Era de noite, e Suiyan, Yumi e Ankuou haviam parado para descansar, após uma longa viagem. Haviam montado um mini acampamento no meio de uma floresta, provavelmente a ultima que iriam ver antes de chegar a Seikyou No Sato. O jovem de cabelos brancos e Ankuou encontrava-se ao pé da fogueira, enquanto Yumi descansava na sua tenda. Suiyan olhou para Ankuou, que escrevia algo num pedaço de pergaminho amarrotado e com um selo fazia o papel desaparecer num leve fumo cor-de-rosa.
- Não sei qual é que foi a tua ideia… - Dizia Suiyan cortando o silêncio ao mesmo tempo que chamava a atenção de Ankuou com o seu olhar.
- Essa é mais uma das tuas crises da mania da perseguição? – Respondia Ankuou enquanto verificava se tudo se encontrava bem na sua tenda – Não, não sei do que é que estás a falar – Dizia imediatamente ao reparar na expressão de Suiyan.
- Estou a falar da mensagem que me envias-te pelo vidro… - Dizia o jovem, que tentava encontrar um deslize por parte de Ankuou.
- Se pensas que te ando a enviar cartas de amor, esquece – Gozava Ankuou atirando mais paus para a lenha – Não fazes o meu género…
- Deixa de ser arrogante! Afinal quantos livros da minha família guardas tu? – Gritava Suiyan levantando-se de repente.
- Fala baixo, não vês que vais acordar a sensei? – Dizia num tom provocador.
- Não respondes-te a pergunta…
Ankuou encostava-se de novo na árvore, sem largar o olhar de Suiyan, enquanto que este se sentava igualmente á espera de uma resposta.
- Eu já te disse, não fui eu… - Ankuou parecia convincente com o que dizia – Mas já agora, posso saber ao certo o que te enviaram?
- E agora quem é o cusco? – Suiyan retirava um pequeno envelope do bolso e segurava-o na mão direita. Estava a pensar se devia mesmo mostrar a Ankuou.
Quando deu por ela, a jovem tirava-lhe o envelope e abria-o, revelando as letras vermelhas escritas naquele pedaço de papel.
- Isto deve ser só uma brincadeira de crianças…
- Duvido… Não acho uma criança fosse fazer isso… – Dizia Suiyan ainda indignado com a falta de respeito de Ankuou. – Para além do mais, vinha com isto – Suiyan retirava agora o livro da pasta, o livro que até agora se encontrava a ler, o novo livro que tinha sido enviado juntamente com o papel. Segurando bem o livro nas mãos, para não ser roubado por Ankuou como o outro.
- Parece que já tens outro brinquedo para te entreteres, uma vez que recuperei o meu – Dizia sarcasticamente Ankuou que se encontrava demasiado ocupada a organizar a sua mochila de viagem.
Suiyan ignorava a resposta seca de Ankuou, e voltava a virar as suas atenções para o livro. Até então não percebera nada do que se encontrava escrito, eram frases demasiado desenvolvidas e numa língua demasiado cuidada e desenvolvida para a sua inteligência. Guardou o livro de novo na pasta, e voltou as suas atenções para Ankuou, que agora organizava os seus livros. Havia uma pergunta que o rapaz lhe queria fazer à muito tempo, e que lhe remexia a cabeça mais que as palavras misteriosas do recado.
- Afinal, como vieste parar á minha equipa? – Perguntava Suiyan cortando o silêncio de novo. – Não me lembro de te ter visto na academia ou até mesmo na vila.
Ankuou parava agora de arrumar e sentia-se nervosa. Parecia que estava a procura de uma resposta convincente para lhe dar.
- Eu sempre estive na vila – Sorriu Ankuou para Suiyan, era uma expressão que até então Suiyan desconhecia. – É normal nunca nos cruzar, estou sempre em missões e a treinar, não sou lá muito social…
- Pois, nota-se que não és social… - Respondia Suiyan, colocando as mãos atrás da cabeça e deitando-se de costas.
*****
Já era de madrugada, e a equipa constituída por Yumi, Ankuou e Suiyan já se encontrava reunida e pronta para partir. Malas feitas e tendas desmontadas. Apagavam todos os vestígios de acampamento, para não deixar qualquer tipo de pista para evitarem serem seguidos, e já se preparavam para partir em caminhada novamente, quando Yumi os chamou, para se juntarem a ela.
- Venham cá, ainda preciso de vos contar uma coisa importante – Dizia Yumi voltando a verificar, pela centésima vez, se ninguém os escutava.
- Mas já não nos desses-te tudo? – Perguntava Suiyan, enquanto se aproximava de Yumi como pedido.
- Não, ainda falta avisar de uma coisa deveras importante, mas que corria grandes riscos em ser ouvida a dizer isto em Kumo, por isso estamos mais longe, estamos mais seguros para falar, mas é melhor sempre verificar.
Fez uma sequência de cinco selos, fechou os olhos e concentrou-se. Durou cerca de cinco segundos, até que voltou a abrir os olhos.
- Estamos seguros. Então é o seguinte.
“Supõe-se que Seikyou No Sato esteja a ser controlada por um grupo de ninjas muito perigoso. Não significa que tenhamos de combater com eles, o objectivo continua o mesmo, mas temos de tomar mais cuidado com todos os passos que damos. Se descobrem o que pretendemos fazer, ou se até mesmo descobrem quem somos a nossa missão fica logo como falhada, e mais importante ainda, ficamos em maus lençóis. Por isso, fiquem atentos a qualquer sinal, sombra, barulho, a tudo, e não dêem nas vistas de sermos ninjas. Lembrem-se, somos simples aldeões.”
- Hai – Suiyan e Ankuou pareciam agora muito mais sérios.
- Mas que…
Ankuou e Yumi colocavam-se em posição de defesa. Suiyan não sabia o porquê daquela súbita acção por parte das duas, mas decidiu colocar-se igualmente em defesa á espera que algo acontece-se. E foi então, que uma voz proveio dos arbustos, e um rapaz apareceu.
- Ora… Parece que me descobriram senhoras… - O rapaz de cabelos cor-de-rosa e de kimono branco fazia uma profunda vénia – Muyami ao vosso dispor… - Com um estalar de dedos, duas jovens saltavam agora também dos arbustos e colocavam-se ao lado de Muyami, que sorria para as duas raparigas, Ankuou e Yumi.
- Oyuki – Apresentava-se a rapariga de cabelos loiros e fato igualmente branco.
- Shinda… - Dizia a outra rapariga, esta com uns cabelos compridos, brancos, e com um fato igual a Oyuki e Muyami.
- O quê que vocês querem? – Perguntava Suiyan, enquanto Yumi e Ankuou se encontravam em silêncio a observar a situação.
Muiyami puxava os seus longos cabelos cor de rosa para trás dos seus ombros, e estendia o dedo para Suiyan, ostentando um sorriso preverso – Nós queremos-te a ti!