Antes de postar o filler, tenho que meter aqui umas considerações...
1- Aquele (-1) ali no título significa que é o filler 1 do passado. (sim, vai haver mais xD)
2- Nadeshiko significa "flor de Deus". Se continuarem a ler, vão ver que tem significado.
3- Entusiasmei-me e ficou enorme... Outra vez... Já agora, qualquer erro que encontrem, foi com a pressa de passar para o pc.
E pronto, acho que é só isso... xD
Uma corrente de ar mais forte fez dançar a pequena flor colocada no parapeito da janela da cozinha, acordando Nadeshiko do seu pensamento. Estava habituada a ouvir as histórias contadas pelo seu pai, mas nunca pensara que o simples facto de ter o nome Nadeshiko a obrigasse a ter que visitar um mundo que não era o dela. Nunca acreditara em tal existência, mas fora subitamente surpreendida pelo seu pai. Seria mesmo ela a reencarnação da filha de Kami? Os seus pais acreditavam mesmo nisso… E agora? Um novo mundo para conhecer? Um suposto noivo? Fora informação a mais para assimilar durante aquela manhã e soava-lhe tudo tão fantasiado que nem percebera inteiramente tais palavras.
Acabou de arrumar a cozinha e resolveu trepar à sua árvore, para descansar um pouco. A agilidade dos seus 15 anos permitia-lhe manter aquela atitude ligeiramente infantil, mas que a definia tão bem.
Embalada pelo vento, fechou os olhos e deixou-se adormecer naquele ramo mais grosso, onde tantas outras sestas dormira.
Quando acordou, uma bela criatura, estranhamente parecida com um humano, olhava-a, com um misto de curiosidade e espanto a bailar no seu rosto perfeito.
- Ainda estou a sonhar? – perguntou Nadeshiko, ainda tomada pela preguiça.
A criatura riu-se. Era uma gargalhada pura como a água, soando algo sobrenatural.
- Não, não estás. Eu sou bem real. Embora não aqui neste mundo, claro – respondeu o ser de orelhas pontiagudas e cabelo e pele claros, que possuíam um ligeiro brilho prateado. Ao ver o ar confuso da jovem, continuou: - Estou aqui por ti. És a Nadeshiko Hoshino, não és?
- Para que o queres saber?
- O meu nome é Landlar. Vim aqui buscar-te para conheceres o outro mundo, o meu mundo – apresentou-se ele, fazendo uma vénia.
Nadeshiko observava-o, estupefacta com tamanha atitude. Landlar estendeu-lhe a mão.
- Vamos?
A rapariga aceitou e levantou-se, metendo-se de pé no ramo da árvore.
O elfo puxou-a para junto de si. Atirou um pequeno espelho com uma moldura em forma de estrela ao ar e impulsionou ambos em direcção à parte espelhada.
Nadeshiko susteve a respiração e fechou os olhos, assustada. Confiara numa pessoa que mal acabara de conhecer e nem sabia para onde é que ele a levaria. No entanto, o seu instinto dizia-lhe que ela tinha tomado a decisão mais correcta. Mesmo depois de sentir o chão duro por baixo dos seus pés, continuou agarrada a Landlar, ainda de olhos cerrados.
- Bem-vinda ao Palácio da Luz, da cidade de Varderae – disse a voz límpida e grave de Landlar. – Vá, podes abrir os olhos. Estás em segurança.
Abrindo os olhos calmamente, Nadeshiko reparou na pureza do mármore de que era feito o palácio. Era tudo do mais puro branco, adornado com ouro e verdejantes trepadeiras. Apesar da sua grandiosidade, poderia considerar-se acolhedor sem que perdesse a sua extraordinária beleza. Nunca imaginara que poderia existir uma coisa assim, nem mesmo no mais louco dos seus sonhos. Apesar de ir poucas vezes a Konoha, a vila mais próxima do seu local de residência, sabia que nunca vira nada igual.
- Respondendo à pergunta que te deve estar a passar pela cabeça… Não, não existem construções assim no teu mundo – disse ele. – Agora vou acompanhar-te ao teu quarto. Uma outra pessoa deve ir visitar-te lá para te explicar o porquê de aqui estares.
- Isso quer dizer que te posso largar sem correr o risco de isto ser tudo uma fantasia? – perguntou ela.
- Sim, podes – afirmou Landlar, com uma gargalhada, ao ver a rapariga largá-lo aos poucos, ainda receosa.
- Acompanhas-me, por favor? – pediu ele, estendendo-lhe o braço.
Ainda admirada com a cortesia de Landlar, anuiu, fazendo o que ele lhe pedia.
Atravessaram vários corredores e subiram uma grande escadaria branca. Encontraram várias pessoas pelo caminho, que paravam e fitavam Nadeshiko com um ar escandalizado e reprovador, comentando a presença de uma humana tão banal e sem qualquer poder naquele mundo.
Landlar acalmava-a, dizendo-lhe para que não desse importância aos comentários, pois ela mesma haveria de lhes mostrar o quão enganados estavam.
Ao chegarem a uma porta de madeira escura, envernizada e trabalhada com motivos de outro e prata, entraram.
O quarto era bastante confortável. O soalho de madeira contrastava com o branco das paredes, iluminadas pelo fogo da lareira. A cama de dossel era grande, coberta com um jogo de cama de tons amarelos, e estava encostada à parede oposta à da entrada. Uma grande janela preenchia a parede direita do quarto, que se finalizava na lareira de canto. O quarto tinha também um toucador, duas mesinhas pequenas e duas portas de deslizar, que davam para a casa de banho e para o roupeiro.
- Como deves ficar aqui por uns dias, este será o teu quarto. A Bellerain explicar-te-á tudo melhor. Ela deve estar quase a chegar, por isso retiro-me. Fica à vontade – disse Landlar, saindo do quarto enquanto Nadeshiko observava tudo cuidadosamente.
Ela nem teve tempo para fazer uma das inúmeras questões que pairavam no seu ser, pois Landlar havia já saído quando se voltou para trás. Ele havia dito que uma pessoa iria falar com ela, por isso seria melhor esperar ali. Resolveu então vasculhar todo o quarto, para se familiarizar com o lugar. Já se tinha convencido que aquilo não era um sonho…
Deu uma vista de olhos à casa de banho e apreciou um pouco do calor da lareira, sentada no tapete branco junto desta. Ia espreitar o roupeiro quando alguém bateu à porta. Foi então abri-la, deixando aquela excursão ao roupeiro para mais tarde. Era uma jovem rapariga, alta e elegante, com uns profundos olhos azuis e longos cabelos loiros platinados.
- Posso entrar? Sou a Bellerain – perguntou ela, sorrindo.
- Claro, claro – anuiu Nadeshiko, afastando-se para a deixar passar e fechou a porta de seguida.
- Bem, cá estou eu para te explicar tudo e responder a todas as tuas questões – disse Bellerain, analisando rapidamente o aspecto da rapariga. – E vamos aproveitar para te vestir e pentear com algo mais apropriado, para que passes mais despercebida – acrescentou, abrindo as portas do roupeiro. – Pronta?
Nadeshiko não lhe respondeu. Olhava para dentro do roupeiro, espantada. Seria aquilo tudo para ela?
- Como ainda capaz de ficar aqui por uns dias para tratar de umas burocracias chatas, tentamos fazer de tudo para que não te falte nada – explicou Bellerain, enquanto procurava uma cor que combinasse bem com o dourado dos cabelos de Nadeshiko. Ao ver algo que lhe interessava, pediu á rapariga para que se sentasse no sofá que estava no centro do roupeiro e começou a falar: - Bem… Começando por ti… Tu és a reencarnação da filha de Deus. Já to tinham dito, mas algo me diz que não acreditaste muito. Tu tens o sangue da descendência celestial. Sim, o teu pai também o tem, mas tu és a reencarnação. A primeira desde sempre.
«Este mundo onde te encontras agora é um mundo criado pelos sonhos e pela fé daqueles que possuíram o mesmo sangue que tu. Foi a sua fé que fez com que cinco divindades, conhecidas como Elementos, criassem este mundo. E ele evoluiu…
«Segundo uma lenda antiga, transmitida de geração em geração, a filha de Deus (ou Kami, como lhe chamas) pisaria mais uma vez o chão do mundo dos Homens, anunciando a maior crise de sempre: a proximidade do desequilíbrio. Será ela a mãe da geração da Luz, a geração que combaterá aqueles que desejam apoderar-se do coração dos Humanos e de todas as outras criaturas.
«Tu és a nossa única esperança. Ajuda-nos e ajudar-te-ás a ti mesma.
Nadeshiko, que se encontrava de pé a experimentar várias roupas a pedido da elfo, voltou-se para Bellerain.
- Eu? Ajudar? Como?
- Eu era contra a decisão que o conselho tomou… Mas eles é que têm a decisão máxima. Pouco ou nada pude fazer. Ficou determinado que casarias com o meu irmão Darium. Eles acham que se misturarem o sangue de ambas as linhagens, o poder dos filhos será muito maior – disse a elfo, com um ar desanimado. – Não deverias ser obrigada a casar com alguém que te impõem, mas sim com quem amares…
Assim que viu que a roupa de Nadeshiko lhe agradava, sentou-a novamente e começou a penteá-la. Desfez o apanhado dela e soltou aquele longo cabelo dourado e os seus caracóis.
- Bem, com o teu cabelo solto… Pareces outra pessoa…
Um bater na porta interrompeu Bellerain. A porta rangeu ligeiramente ao abrir e uma voz falou:
- Belle, estás aí?
- Sim, Arian. Aconteceu alguma coisa? – repondeu a elfo.
- O pai…
Ouviu-se o som de uma estalada assim que o rapaz se calou.
- Não sabes esperar? A Belle está ocupada – disse outra voz masculina.
- É importante e tu sabes disso!
- Podias ter esperado que ela saísse daqui!
- Mas…
- Pronto, já chega! – exclamou Bellerain num tom mais alto que o seu normal para que ambos se calassem. Virou-se para Nadeshiko, falando normalmente: - Estes dois são os meus irmãos, o Arian e o Darium. Apesar de não parecer, dão-se muito bem.
Prendeu mais uma mecha de cabelo no pequeno apanhado em forma de diadema que estava a fazer a Nadeshiko e sorriu.
- Pronto, já acabei – disse ao levantar-se. – Vem comigo. Vou apresentar-te à minha família.