada parecido. Só queria falar. - Sou fraca… O meu irmão foi atacado por minha causa…
Ele suspirou e pensou por alguns segundos, olhando novamente para a janela. Queria ir embora, deixar aquela criatura de lado, aqueles problemas longe de sí... Mas não conseguia. Ele havia encontrado algo... Algo que ainda não entendia, mas era... algo.
Sentou-se ao lado de Ayame na cama, tentando ineficientemente passar o que pensava em formas de palavras.
- Estás viva. Não é isso que importa?
- Nada justifica matar alguém, Azura! Eu sinto um monstro dentro de mim. E eu não o quero… Eu… Não o quero…
Água começou a escorrer dos olhos dela, aquilo deixou Azura apreensivo. Ele havia quebrado algo nela? Era culpa dele? Ele sentia a fragilidade dela, e sentia-se responsável por aquilo. Apesar de sua expressão indiferente, ele pensava em como fazê-la parar de chorar, mas de fato palavras não iriam concertar o que quer que tivesse quebrado dentro dela.
Ele pensava em como teria sido mais fácil se pudesse chorar quando “Aquilo” aconteceu.
- Sou uma fraca...
Não restava mais nada a dizer. Azura levantou-se, decidiu deixá-la em paz.
- Isso é simples. Torna-te forte então... - Virou para sair, para que pudesse caminhar até a porta, mas foi impedido por uma mão segurando a sua.
“Quente...” Ele pensou.
Ela estava trêmula também. E aquilo fez o ruivo hesitar.
- Ajuda-me a entender isso...
Ele ouvia o grito de socorro por trás daquelas palavras, era claro e puro. A coisa mais pura que ele já vira na vida. Seus olhos a analisaram por alguns segundos... Ponderando, tentando negar... A verdade é que ele próprio ainda não entendera o poder dentro de sí. Ainda não podia dormir tranquilo sem preocupar-se em acordar durante a noite e matar pessoas sem razão, era fato que algo dormia dentro dele, e esse algo lutava constantemente para sair. Então como poderia mostrá-la o caminho?
Sua pupila contraiu enquanto olhava-a. Lembrava do que vivera até ali, do que aprendera como um pobre usuário de senninka... Ele definitivamente não podia ter aquela responsabilidade nas mãos.
Mas... E se... E se ele tinha finalmente encontrado?
- Sim... – Ele aceitou com confiança, como sempre o fazia quando encarava uma missão. Virou-se novamente para a porta, fazendo a mão dela soltar a dele, e caminhou rumo ao exterior do cômodo sem olhar para trás. Com certeza do que acabara de fazer, convicto que achara o que procurava.
Saiu dali pensativo, como quem tentava decifrar um enigma. Mal percebera o homem ruivo do lado de fora, o mesmo que permitira que entrasse para entregar a hitayate a Ayame, e que ficara de vigia do lado de fora do quarto o tempo todo. Azura pôde sentir seu chakra elevando-se como um aviso.
Ele estava com os braços cruzados, ao lado da porta, com as costas na parede. Parecia sério, pensativo, ameaçador. O kirinin não lhe deu a importância que outrem daria, na verdade o ignorou completamente quando passou por ele para que pudesse chegar ao fim do corredor. Quando passou por ele, o homem falou;
- Você pode mesmo ajudá-la? – Ele estava sério.
- Eu não tenho certeza. – Azura respondeu indiferente. – Tudo vai depender da força de vontade. As chances dela ceder a isso com o tempo são grandes.
O homem pareceu abalar-se com a resposta, como se um véu caísse sobre sua face e a escurecesse ainda mais. O kirinin continuou sua caminhada pelo corredor, mas quando deu dois passos, foi parado por mãos bruscas que o jogaram contra a parede e seguraram-no pela sua gola. A força dele era imensa, e seus olhos eram ameaçadores até para um shinobi poderoso como Azura. O kirinin permanesceu indiferente.
- Se você fizer algo que machuque Ayame... Eu juro pelo meu sangue que eu irei caçá-lo e nem o inferno será um bom esconderijo. – Ele falou com autoridade.
Azura não respondeu, muito pelo contrário, permanesceu calado encarando-o com aparente petulância.
- Oh meu... – Uma empregada deixou uma bandeja cair quando entrou no corredor pelas escadas e viu os dois encarando-se. Ela começou a pedir perdão apressadamente enquanto recolia o que caíra e apressava-se para sair dalí.
- Hai. – Ele respondeu.
- Sumi-chan. Quando limpar isto, você pode mostrar ao nosso hóspede um quarto e roupas novas? Ele ficará conosco por enquanto.
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