Filler 3 – Odor (1/2)



O cheiro da fumaça, o cheiro da noite, o cheiro do pó o cheiro do shampoo e o cheiro do sangue... Naquele dia vários cheiros marcaram a vida de Datte. E pensar que aquela manhã iniciou-se tão simples...
- Yo Datte!- Shounan em um piscar de olhos aparecia em frente ao garoto que parado no habitual ponto de encontro quase entregava-se ao sono, com um salto o jovem reabriu os olhos enxergando o sensei, nem parecia que cinco dias haviam passado desde que Datte tomou sua decisão e neste tempo o mestre havera pegado pesado nos treinos e exercícios mentais expondo o garoto a todo o tipo de treino, o resultado era um aprendiz exausto.
-Sabe shounan-sensei, eu sei que estamos trabalhando sério e tudo mais... Mas não já é hora de descansar um pouco?
- Tem razão, bom, então vamos acampar! Não se preocupe com permissão pois eu já tratei disto, nós vamos para um pequeno vilarejo aqui perto.- O homem parecia animado e ao mesmo tempo inquisitivo, era clara a sua posição, Datte não estava sendo convidado à um passeio, ele estava sendo praticamente seqüestrado.
- Eh...Então vamos.- O garoto gesticulava com as mãos desanimadoramente enquanto falava em igual tom.
O sol subiu e o calor aumentou frente à caminhada monótona rumo ao desconhecido, Shounan cantarolava uma música que deveria ser animada, mas com o eco de dentro de sua máscara tornava-se macabro, estavam em um trigal já distantes da vila a sós ou ao menos era isto que Datte pensava.
- Sensei... Você sente isto?
- O que? Shounan enquanto andava olhou para trás com os habituais olhos profundos.
- Eu sinto cheiro de... Fumaça...
Foi rápido demais, mas o garoto poderia jurar que Shounan estava rindo por baixo da máscara segundos antes de uma explosão entorpecer seus sentidos e tudo virar nada, o garoto só lembrava-se de ter voado alguns metros e um som agudo ensurdecê-lo ao mesmo tempo em que milhares de agulhas perfuravam seu corpo, sua mente estava rápida demais e tudo girava enquanto o garoto caia no chão, ou era o teto? Simplesmente impossível distinguir em meio aquela rotação toda, Datte fechou os olhos e novamente sentiu milhares de agulhas perfurarem-no o braço, o garoto ainda meio bêbado de confusão tentou se levantar, mas de nada adiantou e foram segundos que pareceram anos deitado lá olhando o mundo girar e ouvindo aquela irritante sineta aguda. Seus olhos fecharam.
Tudo era confuso ali, a escuridão tampava seus olhos ao mesmo tempo em que o pó cobria-lhe o corpo, em sua face o sangue seco marcava as feridas dolorosas e seu braço ardia em chamas enquanto sua cabeça em um latejamento perverso impedia-o de se estabelecer, rapidamente o garoto pensou “Então é assim que se fica quando perde-se uma batalha, parece mais uma ressaca de sakê” Seus devaneios foram impedidos por uma mão que tocara-lhe o ombro.
- V-Voce! Q-Quem é você? - As lágrimas embargavam a voz feminina que soava naquela escuridão.
Datte frente à surpresa logo conseguiu restabelecer-se fazendo sumir a tontura. As forças voltavam à seu corpo com aquele toque revitalizante, agora havia motivo para viver. Ele sentiu o toque alheio então tinha certeza que estava vivo! Contraiu o braço direito a fim de se levantar mas notou que este não respondia, então preferiu usar o outro, o garoto em um esforço inacreditável logo sentava-se e erguendo a cabeça olhara para quem o tinha salvo.
Um frio corria por sua espinha, agora olhando melhor à luz do luar ele realmente deveria ter morrido. À sua frente jazia o ser mais belo do mundo.
Dois braços esbeltos rodearam seu pescoço e lágrimas molharam seu ombro, apenas duas palavras se ouviam.
- Me ajude...
Datte quase desmaiou novamente enquanto sua face vermelha reagia ao cheiro daqueles maravilhosos cabelos negros, a garota chorava desesperadamente enquanto Datte sem fazer nada apenas estava entregue à insuportável dor no braço que era apertado pelo abraço alheio.
- Argh... Er, o braço... Perdão senhorita, mas o braço...
A garota continuou o choro até o ombro de Datte estar completamente encharcado, ela então o soltou e sentou-se na frente dele, o ninja agora vendo melhor reparava os traços delicados e a face que parecia feita de porcelana, ela era simplesmente linda.
- quem é você? Sabe o que aconteceu aqui? – Datte olhava em volta e percebendo os corpos ensangüentados no chão interrogava a garota.
- S-Sim... Nósgh... Ela interrompeu o que iria dizer para pôr a face entre as mãos e chorar novamente.
- Shhhhh... Acalma-te, vamos sair daqui, me ajuda a levantar? - O ninja quis parecer calmo, mas por dentro seu coração disparava ao mesmo tempo em que o medo corrompia seus pensamentos. A garota afirmou gesticulando a cabeça e ajudando Datte a levantar-se começou a caminhar com este pela estrada, nenhuma palavra se falou e por um longo tempo o silencio só era quebrado pelo soluçar incansável da garota, chegado a uma espécie de celeiro Datte simplesmente se jogou no feno ali presente e voltou-se a sentar.
- E então, está mais calma? Pode me contar o que houve ali?
A garota hesitou um pouco e brevemente mostrou que iria chorar, mas logo respirou fundo e soltou a voz:
- Nós estávamos colhendo o trigo, era para a safra desta temporada... E ai eles apareceram! – Ela soluçou e colocou as mãos na face. – Eles vieram, com suas lâminas e suas explosões subjugaram-nos rapidamente, eles carregavam espécies de bolinhas que quando tocavam o chão se partiam em mil pedacinhos, eles começaram a matar e a matar... Eu fugi um pouco depois de começar tudo, e quando voltei, oh meu deus eles morreram! E agora! Para onde vou?! - Ela novamente pôs as mãos na face e começara a chorar.
Datte horrorizado só pensava na face de Shounan sorrindo minutos antes de tudo acontecer, será que ele estava por trás disso?
- Ok eu preciso me recuperar, acho que alguma coisa me atingiu e não posso mexer o braço, após isto eu lhe ajudo a procurar sobreviventes, ok?
Os olhos da moça brilharam alívio e novamente esta abraçava Datte.
- Obrigado eu... Nem sei como agradecer! Oh, você é um ninja certo? Pode acabar com eles! Eu sei que pode! - Ela parecia tão feliz que Datte sentia-se até sem ar de ver tanta beleza junta.
- Er... Isso, eu vou acabar com eles. - Ele estava tão hipnotizado por ela que mal percebia que estava cometendo suicídio prometendo isto, mas não importava, ela era mais desejável que a vida.
A noite passou-se e a recuperação de Datte fora ótima, na manhã seguinte descobriram os dois que o que havia atingido o braço do ninja fora estilhaços de uma bomba e não agulhas, o que não animou muito o garoto.
- Olha, eu preciso pegar algumas frutas, já estamos quase sem alimento. A garota falava perto de Datte arrumando alguns poucos frutos em um canto, ao levantar-se a garota distraidamente tropeçara em seus próprios pés caindo em cima de Datte, seus lábios por pouco não tocaram-no e de perto o ninja pôde ver os belos e profundos olhos castanhos... Ela embaraçada e em enrubescida postava-se a correr rumo à floresta que não ficava muito longe dali. Datte quase voando mal acreditava no que acontecera, e novamente seu devaneio fora interrompido por alguém, um grito abafado o chamava em direção à floresta.
- DATTEEEEEEEEEEEEEEEE!
- HANNAAAAA!! O garoto em um desespero instantâneo superava as feridas e mesmo com o braço inutilizado saia correndo em busca da garota.
Este sim foi significativo, uma clareira verde banhada pelo sol da manha, no ar a poeira voava em uma leve brisa gelada, no chão corpos estrebuchados jaziam cadáveres desprovidos de aparência, alguns estavam escalpelados e outros completamente desfigurados, o cheiro do sangue invadia a alma.


Continua...


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Este ficou bem pequeno porque o povo reclamou do antigo ter ficado muito grande =/ então eu dividi

Está muito bom Loan, mesmo! Já não lia algo teu à algum tempo mas notei algumas melhorias de escrita neste filler, talvez pelas descrições todas que tornaram a leitura muito melhor (:
Apesar de não ter acompanhado os fillers anteriores, vou começar a ler os próximos que ai vêem ^^

Boa sorte com a garota.

Nice Filler, e agora sim mais pequeno

Tens ai uma bela história cheia de mistérios... Já vou ler o próximo