“Ficou combinado que nos encontraríamos às sete horas da manhã com o Jin-sensei para ter o primeiro treinamento. Talvez por falta de sono ou nervosismo acordei duas horas antes para me preparar. Vesti-me, coloquei em minha mochila o pequeno-almoço previamente preparado, um livro – Manual para Iniciantes de Como Ser Um Bom Ninja, vol. 2, pego na biblioteca da vila –, algumas kunais e outros itens para caso viesse a precisar. Prendi em mim uma bolsa de coxa, e coloquei lá, também, algumas kunais. Com essa o acesso seria mais fácil. Procurei meu colar, mas não achei em nenhum lugar, o que me deixou aflito. Mesmo assim, já estava pronto”
– Você não acha que vai sair sem comer, não é? – indagou Yukiko, na porta, olhando o garoto se aprontar.
– Claro que não, já estou descendo. – respondeu Kou – Não vi você aí, mãe!
– É porque eu sou ninja! – brincou. – Não demore, ou os bolinhos vão esfriar.
Kou terminou de pegar suas coisas e desceu logo depois de sua mãe. Sentou-se com sua irmã, Yumi, à mesa e começou a comer. Enquanto comia os saborosos bolinhos feitos com carinho, Kou era observado por uma curiosa garotinha.
– É verdade que vai treinar, irmãozão?
– Mahanf – o garoto balbuciou, de boca cheia, balançando a cabeça afirmativamente.
– E vai ser perigoso?
– Olha – começou, terminando de mastigar –, talvez seja, sabia? Vou treinar com um jounin! Mas vou estar com o Tohru e a Ayane, então tudo bem. Lembra-te deles?
– Sim, o menino do livro e a sua namorada... – falou a pequena, em seguida tapando a boca com suas mãozinhas. Passado um momento em silêncio, voltou a falar – Hey, irmãozão, não precisa ficar com medo. Você tem uma kunai!
Kou não pode deixar de rir. Terminou o café e se despediu de sua família. Quando ia saindo, ouviu sua mãe dizer:
– Tomes cuidado, querido!
– Deixa comigo, mãe.
– Não te esqueças, caso se machuque...
– ... “Use o Pacchi no Jutsu”, eu sei. Você me cuidou bem. Até logo!
***
Depois de correr por cerca de dez minutos, Kou estava no local combinado. Era uma área plana ainda coberta por neblina, deixando que fossem vistas apenas sombras e contornos de grandes montanhas ao fundo. Mas mesmo com a má visibilidade podia perceber que não fora o primeiro a chegar ao local.
– Tohru! – gritou.
– ... – Tohru olhou meio sem graça – Bom dia.
Os cinco minutos seguintes foi de Kou tentando puxar assunto e o outro genin não sabendo como levar. Até que veio caminhando lentamente a figura de uma kunoichi com o rosto inchado de sono.
– Boooo... – começou a bocejar – ...oooom dia, pessoal.
– Bom dia, Ayane. Espera, onde está sua bandana?
– Ah, minha bandana. Na verdade eu não sei onde foi parar. Sumiu ontem à noite.
– Que estranho – murmurou Tohru.
– Então – começou Kou –, horário marcado e cá estamos. Será que o sensei é do tipo que se atrasa?
Antes que alguém pudesse comentar algo a respeito, pode-se ouvir um barulho igual ao de uma rolha de desprendendo de uma garrafa. E surgiu Jin, em meio à uma nuvem de fumo, com um sorriso aberto. Não que isso fosse ruim, mas está com aquela energia de manhã irritava principalmente a garota do grupo.
– Olá, queridos! – cumprimentou o sensei – Vejo que estamos com energia de sobra por aqui! – O silêncio reinou. Então Jin decidiu continuar – O treinamento de hoje servirá como uma prova do que vocês são capazes.
– Como assim? – perguntou Kou.
– Eu explico! – exclamou o sensei, pegando nas bochechas do genin, deixando-o atordoado – Vamos caminhando. Bom, ontem à noite eu tomei a liberdade de roubar o objeto de maior valor para vocês e colocá-los no topo daquela elevação. – disse, apontando para frente. A neblina, a essa altura, já estava quase toda dissipada. – Vamos às regras! Bom, não mate o companheiro de equipe. Nada legal...
Jin continuou falando um monte de regras óbvias do tipo “não destrua toda a vila”, “não coma seu objeto”, então Kou parou de dar atenção e passou a observar seu sensei melhor. Ainda não tinha feito isso. Jin era um homem alto, de porte atlético. Seus cabelos vermelhos podiam ser notados por baixo de usa bandana, amarrada de modo que parecesse uma toca. Por debaixo de alguns poucos fios de cabelo podia-se ver seus olhos, cor de mel. Voltou a prestar atenção quando o jounin ditou a última regra.
– E para completar... – continuou Jin – ... Eu tentarei impedir que cheguem ao seu objetivo.
Aquilo meio que trouxe uma tensão ao ar montanhoso. O Time 9 teria que encarar ou despistar o próprio sensei para cumprir o objetivo do treino. Os genins colocaram suas mochilas em um canto e se posicionaram, há uns dez metros de distância do jounin e uns quatro metros entre si.
– Que os jogos comecem! – gritou Jin. Mal este terminara de falar, Ayane, que estava do lado direito de Kou e esquerdo de Tohru tirou de sua bolsa quatro shurikens e as arremessou conta o sensei, que foi atingido em cheio. O corpo o jounin se transformou em um boneco logo em seguida, caindo no chão.
– Kawarimi no Jutsu – murmurou Kou para si mesmo – Só não entendo por o boneco está coberto por uma roupa branca... – o genin parou de falar quando percebeu um chiado vindo do boneco.
Não era roupa.
– Papel-bomba! – gritou Ayane – Fujam!
Tarde demais. O boneco provocou uma explosão tão forte que arremessou os genins para longe, em direções diferentes. Kou caiu cerca de vinte metros de onde estava, perto de uma parede de montanha, mas o fumo vindo da explosão deixava a vista do solo impossível. Concentrou então seu chakra nos pés –
Kinobiri no Jutsu –e começou a subir a parede íngreme, com muito cuidado. Pode ver Tohru com dificuldade, fora da área da fumaça. Nenhum sinal de Ayane.
“O que faço agora? Não há sinal de Ayane nem de Jin-sensei...”
Olhou novamente onde tinha visto Tohru e se deparou com uma cena assustadora: Ayane estava lá, lutando, kunai contra kunai, com Tohru. Koudeixou sua kunai a postos, desceu e começou a correr em direção dos companheiros. Chegando lá, por puro reflexo, esquivou de uma shuriken lançada por Ayane, que passou zunindo em seu ouvido direito.
– O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO? – gritou Kou, assustado.
– Fuja, Kou! – ordenou Tohru, bloqueando a investida de Ayame – Eu distraio o Jin-sensen!
– Kou, tente achar Tohru, eu vou ver se consigo distrair o sensei! – gritou Ayame.
“Mas Tohru estava bem na frente dela! Como não podia ver? Parecia que estava...”
– Genjutsu, é claro! – concluiu Kou – Ayane, você sabe executar aquela liberação de Genjutsu mencionada pela Sayoko duas semanas atrás?
– Sei, mas... – a kunoichi levara um soco de Tohru, mas revidou com um chute na barriga que o jogou três metros para trás.
– Então, use-o, AGORA! – ordenou Kou.
A garota fez a posição de mãos, se concentrou e gritou –
Genjutsu Kai! – no momento em que uma kunai de Tohru passara cortando profundamente seu braço esquerdo. O ambiente se retorceu um pouco e logo os dois ninjas que antes estavam lutando entre si puderam ver a realidade. Os dois quase acabaram um com o outro. Ayane estava agora com um corte que não parava de sangrar e com a parte direita do rosto inchada. Tohru estava com vários cortes nas mãos e com a boca sangrando.
– Vamos sair daqui, não é seguro. – Kou falou, ajudando o outro genin de cabelo negro a se levantar. Os três correram um pouco, mas logo estavam cansados. Pararam em uma encosta na entrada de uma caverna para se recuperarem.
– Como sabia que ia dar certo, você sabe, o lance do genjutsu? – perguntou Tohru à Kou.
– Na verdade, não sabia. – o genin de blusa azul procurava algo em sua bolsa – Mesmo se tratando de um genjutsu, o Kai talvez não funcionasse devido a diferença entre Ayane e Jin-sensei. Como funcionou, tenho medo de isso tudo ser apenas um mínimo da verdadeira força do sensei. – Kou tirou da bolsa o que pareciam ser ataduras. Concentrou bastante chakra nas mãos e, em seguida, passou-as suavemente no braço de Ayane. – Melhor?
– Sim, muito. O que é isso?
–
Pacchi no Jutsu. Estanca o ferimento e anula a sensação de dor. Aprendi com minha mãe. Mas é por pouco tempo. Vou enfaixar seu braço, para quando voltar a sangrar. – Kou fez o mesmo com as mãos de Tohru.
Terminado, os três sentaram e começaram a debater.
– Todos nos estamos exaustos – disse Tohru – a luta, o genjutsu, o ninjutsu médico. Tudo isso consumiu parte do nosso chakra. Provável que eu seja o que tem uma boa quantidade restante. Ayane deve ter algum e Kou quase nada.
– Precisamos de uma estratégia – comentou Ayane.
– Também, mas acho que precisamos também de um às na manga. – falou Kou.
***
Perto de onde as relíquias estavam, Jin falava sozinho.
– Onde será que eles foram. Já se passaram quatro horas desde o meu último jutsu e eles nem tentaram um contra ataque. O que estão armando... – no momento certo o jounin escutou um estalo e girou a cabeça, no momento em que uma kunai raspava em seu nariz. – Finalmente!
O ninja mais experiente localizou facilmente a origem do disparo e virou-se a leste, deparando-se com Kou, com outra kunai já a postos. Atirou oito shurikens contra. Rapidamente, com o pouco chakra que tinha, Kou fez os selos a tempo de não ter seu corpo estraçalhado pelas armas do oponente. Apareceu em frente ao sensei, a uma distância de quatro metros, e logo teve uma kunai apontada para si, mas o aparecimento de Ayane pela esquerda e Tohru pela direita distraiu o jounin. Ele errou Kou por pouco.
– Os três juntos, vamos brincar um pou... – parou de falar quando foi “engolido” pela terra, deixado apenas com a cabeça de fora.
Tohru saiu da terra, extremamente exausto, quase não conseguia ficar de pé. A Ayane desapareceu com um “Tof” e o outro Tohru caiu, cansado demais, transformando-se de volta em Ayane. Kou pegou os objetos os manteve em seu colo. Suas pernas estavam bambas e sua visão turva de cansaço. Caiu de joelhos.
– O que houve aqui? Alguém me explica? – exigiu a cabeça de Jin, de queixo caído.
– Para resumir... – começou Ayane – Montamos um plano... Eu usei o
Bushin no Jutsu... Junto com o
Henge no Jutsu... E estou quase morrendo...
– Enquanto ela se disfarçava de Tohru e mantinha um clone seu, eu usava o
Doton: Shinjū Zanshu no Jutsu e aguardava a brecha para o contra-ataque... – falou Tohru.
– ... Embora tínhamos certeza de que você consegue sair daí sem esforço... Mas pegamos os objetos. – terminou Kou, caindo no chão.
– Olha – começou Jin – eu realmente esperava toda essa garra de vocês... Mas tem algo a mais. Vocês se complementam... São quase que corpo, mente e alma. Estou realmente feliz por ter caído nesta equipe. Mas... Tem como vocês me tirarem daqui? Estou tão cansadinho, quase não dormi...
Os três riram, começaram a se levantar e guardar suas coisas. Tiraram Jin do buraco e seguiram caminhando juntos de volta à vila.
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Ter 28 Ago 2012 - 3:26
