Avistava as portas de Kumo ao longe. Finalmente tinham chegado, depois de uma viagem longa. O cheiro característico da aldeia invadiu-lhe as narinas. Foi nessa altura que se deixou levar pelo esquecimento. Não iria pensar no Exame por agora.
Enquanto caminhava pelas ruas, ia-se revendo o que iria hoje fazer. Talvez se deixasse ficar por casa, deitado na cama, sem nada para pensar.
Despediu-se do seu sensei, dizendo-lhe que preferia ir sozinho no caminho para casa. Quando virou a esquina deparou-se com duas figuras conhecidas. Ryu e Yoi. Os seus colegas de equipa. Os seus amigos.
– Então, como foi o exame? – Yoi foi o primeiro a falar. – Havia muitos ninjas fortes?
Vendo a cara de Michael, Ryu deu uma cotovelada no seu companheiro, mantendo-o calado. – Talvez falemos nisso noutra altura, não é melhor Yoi? – O olhar que lhe mandou, fez o rapaz estar calado.
– Conta-nos como é Konoha. – Perguntou Ryu. – Conheceste alguém?
No seu caminho para casa, Michael teve a explicar como tinha sido tudo. A aldeia era muito diferente de Kumo. Não obstante tinha pessoas bastante simpáticas. E depois, Michael contou tudo sobre o sensei mais estranho que tinha conhecido. Maito Gai tinha uma essência de treino bastante… diferente, embora tivesse de admitir que era um grande ninja. Depois também falou de Ireturn, um rapaz ninja com quem tinha treinado.
Tinham chegado a sua casa, mas ainda tinham muito que falar.
– Bem, amanhã falamos. Agora deves querer descansar.
Ryu despedia-se de Michael, enquanto ia arrastando Yoi para ir com ela.
Quando entrou em casa, praticamente a sua família à sua espera.
– Bem-vindo. – Saudou a sua mãe, sorridente, com a sua irmã de dois anos ao colo. Kaede disse-lhe um olá um pouco sonolento. Devia ter sido acordada de propósito para o receber.
Michael sorriu. Por fim, era bom estar em casa.
– Então? Trouxeste algum prémio ou assim? – Perguntou Keitaro.
Keitaro era o seu irmão mais novo. Tinha ainda 8 anos e era estudante na academia. Não era muito parecido consigo. Na verdade, era até mais parecido com a sua mãe, com os seus cabelos castanhos e os seus olhos negros. Além de ter um sentido de oportunidade bastante fraco.
O seu pai conseguiu calar Keitaro assim que reparou na face cabisbaixa do seu filho agora mais velho. – Ouvi dizer que tinhas conseguido chegar à 3ª fase. Estou bastante orgulhoso de ti.
Michael tentou esboçar um sorriso, afinal de contas, não era todos os dias que ouvia um elogio destes vindo do seu pai. No entanto este demonstrou um pouco da sua tristeza.

Tinha passado o resto da tarde a pensar e depois de jantar decidiu ir para a varanda do seu quarto. Kumo estava calma. As estrelas pareciam sorrir para ele, enquanto ao longe as nuvens pareciam querer destruir essa felicidade. Ouviu que alguém tinha entrado no seu quarto. Quando olhou para trás viu o seu pai entrar na varanda.
– Queres falar?
Michael sabia que o seu pai o conhecia demasiado bem. Quando o seu velho se encostou às barras que o impediam de cair, ponderou como seria ele quando tinha a sua idade. – Sabes, é normal um gennin não conseguir muito no seu primeiro exame. Eu, por exemplo, só consegui à terceira. – Hitoshi Hyage fez uma longa pausa, antes de continuar. – Então, queres desistir?
Michael olhou para o seu pai e disse rapidamente: – Não. – Respirou fundo. Não queria desistir já, mas tinha tantas dúvidas. – Só me pergunto quantas mais vezes terei de fazer isto.
Hitoshi sorriu. – Tantas até te tornares Chuunin. – Respondeu como se fosse tão óbvio. – Simplesmente tens de ser tu a fazer com que não sejam muitas mais.
Ouvindo e pensando sobre isto, rápido saiu a correr para a rua, com um sorriso nos lábios. Ia a casa do seu sensei. Ia combinar um treino para o dia seguinte. Se para o ano fosse outra vez a Konoha, iria preparado!

Dia seguinte

Ainda estava ressentido por causa do Exame Chuunin. Tinha ido para lá sabendo que, sendo um novato, já seria extremamente bom se saísse de lá vivo, mas por alguma razão mesmo tendo dado o máximo de si, isso parecia não chegar.
Tinha-se mentalizado que iria treinar duro para que no próximo ano ir a Konoha com a certeza de que iria sair de lá um Chuunin.
O seu sensei tinha aprovado a ideia e marcou um treino para aquele mesmo dia.
Quando chegou ao local combinado admirou-se por ter sido o primeiro a chegar. Era certo que iria empenhar-se este ano para se tornar um shinobi melhor, mas era um exagero dizer que ia começar a chegar mais cedo que o seu sensei.
Desconfiado, esperou quinze minutos. Depois ouviu uns passos vindo da sua direita. Era Kawasu-sensei, porém não estava sozinho. Quando olhou para a figura que acompanhava o seu mestre pôde por fim perceber o motivo do seu atraso. Kyra Ibukoy, a filha dele. Veio a saber por rumores que ela era o contrário do pai no que tocava a acordar cedo. Apostava em como tinha sido difícil para o seu sensei tirá-la da cama.

– Bom dia, Michael. – Disse Kawasu não muito bem-disposto. Pois, apostava mesmo que não tinha sido fácil acordar a sua filha! - Desculpa-me o atraso... – Depois baixou a voz enquanto olhava de canto para a sua filha. - Mas parece-me que há certas pessoas que não têm a noção do que é chegar a horas.
Kyra olhou para o seu pai, com os olhos quase em chamas. – Eu sei o que é chegar a horas! Mas não temos de acordar quando há pessoas que estão a acabar de se deitar do dia anterior!
De facto Kyra era uma rapariga bastante fervosa, observou Michael. – Não tem mal, de qualquer maneira também cheguei à pouco tempo. – Disse o rapaz ruivo.
Kyra olha para Michael, confusa. Semicerrou os olhos e olhou-o de alto a baixo. – Mas o que é que está ele aqui a fazer? – Perguntou ao seu pai.
– Isso queria eu saber. Não sabia que hoje a babysitter tinha faltado, sensei.
Kyra olhou-o furiosa. Se olhar pudesse matar, Michael já estaria bem enterrado à bastante tempo. – Repete o que disseste... – Disse a meia voz.
Kawasu teve de agarrar a sua filha para que esta não se atirasse na direcção de Michael. – Guardem as vossas forças para o treino.
Ambos olharam-no com um ar confuso. – Para o quê? – Perguntaram quase em uníssono.
– Como ambos afirmaram a vontade de se tornarem mais fortes para o próximo Exame Chuunin, pensei que seria melhor treinarem juntos.
– Mas pai, isso irá atrasar o meu treino imenso! – Contrapôs Kyra.
Michael olhou para a rapariga, incrédulo. – O quê? É óbvio que eu é que iria sair prejudicado disso.
Kyra ia contra-atacar quando Kawasu a interrompeu. – Ninguém vai ficar prejudicado com isto. Quer queiram quer não, ambos estão ao mesmo nível e se querem melhorar irá ser um com o outro! Os dois só iram beneficiar, uma vez que iram treinar os erros do outro. – Kyra ia falar novamente, mas o seu pai cortou-lhe a palavra. – E não quero ouvir nenhum dos dois a reclamar!
Kyra cruzou os braços firmemente. – Não posso acreditar nisto! Pai, eu já tenho uma equipa! Não preciso deste pseudo-shinobi para treinar!
– Em parte concordo sensei. Eu também já tenho a minha equipa! Porque não podemos treinar separadamente um do outro?
Kyra olhou para Michael, com um sorriso ligeiramente perverso no canto da boca. – Então sempre concordas que és um pseudo-shinobi, certo?
Michael cerrou os dentes para não dizer nada. Afinal, Kyra sempre era a única filha do seu mestre... e este era bastante protector! Para já ia ficar calado.
Kawasu suspirou. Ia ser mais difícil do que pensava. – Vocês acham mesmo que iram continuar o resto da vida com eles? – Como o disse num tom mais sério, conseguiu captar a atenção dos dois gennins. – O que vão fazer quando os vossos companheiros tiverem de seguir com a sua vida? O que vão fazer quando eles morrerem numa missão?
Kyra ficou cabisbaixa. Michael sabia que a mãe dela tinha sido outrora da mesma equipa que o seu sensei, e que tinha sido morta numa missão quando Kyra tinha apenas 5 anos. Também ele sabia como era a sensação de perder alguém e infelizmente não era muito mais velho do que ela quando tal aconteceu.
Vendo que nenhum dos dois parecia agora reclamar, Kawasu continuou: – Por vezes vocês irão deparar-se com situações na vida em que terão de trabalhar em equipa com outros shinobis. Além disso, não podem depender dos vossos companheiros para sempre.
Kyra olhou para Michael, que retribuiu o olhar. – Acho que posso sempre fazer um esforço. – Disse ainda com os dentes cerrados.
Michael acenou afirmativamente.

Kyra é o nome de uma kuchyiose minha, portanto...Gosto dela

Bom filler DW ^^

I read this filler ^^
Good filler DW, viva à psicóloga!! xP

Fico á espera do próximo episódio.