O Acampamento Imagawa era simplesmente divinal. Todos os edifícios do acampamento foram feitos de rochas e terra numa mistura esteticamente bela e com muito chakra à mistura sendo que depois telhados, paredes e janelas eram decorados com outros tipos de materiais como grandes folhas, troncos velhos, plantas, rochas colorida, palha, todos eles naturais. A palavra “tecnologia” não se usava dentro do acampamento, a iluminação à noite, e em todos os edifícios, era alimentada por Katon ou um fogo normal que mantinha-se constantemente alimentado por pilhas de lenha. Equipamento militar não era necessário, os Imagawa tem um alto escalão de assassinos, tais homens que nunca precisam de grandes utensílios para as suas missões. A comida costuma ser fornecida pela Mãe Natureza por caça, pesca ou criação de gado, ou então, semanalmente, aparece um mercador, ou mais, que de imediato abrem um pequeno mercado no acampamento onde todos os Imagawa podem comprar o que quiserem. A riqueza é distribuída conforme as leis do comunismo mas, caso alguém não trabalhe durante uma semana então este não era considerado merecedor de dinheiro, mas este tipo de caso raramente ou nunca acontecia.
O Acampamento também era dividido em quatro áreas importantes. A Área Administrativa, a área mais pequena mas ao mesmo tempo das mais importantes, portadora do edifício principal da aldeia em conjunto com um armazém gigante, o maior edifício de todo o acampamento e onde era guardado todo o alimento e recursos, e um hospital onde feridos e idosos eram tratados. A segunda área é a Área Residencial, a maior área de todos esta é a zona onde há o maior número de edifícios sendo todos estes casas ou motéis, toda a gente passa noite nesta área sem exceções sendo que os motéis ficam para turistas, mercadores ou simples visitantes que só querem passar a noite. A terceira é a Área Comercial, a segunda área maior e a preferida de todo o acampamento, é nesta zona que se situa a Praça, famosa pelas enormes festas de noite e pelos extensos e populosos mercados de dia. A última área, mas não menos importante é a Área Militar, esta é a única área que se divide nos quatro cantos do Acampamento tendo um único edifício conectado a esses cantos da muralha, é nesses edifícios que os jovens Imagawa começam a treinar para tornarem-se Shinobis e onde os mais velhos podem ir à procura de informações. As quatro Áreas Militares são nomeadas de Área Um, Dois, Três ou Quatro.

E assim Katsu dirigia-se para a Área Três despedindo-se de Kimera com um leve acenar apesar de a rapariga pouco dar-lhe importância coxeando em direção à Área Administrativa para refugiar-se no hospital o mais rápido possível. Na Área Três, o mercenário despachou-se a entregar a sacola das moedas que o Oráculo fornecera-lhe para depois dirigir-se ao edifício principal. No meio do caminhar, Katsu passava por incontáveis Imagawa cumprimentando-os a todos apesar de só conhecer a cara de alguns. Finalmente este cruzava a imponente Praça onde já podia-se ver alguns jardineiros a cuidarem das respetivas plantas ou a consertarem alguns bancos partidos com o seu Doton. Não era Dia de Mercado o que levou a Katsu soltar um breve suspiro pois esse era dos seus dias preferidos. Mesmo que este adore bons momentos de silêncio, um Dia de Mercado era incomparável, uma enorme animação cheio de leilões e pechinchas a baixo preços, este nunca vai-se esquecer quando Kimera comprou da última vez dez maços de tabaco justificando que numa semana era certo acabar com eles todos. O rapaz sorria a pensar que oito desses maços ainda estavam em casa deles e que o Dia do Mercado podia muito bem ser amanhã. O edifício principal por fim erguera-se, as paredes e telhado eram rocha pura manuseada facilmente pelo Doton dos Imagawa, sendo depois as janelas recobertas com algumas folhas de palmeira e a entrada da imponente porta com um corrimão composto por algumas pedras brilhantes a contrastar com a quietude das plantas. Numa ligeira concentração de chakra e num único selo, Katsu forçava a porta de Doton afundar no solo passando para dentro do edifício e depois soltando o selo para que a porta voltasse a erguer fechando-se por completo.
-Nightmare! – Berrou o vulto ao longe do cubículo. Notava-se que este dava meia-volta e caminhava na direção de Katsu a passos apressados, ecoando as suas botas pesadas por todos os recantos. O interior do edifício fora atabalhoadamente decorado, como o mercenário conhece o líder, este provavelmente limitou-se a atirar umas quantas plantas para um canto, pendurar alguns cartazes na parede de forma desorganizada e colocar a secretária talhada a madeira de palmeira e as cadeiras no fim da sala – Finalmente chegaste meu filho.
-Olá Yu-sama! – Cumprimentou Katsu de igual forma dando um leve abraço ao seu líder, largando-o depois de forma educada. Depois fitava o olhar divertido e alegre do seu chefe.
-Como sempre cumpriste a missão rapidamente, então como correu? – Perguntava de forma divertida virando-lhe as costas e encaminhando-se para a secretária convidando o seu pupilo a sentar-se com ele com um gesto ledo com a mão.
-Bem, na realidade…
-Ok, ok já vi que adoraste! – Interrompeu de imediato dando meia-volta e fitando Katsu de novo – Tenho uma novidade para ti, queres saber o que é? – Perguntou este não conseguindo esconder um entusiasmo e um forte brilho no seu olhar, contudo Katsu passava uma imagem imparcial e indiferente devido à sua máscara o que só desmotivava o seu chefe – Tenho uma nova missão para ti!
-Outr…
-Vais ter que ir até um templo não muito longe daqui – Continuo a falar interrompendo de novo o seu pupilo sem grande preocupação – A alguns quilómetros do nosso Acampamento situa-se uma estrutura gigante porém em ruínas. Os nossos antepassados veneravam esse templo justificando que a Mãe Natureza tinha uma personificação lá dentro e que devia de ser constantemente venerada. Obviamente que, por respeito, nunca lá entraram então a certeza de que a personificação estava realmente lá foi sempre incerto. Esse mesmo templo, anos depois, desabou após uma catástrofe natural. Os nossos ancestrais temeram o pior, mas nada aconteceu. Muitos pensaram que a personificação prevera a catástrofe e que mudara de templo, outros pensam que esta divindade nunca existira. Nunca mais se refletiu sobre isso até porque a Mãe Natureza, desde aí, tem sempre sido generosa connosco. Anos mais tarde o nosso clã foi expulso de Kusagakure e foi nesse exato templo que “Esperança” estabeleceu uma aliança com os Kumokira para que na Segunda Batalha conseguíssemos derrotar os Fukeru…
-Mas não conseguiram… - Completou o rapaz lembrando-se de imediato de Kimera e da sua causa, do porquê de Katsu a ter acompanhado….
-Sim… Mas já estamos a espalhar-nos muito. Faz parte de um ritual acordado entre os Imagawa e os Kumokira de que um mercenário Imagawa e um Chunnin Kumokira estabeleçam um “laço” anualmente. Este ano decidi escolher-te a ti “Nightmare”… - Acabou por fim o líder atirando-se para cima da sua cadeira de folhas espreguiçando as pernas e fitando o mercenário à sua frente com outro olhar divertido – A tua missão é ires até esse templo. O resto das indicações ser-te-ão dadas lá!
-Então e…
-Vai lá, vai lá! – O líder já estava a bocejar com um olhar sonolento – Não tarda nada anoitece e aproxima-se uma pequena festa, aproveita antes de partires para a tua missão amanhã.
O mercenário suspira, curva o seu tronco numa vénia respeitosa e sai delicadamente do edifício principal. O Sol estava quase a pôr-se e já notava-se que os jardineiros de há pouco acabavam o seu trabalho e apresavam-se a ir para casa mudar de roupa para logo prepararem-se para a festa. No lugar dos jardineiros apareciam agora outros homens e mulheres, todos eles carregando enfeites, mesas, cadeiras, comes e bebes, mas o principal da festa, um enorme pinheiro que tinha de ser carregado por inúmeros homens. Katsu olhava-lhes com um sorriso vendo todos os homens e mulheres a trabalharem duro, ele próprio sentiu vontade, os seus músculos assim o queriam e quando deu por ela, lá estava ele a carregar o pinheiro e prestes a colocá-lo no centro da praça.

A noite viera rápido tal como todas as pessoas que participariam na festa. O mercenário tinha acabado de colocar os últimos copos em cima de uma mesa colocada numa das laterais da imensa Praça podendo agora dar-se ao luxo de olhar para a festa já a decorrer. Todos os Imagawa estavam animados cantarolando, dançando, convivendo e bebendo sem deixar que as preocupações da vida os perturbassem. O líder estava em cima do palco, este que também era feito de Doton, e cantava horrivelmente apesar de a sua voz ser abafada pela forte mas melodiosa música dos músicos atrás dele, notava-se as suas bochechas roseadas e o hálito a álcool deveria de ser bem intenso.
-Porque não estás a festejar fofito? – Perguntou Kimera que se aproximava agora de Nightmare com um grande sorriso e com uma gigante caneca vazia numa das suas mãos – Não é nada típico de ti…
O rapaz não ouvira nada devido a tanta música a voar pelo ar aproximando assim o seu ouvido da boca da rapariga, esta repetira-lhe a mensagem educadamente, algo muito estranho nela, conseguindo dar a entender o que pretendia.
-Fui convocado para outra missão Kimera. - Murmurava o rapaz tentando-se fazer ouvir no meio de tanto festejos e música aproximando a sua boca o máximo possível da orelha da companheira – E parece que terei de ir sozinho.
-NANI? – Vociferou a loira de rompante conseguindo solta um grito maior que a música e suficientemente audível para que o seu companheiro ouvisse – Nós sempre fizemos missões juntos, porque esta separação agora?
-Esta missão é um ritual Imagawa, pelo que parece não foste convidada boneca… - Explicou sucintamente o rapaz vendo dois outros Imagawa bêbados passarem por ele a cumprimentarem-no com dois arrotos bem à frente da cara, afastando-se depois com risadas loucas mas de diversão deixando um Katsu a tossir com o fedor a álcool que entrava-lhe na máscara.
A rapariga soltara um ligeiro grunhido irritado apesar deste ser abafado pela diversão da festa. Num gesto brusco, empurrava a caneca para a barriga de Katsu obrigando-o a descer os braços para agarrar no utensílio, afastando-se dele a passos irritados para ir buscar outra caneca na mesa atrás deles, enchendo-a depois de sake até ao cima e começando a beber nela como uma desesperada.
-Ah, boneca… - Murmurava o rapaz colocando uma mão amigável por cima do ombro da rapariga que ainda não tirara a boca da caneca enfardando-se de sake – Kimera vai com calma!
-QUIMERA? – Guinchou a rapariga deixando cair a caneca no chão criando uma confusão de estilhaços de vidro em torno da mesa ao mesmo tempo que uma das suas mãos agarrava na de Katsu afastando-a do seu corpo – Eu não sou nenhuma quimera, sou uma gaja boa!
-Anh?
-Porque é que tu… - A rapariga avançava em passos cautelosos abraçando-se ao pescoço do seu companheiro e aproximando a sua boca perigosamente da orelha dele - … ainda não estás a beijar-me ou a levar-me para a cama?
-És muito assustadora quando estás bêbada... – Explicava Katsu afastando a sua cara da de Kimera apesar desta não afastar-se.
-E como é que tu tiras esta merda? – Perguntou agarrando na máscara do seu amigo pela câmara-de-ar na boca e começando a puxá-lo ao máximo na sua direção para tentar arrancá-la. Vendo que não saía tentou uma abordagem diferente que se resumia a esticá-la para todas as direções agressivamente enquanto Katsu se queixava de dores tentando afastar-se da sua colega bêbada ou agarrar-lhe nos pulsos apesar de sempre ser em vão – TIRA-ME ESSA MERDA!
-Está quieta! – Ordenou o rapaz afastando-se dela com um passo à retaguarda e vendo-a a olha para ele com um olhar desconfiado. Avançava na sua direção sempre com aquele passo sedutor e um sorriso malandro – Acho melhor que descanses um pouco…
-FESTA! – Berrou a Fukeru passando a correr pelo Imagawa ignorando-o e atirando-se para o meio da multidão desaparecendo da vista do seu companheiro.
-Isto vai dar merda…