Vozes ecoavam na cabeça de Suiyan. O jovem estremecia e procurava mentalmente a fonte do som. Tentou mexer as pernas, mas estas não respondiam. Tentou o mesmo com os braços e com a cabeça, mas pareciam estar adormecidos, teimavam em não responder. Sentia gotas de suor escorrerem pelo seu rosto. Aflito abria os olhos. Encontrava-se num espaço escuro, apenas iluminado em alguns pontos do local, por velas. Olhando ao seu lado, via que se encontrava numa espécie de mesa de ferro, preso por um visco negro. A sua visão era fraca, e a pouca luz do local não ajudava em nada na sua tentativa de ver onde se encontrava. Um som oco ouviu-se no local, cortando por completo o silêncio. O som voltava-se a repetir, e as vozes que Suiyan a pouco ouvira, voltavam. O som ouvia-se cada vez melhor. Passos. Até que um vulto se aproximava de Suiyan. Com um som metálico, a mesa onde o jovem de Kumo sem encontrava subia, virando-se de frente para o vulto que se encontrava parado na sua frente. Seguido de um barulho de bater de palmas, várias velas se acendiam gradualmente, melhorando o campo de visão. O local era aterrador. Era um espaço gigante, todo ele construído em pedras, com paredes semelhantes a ruínas. Ao longo das paredes o mesmo símbolo verificava-se: Um olho negro. O coração de Suiyan acelerou quando este reparou que a um canto, a sua Sensei e Ankuou se encontravam a um canto, igualmente presos pelo visco.
- Vejo que tiveste tempo para apreciar as vistas. – Dizia calmamente uma voz familiar, vinda do local onde o que antes era um simples vulto, agora era Muyami, o rapaz de cabelos rosa com que Suiyan havia lutado á algum tempo – E então, gostas do local?
Os lábios do jovem esforçavam-se para dizer algo, mas apenas tremiam, e nenhuma palavra saia da sua boca. Os seus olhos tremiam em busca de uma forma de ali sair, mas o local parecia abandonado.
- Tenho pena que não possas dizer o quanto gostas do local do teu enterro... – Com uma forte gargalhada, seguido de um estalar de dedos, várias pessoas apareciam cobertas com robes negros ao lado de Muiyami. – Sabem o que têm de fazer.
Os vários elementos de negro espalhavam-se pelo local e estendiam-se sobre joelhos virados contra uma grande estátua, que até aquele momento Suiyan ainda não tinha reparado. A estátua representava o que Suiyan pensava ser um humano de tamanho enorme, apoiado pelos seus joelhos e de mãos ocultando a face.
Sem aviso prévio, uma longa espada perfurava a mão direita de Suiyan. O sangue salpicava por todo o lado. Mesmo com a mão imobilizada Suiyan tentava berrar de dor, mas a sua garganta falhava. Uma lágrima escorria do seu rosto ao ver a sua mão tremula a expelir aquela imensidão de sangue. Com um golpe seco, Muiyami retirava a espada, recolhendo uma amostra de sangue para um pequeno frasco de vidro, e atirando a espada para o chão. Com ar louco, Muiyami ria baixinho e aproximava-se novamente da estátua. Atirava o frasco juntamente com o sangue para dentro de um compartimento escondido na cabeça da estátua, e juntava-lhe outros líquidos desconhecidos, e então juntara-se, de joelhos, aos outros de robe negro, que pareciam estar a citar algo em uma língua estranha. Suiyan lutava contra a forte dor que tinha na mão, enquanto que a dor se espalhava pelo resto do braço a uma velocidade tremenda. Queria berrar, queria gritar por ajuda, mas era inútil e de facto era-lhe impossível. E foi então que uma forte luz envolveu a estátua, e o impossível acontecera. A estátua, como que ganhando vida, pusera-se de pé, retirava as mãos da cara, mostrando assim uns olhos enormes que lançavam uma luz negra sobre todo o local. Duas bolas saltavam dos olhos da estátua, enquanto esta caia no chão e se desfazia em pedaços.
Com um salto Muiyami recolhia as duas bolas negras no ar para dentro de um frasco de vidro.
- Finalmente! – O jovem ria cada vez mais alto e com um ar mais louco que nunca.
- Chega! – Interrompia uma voz arrepiante, causando total silencio no local.
Suiyan procurava desesperadamente pela origem daquela voz, quando um jovem, de cabelos brancos e com uma capa negra aparecia mesmo em frente a Muyami, que ostentava no resto um ar de terror. Ajoelhando-se e estendendo o frasco ao individuo que aparecera, Muiyami parecia desesperado e com medo que algo acontecesse.
O jovem de cabelos cinzentos pegava no frasco e examinava o mesmo. Breves segundos deitava um olhar de desprezo a Suiyan e caminhava para ele, puxando Muiyami que ia de rastos, com medo sequer de se levantar.
- Tu. Foste tu que nos destruíste... – O jovem parecia estar prestes a rebentar de raiva, mas no entanto acalmara, e sorria sadicamente – Não te preocupes, vais ter o que mereces...
Suiyan estava desesperado, tentava mexer todos os membros do seu corpo, mas não lhe correspondiam.
- Levanta-te e faz o que tens a fazer – Dizia o Jovem dando ordens a Muiyami que imediatamente se levantava e pegava novamente no frasco.
Retirava de lá de dentro o que agora se notava perfeitamente serem dois pares de olhos. Com um golpe rápido arrancava os olhos do jovem de cabelos cinzentos, que caia no chão levando as mãos ao local onde á momentos tinha os seus olhos. O sangue cobria Suiyan, que arregalava os olhos de terror. Muyami abaixava-se agora, e Suiyan não conseguia ver o que se passava, apenas ouvia gritos de dor, até que tudo passou por momentos.
Muiyami levantava-se em pânico, enquanto olhava para o seu Mestre. Este levantava-se com dificuldades, com a cabeça baixa. Já de pé, revelava os seus novos olhos. Negros como o carvão. Parecia um autêntico monstro. Soltava agora um riso enorme que ecoava por todo o local, e os corpos dos ninjas de capas negras caiam mortos no chão, secos, sem chakra.
No momento a seguir, a terra começava a tremer, e Muiyami e o seu Mestre olhavam para o chão, onde era possível ver-se um grande buraco a formar-se, até que um gigante ser castanho irrompia do chão lançando terra por todos os lados.
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Muito estúpido, mas é para despachar x'D