Aqueles "balneários" que mais pareciam prisões eram a única coisa que me separava a mim dum novo combate até à morte. Pelo menos, era o que aquele público sádico esperava.
- Preparam-se! - disse um guarda, que estava à porta do "balneário". Olhei à minha volta e vi uma cambada de putos assustados, sem saber o que tinha acontecido ao seu oponente anterior ou o que lhes iria acontecer.
Eu também o estava, assustado, com um medo que percorria cada fibra do meu corpo sempre que inspirava. O guarda olhou para mim e para um rapaz de olhos claros com um olhar que nos perfurava a alma, mas que ao mesmo tempo sentiam pena de nós.
- Vocês os dois, tá a andar - rugiu, pegando-me por um braço. Retirei-o à força daquelas mãos gastas e tentei fazer o mais ameaçador olhar possivel. Soltou um pequeno riso e voltou a fechar a porta do "balneário" - coloquem-se nas vossas posições - ordenou. Acatamos aordem do homem rude e colocamo-nos frente a frente, em posição de combate.
Mirei o rapaz, era alto e magro... Muito provavelmente mais velho que eu e tinha uns olhos azuis que conseguiam ver, para além de olhar.
- Comecem! - berrou o guarda.
- Afastei-me com um salto, e o rapaz reagiu fechando mais a sua defesa e observando os meus movimentos, um a um.
- Diz-me o teu nome, por favor - pedi gentilmente. O rapaz estranhou mas sorriu e acabou por responder.
- Irati... - fez uma breve pausa - Itari Gasaka - fez-se um silêncio esquisito na arena, até o rapaz à minha frente se pronunciar novamente - Kentai, o campeão!
- Desculpa? - perguntei com tremenda cara de estúpido - seja como for, eu sou o Hayato! - disse sorridente.
- Já sabemos! - disse o rapaz. Estranhei, mas não liguei... Apesar do meu "medo", decidi avançar. Desapareci em corvos (genj) e ele soltou uma pequena gargalhada. Eu sorri, atrás dele.
- Ri-te menos - sussurrei-lhe. Não o ataquei e ele afastou-se rapidamente para a direcção oposta a mim. Lançou-me algumas shurikens , das quais me desviei agilmente. Reagi lançando-lhe uma grande bola de fogo que aumentei posteriormente com uma igualmente grande rajada de vento. Aquela arena escura e tenebrosa inundou-se em chamas, mas quando todo aquele mar de fogo assentou, o rapaz não estava onde eu esperava. Estava escondido atrás daquela árvore morta e inerte. Corri para ele enquanto concentrava chakra e fazia alguns selos - já que gostas tanto de árvores - brotaram raízes do solo mas o rapaz, não sei como, apercebeu-se de imediato que era um genjutsu, usando o kai para fugir do mesmo.
- Espera aí que tu vais ver...! - disse-me o rapaz soltando uma pequena gargalhada. Pegou numa corda e lançou-a ao meu encontro. Desviei-me com um Shunshin mas Itari... ou Kentai, não sei, fez um movimento brusco e acertou-me com a corda. Era anormalmente dura... aliás, tão dura que me fez voar alguns metros.
- O que é isso? - perguntei, tentando estancar a ferida no meu braço, fazendo pressão na mesma. Ele chegou-se perto de mim com aquele objecto comum nas mãos e riu-se, mais uma vez.
- Cordas... E mais cordas! - disse multiplicando-a, formando outra na outra mão. Atirou-a contra à árvore e uma argola apareceu para a segurar. O rapaz de cabelos curtos circundou-me e enrolou-me a corda ao pescoço, usando a outra para me prender os pés. Olhei para ele e desapareci em corvos, aparecendo mais à frente - gosto dos corvos - disse soltando uma gargalhada.
- Eu também - disse olhando para a sua cara, de olhos vermelhos e enchendo-o com um medo que o paralisou, após observar a sua própria morte. Rapidamente fiz mais uns selos e a escuridão inundou o mundo de Itari, mas eu acreditava em pleno que era simplesmente para o seu bem, não queria que ele sequer tivesse uma ideia do que eu estava prestes a fazer. Fiz um Shunshin para a sua retaguarda e com o punho carregado de chakra, apliquei-lhe um Okasho num sítio estratégico para o pôr inconsciente, daqueles que memorizei bem quando estava na Academia. Os médicos vieram no seu auxílio, e eu virei costas para os "balneários".
- "Eu sei que te vais safar." - pensei para os meus botões.