O nosso coração parou e o sangue gelou, ao longe ouviu-se uma voz… parecia aproximar-se nós, parecia chamar por alguém…
- Ouviste? – Perguntei baixinho a Teshiroi à medida que nos deitávamos no solo rochoso.
- Ouvi, percebeste o que disseram? – Questionava Teshiroi.
- Não, mas cala-te lá para ver se percebo.
Nada se ouvia, apenas o fino correr da água da cascata, cada segundo pareciam horas, a cada batida o seu coração parecia querer-lhe fugir do peito. Finalmente o silêncio foi quebrado e a voz voltou a ouvir-se, parecia mais perto, desta vez ouviu-se um misto de vozes todas falando e gritando em simultâneo, não era apenas um individuo mas sim um grupo, isto complicava as contas. A cada respiração impaciente as vozes aproximavam-se, foi então que se tornou audível…
- Kosshi! Onde estás? – Chamavam por mim, mas quem seria, como saberiam o meu nome? Engoli em seco, suor começou a descer pela minha testa, novamente o meu nome ecoava pelas cordilheiras, mas desta vez eu reconhecera a voz, uma voz impossível de não reconhecer e que me dizia tanto.
- Pai! – Levantei-me num pulo, e vi ao longe, num vale o meu pai e mais 3 Shinobis de Kumogakure, o meu pai olhou em volta, procurando a origem da voz que chamara pelo seu nome. – Estamos aqui!
Os meus olhos cruzaram-se com o dele e rapidamente saímos do nosso esconderijo para ir ao encontro dos nossos resgatadores. Finalmente estávamos a salvo, juntos dos nossos e longe daqueles que mal nos querem. Mas como teriam eles nos encontrado?
- Finalmente te encontro filho. – O meu pai abraçou-me e eu teria retribuído se não estivesse na presença de Teshiroi.
– Larga-me, estás-me a sufocar. – Dizia eu, até que ele me largou.
- Pensava que não te iria encontrar Kosshi, estava preocupado. – Explicava o meu pai.
- Mas como é que nos encontraram aqui no meio do nada? – Perguntei intrigado.
- Após a explosão a vila entrou em estado de alerta e várias equipas foram mobilizadas à área, felizmente não houve mortes, ao interrogarmos os presentes a dona da casa de chá disse-nos que faltavam 2 pessoas, pela sua descrição identificamos logo que era tu e outra rapariga, que presumo que seja ela, mal fiquei a saber que havias desaparecido montei uma equipa de resgate e partimos à tua procura. – Fez uma pequena pausa, engolindo alguma saliva e retomando. – Durante as buscas encontrámos um pequeno mercador que nos disse que havia visto um homem a dirigir-se para as cordilheiras, carregando aquilo que pareciam corpos nos seus ombros, foi então que iniciamos as buscas e à 2 dias que estávamos à vossa procura.
- Pera… 2 dias? Nós tivemos inconscientes 2 dias? – Perguntei bastante surpreso.
- Sim, mas digam-nos, que raio se passou? – Perguntou um dos homens que acompanhava o meu pai. Eu e Teshiroi trocamos um olhar que valeu por 1000 palavras.
- Não sei bem, sé me lembro de acordar numa gruta subterrânea, preso a uma cadeira.
- Só isso? – O meu pai parecia desconfiado.
- Sim, depois procuramos uma escapatória e acabamos aqui. – Respondi tentando ocultar ao máximo os pormenores.
- Tens a certeza que é tudo?
- Sim, provavelmente algum tarado ou assim à procura de pedir um resgate para sacar alguns ryos. – Respondeu Teshiroi, falando pela primeira vez desde que nos havíamos encontrado com a equipa de resgate.
- E diz-me lá, tu quem és? – Perguntou o meu pai, voltando a sua atenção para Teshiroi.
- Chamam-me Teshiroi, sou uma simples gennin de Kumogakure que fui recentemente em missão com o seu filho, depois desta decidimos ir tomar um chá e foi ai que aconteceu tudo isto. – A voz de Teshiroi soava confiante e decidida de modo a demonstrar que não havia mais nada a dizer e que era de confiança.
- És a namorada dele? – Perguntou o meu pai de imediato, desconfiado.
- Não, não, não, nada disso. Vamos voltar para a vila? – Tentei eu mudar a conversa que começava a tornar-se embaraçosa para o meu lado.
- Sim tens razão, vamos voltar para trás antes que a noite caía por completo.
Dito isto iniciamos a caminhada de volta para Kumogakure, enquanto andávamos senti a mão de Teshiroi a tocar na minha, estava gelada.
- Ei, para com isso! – Disse saltando bruscamente e afastando-me dela como se ela mordesse.
- Ei, já que somos namorados temos de andar juntinhos. – Disse Teshiroi chegando-se ao pé de mim.
- Nós não somos namorados. – Respondi levando a mão à cara.
- Eu sei, tava só a mexer contigo. – Respondeu Teshiroi, rindo-se e abanando a mão esquelética com que me havia tocado à pouco.
A viagem até Kumogakure foi longa e cansativa, era já bastante tarde quando chegamos a Kumogakure, as ruas estavam desertas e as luzes completamente apagadas, a cidade dormia na ignorância que um maníaco caminhava pelas suas ruas…
Separamo-nos dos restantes membros da equipa de resgate tal como de Teshiroi, e seguimos rumo a casa, para um merecida noite de descanso.
- Diz-me lá Kosshi, não se passou mesmo nada naquela gruta? Não posso deixar de sentir que me escondes algo. – A desconfiança do meu pai era justificada dada a minha reticência em falar no acontecido.
- Não se passou nada, a sério, não te preocupes. – Respondi tentando acalmar o meu pai ao mesmo tempo que tentava não levantar suspeitas.
Chegamos a casa e fui de imediato recebido por um abraço estrangulador da minha, que entre lágrimas pronunciava algo que não conseguia decifrar, mas provavelmente sentiria saudades minhas. Após todo o espectáculo terminar recolhi ao meu quarto, abri a porta e de imediato senti a corrente de ar que entrou pela janela aberta do meu quarto.
- Mas que raio…
Olhei para a minha cama onde descansava um pequeno envelope branco escrito a letras vermelha, engoli em seco…