As nuvens moviam-se com uma estranha suavidade pelo céu aberto, alcançando novos horizontes para lá do olhar. Dai invejava as nuvens. Sem preocupações, livres de ir para deambularem pelo céu e serem levadas pelo vento. Era esta a vista que ele tinha.
- Porquê?
Dai estava deitado no telhado de sua casa, ainda reprimindo a mágoa que sentia.
- Posso me juntar a ti?
Subeta Tou apareceu junto a Dai mas este não lhe respondeu. Tou deitou-se junto a Dai e fitou as nuvens:
- Hum.. há muito que não olhava para as nuvens. Dão nos que pensar sobre muito…
- Porquê?....
Do olho de Dai escorreu uma lágrima. Ainda era muito cedo. Todas aquelas imagens e emoções estavam presentes. O Corpo de Kuura imóvel e sem emoção, totalmente mutilado. A expressão de Pein, não ressentindo nenhuma das suas acções.
- Sabes Dai… Não haveria nenhuma maneira de morrer que Kuura gostasse mais. Defendendo os colegas.. as pessoas que amava… defendendo-te a ti!
- Mas ele não tinha de morrer… ele.. ele.. – Dai fechou os punhos e amaldiçoou Pein com todas as suas forças.
Tou levantou-se, retirou a sua Katana e espetou-a no chão. Olhou mais uma vez para as nuvens e dirigiu-se a Dai:
- Recompõe-te! Apesar de muitos não acharem isto o mais aconselhável, canaliza essa tua mágoa em raiva!
Dai abriu os olhos em sobressalto:
- Raiva?
- Raiva. Em batalha, a raiva é mil vezes superior à mágoa e ao desespero. Canaliza esses teus sentimentos e faz-te forte!
- Raiva… Para que serve a raiva se nada pode ser remendado. Não tenho poder suficiente para sequer ser uma ameaça para Pein – dizer aquele nome ainda apertava o coração de Dai – Kuura… Kuura – sensei foi derrotado daquela maneira….
As lágrimas caíram mais uma vezes do rosto de Dai, mas Tou não disse nada. Ao fim de alguns momentos de pesar silêncio, Tou começou a falar para o céu:
- Sabes… Tal como tu, nunca cheguei a conhecer os meus pais...
Dai ficou mais sério, e começou a engolir todas as palavras de Tou.
-… eles já eram velhos quando eu nasci e a minha mãe não resistiu ao parto. O meu pai era um habitante de Konoha, um simples comerciante. Nessa mesma noite quando eu nasci, um grupo de assaltantes invadiu-nos a casa e mataram o meu pai para roubarem os seus simples valores. Não repararam no bebé escondido num pequeno baú, e partiram. Foi apenas alguns dias mais tarde que um jounin que passeava pelas redondezas que viu aquela cena e aproximou-se. Deparou-se com um bebé faminto, quase morto. Tratou desse bebé como se fosse seu irmão e alguns anos mais tarde tornei-me um ninja. Durante toda a minha vida nunca fui feliz. Existia sempre algo que me deitava abaixo e que me reprimia. Isso, até ao dia em que descobri quem fora o assassino do meu pai. Sem demoras, parti para onde tinha ouvido que ele vivia, e apesar de ainda ser chuunin, matei-o a sangue frio. Um simples ladrão… mas retirou-se todo o pesar do meu coração.
Tou retirou a katana e voltou a colocá-la no coldre. Dai fitou as suas mãos e reviveu mais uma vez o episódio de há dois dias atrás. Que poderia fazer? Jurara vingança sobre Kuura, mas não tinha as capacidades para tal… Talvez se pusesse o orgulho de lado e pedisse auxílio… Por fim, tomou a sua decisão.
Dai levantou-se, levantou a cabeça para Tou e , cerrando os punhos, disse:
- EU, KUTZU DAI, VINGAREI O MEU SENSEI!
Os bramidos foram ouvidos nas redondezas, mas Tou sorriu:
- Huh, assim está melhor. No entanto, não deixes a raiva cegar-te. Poderá tapar-te os sentidos e perderes a tua vida. E Dai, quando a altura chegar, eu estarei do teu lado.
Dai assentiu e pela primeira vez na vida, sentiu-se verdadeiramente com intuito assassino. Nem quando viu Yuta, assassino do seu pai, se sentiu assim.
Tou virou-se para partir mas antes deixou a Dai uma frase que ele acolheu com entusiasmo:
- Vai ao gabinete de Loki-sama, acabaram de receber pistas sobre Amagakure…
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Pequenito, para por em ordem a situação actual e o início da nova etapa^^