Conselheiro | Outras Vilas
Sexo : Idade : 26 Localização : Terra Número de Mensagens : 1017
Registo Ninja Nome: Hayato Isao Ryo (dinheiro): 1000 Total de Habilitações: 34 | Assunto: [Pergaminho da Aranha] - Mundo Dom 1 Nov 2015 - 14:59 | |
| No momento em que escutei aquela voz, o transe que aquela morte me causou fora quebrado, e parei, notando a quantidade grotesca de sangue que cobria meu corpo. Olhei o corpo, o inimigo ainda gorgolejava pela última vez num misto de vontade e resistência em tentar se manter vivo, mas não adiantava, sofrera tantas facadas que já estava morto.
- Seiji... - falou Jin, um dos meus amigos que conheci nos portos de Sora no Kuni. Seu rosto evidenciava apenas uma expressar de horror e perplexidade que este tentava, se esforçava, se dedicava, a esconder e quanto mais os segundos se passavam, um olhar diferente se formava em seu rosto e em meu, ambos sabíamos que as coisas haviam mudado naquele momento.
- Jin... Venha, temos um local seguro para você ficar. - nesse momento ele pareceu se aliviar, de que um grande peso lhe fora retirado dos ombros, sempre foi assim, desde os velhos tempo. O homem que havia me ajudado se fez presente, socando meu rosto com uma força descomunal que me jogou no plano da inconsciência. -//- O rapaz se preparava psicologicamente para sua próxima luta clandestina. Naquela altura já havia angariado algumas vitórias que lhe conferiam uma confiança a mais, por exemplo, não tinha mais receio de pisar na arena circular, pelo contrário, se excitava, sentia-se vivo, sentia-se liberto. Era como se atingisse um outro plano quando recebia um golpe aparentemente devastador, ou quando nocauteava seu inimigo num golpe improvável fazendo a multidão ir a loucura, e o dinheio jorrar.
- Você tem se revelado uma máquina improvável, desse jeito viajaremos a eventos clandestinos maiores ainda! - falou seu empresário gordo e agiota, balançando a mão que portava seu icônico charuto, que sempre o acompanhava.
- Não pretendo ficar nessa vida, o dinheiro que ganho é um meio para um fim, não um fim em si. - rebateu o rapaz dando alguns socos no vento e movimentando as pernas em tempos alternados.
- Hahahahahahahaha!! Boa garoto, você mente tão bem quanto meus empregados. Sabe rapaz, eu no começo era como você, seguia as regras, trabalhava duro e pagava as contas até que perdi o emprego, minha esposa me largou e meus filhos me renegaram. Vaguei por muito tempo de bar em bar, enchendo a cara e me perguntando o que de errado eu fiz, por quê os deuses haviam sido tão cruéis comigo? Um cidadão de bem, honesto, justo. - enunciou, como se estivesse lendo um livro sobre suas desventuras. Seu tom era loquaz e lírico, todos concordavam neste ponto.
- Achei que você era rico de nascença já. - retrucou Seiji, concentrado em seu empresário.
- Óh, não!! Por que achas-te isso? - desvirtuosou de seu épico sobre suas origens.
- Você tem dinheiro, fala como nobre, sempre está esbanjando dinheiro, mulheres e jóias. Foi uma análise comum. - respondeu o rapaz, como que se vangloriasse de seu intelecto analítico. O homem gargalhou.
- Esse é o ponto garoto, você se prende aos conceitos e faz análises rasas, geralmente acima de pessoas comuns, mas nada mais que isso! Eu era um trabalhador moribundo, bêbado e endividado, mas tudo mudou quando matei meu primeiro homem, lembro-me dos detalhes. Ele veio cobrar uma dívida de jogo no bar, eu estava bêbado, e naturalmente com uma falsa coragem líquida, ele tentou me diminuir e pegar qualquer coisa de valor quando quebrei a garrafa e cortei sua garganta. Todos pararam e me olharam, espantados, não direcionavam mais olhares de repúdio e aversão para mim, me temiam, me respeitavam, me obedeciam... Sabe oque descobri? - chegou perto do rosto do rapaz, fazendo a excitação daquele momento de anos atrás arderem novamente em seus olhos como se aquele momento tivesse sido ontem.
- O mundo fez sentido. Estava puro, livre de qualquer medo, de qualquer incerteza, toda a crueldade e casualidade do mundo desmoronou como um castelo decadente chamado: princípios, moral, honra, ética... Vi que aquele mundo foi feito para ser assim, a cobra mata o rato para sobreviver, minha vida é assim rapaz. O homem foi feito para ser assim, não um escravo da moral ou honra, que destrói sua própria existência e estabelece uma indiferença cruel mascarada sob a luz de algo positivo, enevoa e traveste o mundo do que realmente ele é. Agora a questão aqui é, até quando você vai fingir que não tem essa chama dentro de você, contida numa prisão, aguardando o momento para se libertar? - indagou, aproximando-se de tal maneira que o cheiro de suor, charuto e perfume caro se misturavam e inundavam seu olfato. O rapaz tossiu involuntariamente, e seu agiota gargalhou, empurrando-o para dentro do ringue. - // - Acordei com um baque dessa lembrança, a senti como se ela estivesse me vigiando para se manifestar e afetar meu psicológico, e afetou, pior, afetou Jin, agora tudo estava claro. O fogo crepitava a madeira criando estalos que reverberavam no espaço criando um silêncio sepulcral. Jin estava dormindo, o homem estava diante de mim, em pé. Este entregou o khukri para mim, e fiquei receoso em pegar ele.
- Você fez o que foi preciso, agiu certo e salvou uma vida, não há motivos para estar receoso. Só a vida paga a morte. - declarou, sua feição era indecifrável para mim, é como se sua existência enevoasse minha mente e poluísse minhas faculdades, e quanto mais me esforçava para desvendar, quanto mais campanhas analíticas eu empregava, mais falhava em decifrar seu ser.
- Mas havia três piratas lá, matamos três para salvar uma vida. - falei pensativo, as memórias do agiota me fizeram refletir sobre meus atos.
- Eram impuros, saqueadores, beberrões, estupradores e maquiavélicos. O mundo é um lugar melhor sem a presença deles aqui. - proferiu de forma convicta e firme, fazendo-me arrepiar e questionar ainda mais sua figura e minhas ações, uma pontada de raiva e vergonha protuberava-se de mim, assim como uma pontada de vivacidade e excitação.
- Por que você me bateu então? - perguntei confuso.
- Foi pelo seu amigo, viu a face dele? O horror, o medo e a incerteza? Precisava fazer algo, por ele e por você. - respondeu calmamente, sentando-se em volta da fogueira e entregando uma tigela com sopa de coelho dentro, para mim. Continua... |
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Administrador | Kumo
Sexo : Idade : 28 Localização : Nárnia, where unicorns tend to live! Número de Mensagens : 5771
Registo Ninja Nome: Shikaku Kinkotsu Ryo (dinheiro): 0 Total de Habilitações: 24 | Assunto: Re: [Pergaminho da Aranha] - Mundo Sex 20 Nov 2015 - 20:09 | |
| Acho que tens de ter calma com essas mudanças entre presente e passado. Por vezes quebras a ação desnecessariamente ou tornas o seguimento da trama confuso. Not cool at all e em pouco te favorece. Já percebi que o passado do Seiji é muito interessante, mas controla-te a demonstrá-lo para não prejudicares o mais importante: o seu presente . Continua ^^ |
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