03 - Waterfall Cave
"Em nome da dívida e do Shinobi Morto". Não importava quantas vezes olhava para aquele papel, não entendia a mensagem. Levantei meus olhos e vi o céu estrelado, embora desse para ver os primeiros raios de sol.
Fiquei bastante tempo no hospital... pensei,
É melhor eu ir para casa, dormir rápido. Amanhã falo com pai sobre o bilhete. Com um selo de mão, meu casaco se transformou na arraia novamente. Montei nela, e partimos para casa.
Minazuki, morta de cansaço, se desviou de um poste, quase me fazendo cair de suas costas. Com um olhar de seu único olho, me transmitiu uma mensagem de "desculpe". Apenas sorri para a pequena criaturinha, que apertou o passo (ou melhor, o voo).
~~ ~~ ~~ ~~ ~~
- Bem Hashi, acho que ela escapou... - disse meu pai para sua arraia.
- *O*
Estavam em um campo aberto, sentados numa pedra, descansando, enquanto meu pai fumava. O chão e as árvores ao seu redor estavam cheios de cortes, projéteis e restos de papel-bomba, o que dizia que a luta não fora fácil.
- Será que chegou a hora de contar para Yanx o resto da história?
A arraia encarou meu pai com um ar de dúvida, mas logo acenou com a cabeça que sim.
Ele subiu em Hashi, e em uma velocidade incrível de quase 100km/h voltaram voando para a cidade.
~~ ~~ ~~ ~~ ~~
Ao chegarmos em casa, não acreditamos no que vimos: a parede lateral completamente destroçada, e cacos de vidro espalhados pelo chão mostravam que uma batalha aconteceu por ali.
- M-mas que diabos...
- Ah, filho! Acordado à essa hora? - dizia meu pai, com seu manto azul cobrindo os ferimentos.
- O QUE ACONTECEU COM A NOSSA CASA??!
- Ah, eu tive uma briguinha com o fatiador de salame.
- Você chama
isso uma briguinha? - perguntei, enquanto apontava para os restos do quarto dele.
Ele deu uma risada alta, e colocou a mão dele na minha cabeça.
- Vá dormir filho. Vou preparar o sofá para mim hoje. Temos muita coisa para conversar amanhã.
"
Vá entender este meu pai..." pensei.
...
Acordei cedo, pela primeira vez. Me vesti com o básico, peguei Minazuki e saímos sem nem sequer comer. Um bilhete na mesa da sala dizia "
Venha no salão do seu avô. Tenho outra surpresa para você." e embaixo estava o carimbo do nosso clã.
A cada hora que se passava minha vida ficava mais complicada. E eu sabia que aquela sala tinha as respostas.
Não demorou muito para que eu e Minazuki chegássemos na grande construção próxima à montanha das sete cabeças, representando os Hokage daquela vila. Contornamos a casa e chegamos no salão dos fundos.
Pousei à uns metros da casinha, onde fui "calorosamente" recebido pelo meu pai, que rapidamente me imobilizou.
...
- Acorde filho! - Gritava meu pai, para que eu retomasse a consciência.
- Ew... o que você fez comigo?
- Injetei um soro enerético em você. Do jeito que é lerdinho, não iria prestar atenção no que vou te falar.
Estávamos sentados em volta de uma mesinha, que agora ocupava o centro do salão dos fundos. Nela havia um copo com um líquido esverdeado, que eu duvidava que fosse chá ou outra coisa parecida.
- Filho, vamos ter uma conversa de homem para homem...
- Pai! Se for falar do ovinho e da minhoquinha, eu já sei, ok?
- o_o não é
tãão de homem para homem assim não. O que eu vou te falar é sobre seu avô e sua mãe.
Fiquei pasmo. Desde que era pequeno, meu pai nunca havia me contado da minha mãe. Ele disse que ela morreu numa guerra, mas nunca achei o nome dela nos registros da biblioteca.
Minazuki acordou do meu lado. Parece que meu pai havia imobilizado-a da mesma forma. Olhava para ela tentando se contorcer, enquanto meu pai tirava uma foto do bolso do casaco.
- Esta daqui é sua mãe. Foi uma foto tirada cerca de 16 anos atrás, para um cartaz de "Criminoso RANK S".
- E-então mamãe foi uma criminosa?
- Mais do que isso. Mas a verdade é que ela nunca matou um inocente sequer na vida.
Eu era mais jovem, nos apaixonamos e tivemos você. Mas então ela teve que fugir, pois começaram a suspeitar dela. Usando uma técnica de Bushin avançada, conseguiu disfarçar a própria morte, para que pudesse fugir sem rastros.
Olhava perplexo para a foto. Aquela inocente moça de cabelos azuis curtos já fora uma criminosa Rank S, e das mais procuradas ainda. E o pior de tudo, ela era minha mãe.
- Mas e o vovô? E os criminosos que tentaram matar ele?
- ELES TENTARAM ISSO??? - gritou meu pai, com toda a força que tinha.
- Er... esta era uma parte que eu ia te contar... ele ainda está vivo, mas está internado...
- O_O E POR QUE NÃO ME CONTOU?
Queria dizer "Tive preguiça na hora". Mas me lembrei instantaneamente do que ele fez com o quarto dele, o que me fez mudar de assunto para não morrer.
- Pai, quem eram aqueles homens?
- Hum... - disse, mais acalmado - são um grupo de mercenários contratados para todo tipo de serviço.
- E...
- E eu e seu avô contratamos eles para testar suas habilidades como genin.
- E...
- Mas não sabíamos que você conseguiria matar um deles. Nenhum de nós esperava que seus origamis iriam explodir... por isso foi tão fácil matá-lo.
- Só porque fiquei orgulhoso...
- ENFIM - disse meu pai, cansado das minhas interrupções - Eles vão tentar nos matar, para se vingarem do colega morto.
Ele se levantou e fez alguns selos de mão. Pouco depois encostou o dedo na parede dos fundos, que se abriu, revelando uma passagem secreta para o interior da montanha dos Hokages.
- Este foi o local onde nossos ancestrais encontraram a primeira arraia ninja, que logo se adaptou ao nosso estilo de vida. E é aqui onde você vai treinar, até conseguir se defender.
- Mas e meu sensei, e meu time?
- Eles realmente PODEM esperar.
Então adentramos na caverna.
...
- Pai, estamos chegando?
- Ainda não.
- Mas estamos caminhando à horas!
- Pode deixar, tenho certeza de que estamos quase chegando.
Meio desconfiado, continuei a seguí-lo. O tunel era iluminado por algumas velas, que se apagagavam conforme andávamos. Era a influência do chakra de vento do meu pai.
Teve muita caminhada a partir dalí. Até que perdi a paciência e invoquei Minazuki para me dar uma "caroninha".
Meu relógio de pulso marcava 16:32. Estávamos à dez horas naquela caverna, embora parecessem apenas três. Mas Graças ao Eremita, avistei uma luz. Minazuki acelerou um pouco, com muita vontade de sair daquele túnel espaçoso.
O outro lado dava em um salão subterrâneo. Não havia entrada de ar, embora fosse completamente arejado. Dei apenas alguns passos em terra firme, pois o resto estava coberto com água quente, que dava a impressão de ser uma grande fonte termal. Uma cachoeira de água quente desabava de uma pequena colina que havia no local.
- *0* me belisca, acho que cheguei no paraíso. Posso entrar?
- Pode - afirmou meu pai.
Me despi completamente e entrei na fonte. A água era incrivelmente relaxante, e parecia recuperar meu chakra perdido nas invocações. Minazuki também parecia aproveitar bastante o local.
Meu pai se ajoelhou, pegou meus pertences e se dirijiu ao túnel de saída, dizendo:
- Nas próximas semanas você conhecerá o lado da família de sua avó.
- Como assim? - perguntei, ainda aproveitando a
jacuzzi particular.
- Desta forma!
Ele fez o selo do javali, invocando assim Hashi, sua manta. Hashi atacou o teto, fazendo com que algumas pedras caíssem no buraco por onde escorria a água, fazendo assim com que a àgua não tivesse como sair da sala.
Hashi engoliu meu pai rapidamente, e desapareceram no corredor como uma flecha. Saímos rapidamente da água morna e corri em direção à saída, que se fechou como se ela nunca tivesse existido.
- Pai, se isso é uma pegadinha, foi muito boa!
O silêncio novamente ironizou minhas falas. O único barulho que escutava era o da cachoeira, que parecia despejar mais água que o normal.
Olhei para os lados; nenhuma saída. Olhei para o teto, sem também nenhuma entrada de ar.
Comecei a atacar as paredes com as Kami Shuriken (explosivas) que guardava na minha bandana, o único traje que me restara naquele momento. Mas estranhamente os buracos que eu fazia se regeneravam, como se estivessem vivas.
Doton Kekkai: Dorō Dōmu, pensei. Mas o maior nervosismo era da água, que já atingia minha cintura. Montei em Minazuki, e voamos para a parte mais alta da cúpula fechada.
Em poucos minutos, a água nos atingiu. Ou meu pai queria me matar ou ele tinha um grande plano. E eu torcia para ser o segundo.
Nas próximas semanas você conhecerá o lado da família de sua avó. E eu tenho que morrer para conhecê-los? Dei meu último suspiro antes da água atingir o topo da cúpula. Me restavam alguns segundos, talvez um minuto se conseguisse aguentar.
Minha visão começou a ficar turva, e comecei a sentir fortes dores na região do pescoço. Seria aquele o fim?
Tudo graças à maldita Caverna da Cachoeira.
(obs: ainda não é o fim)