Estava um dia chuvoso na Vila Oculta da Folha, mas no entanto o ar estava abafado e pesado. Adequado para o evento que decorria nas traseiras da recém-reconstruida mansão Kuroshi: o funeral da herdeira do clã, Kurohoshi Rima.

O Gorila Ancião do clã, Gakuryouku, encontrava-se atrás da lápide de mármore branco com Kurohoshi Rima gravado a negro, ao lado da de Kurohoshi Sora, proferindo algumas palavras de ar solene e voz grave. As primeiras fileiras estavam preenchidas de membros do clã trajados de escuro e com o símbolo do clã – uma estrela de quatro pontas – gravado nas costas.

Kurohoshi Isshin e Orihime, pais da kunoichi, eram as figuras de proa, a mulher de olhos vermelhos e inchados deixava-se abraçar pelo ex-marido. Ao seu lado Sasame chorava baba e ranho agarrada ao irmão, Genji, com a pequena Sora pela mão.
Ao lado, encontravam-se também os gorilas dos membros do clã, assim como a gorila de Rima - Hitori - junto ao gorila de Sora.

Mais atrás encontravam-se os amigos mais chegados da kunoichi: Shizuna, uma rapariga de longos cabelos verdes que viera de Suna, e Hyuuga Taro que conhecera Rima nas termas que viera acompanhado de Touya que lhe apertava a mão na tentativa de o reconfortar.
As duas ex-colegas de equipa de Orihime, também marcavam presença: Hiroki, a mulher com apenas um abraço que treinara Rima quando esta andava à procura do paradeiro da mãe e que matara a kunoichi acidentalmente num treino levado ao extremo, acompanhada pelo marido, um jounnin anormalmente musculado mas com um olhar doce, Hiroito; e a estranha Ângela que como sempre, trazia o papagaio negro ao ombro.

Ichimaru, o rapaz que amara a irmã de Rima e havia sido adoptado pela mãe das duas em Suna também ali se encontrada, de cigarro na boca. A equipa de Rima também assistia ao funeral em silêncio: a misteriosa sensei Aburame Hiroki e o metrossexual Yamanaka Tenshin.
Mo também lá estava, mais distante da multidão, estava triste. Triste por Rima,e por Bolacha. Pela Mulher Serpente e pelo Caçador.

Subitamente a chuva cessou, e um sol radioso ergueu-se por entre as nuvens, o que fez a pequena Sora esboçar um sorriso e apertar a mão de Sasame. O gorila ancião deu a cerimónia por terminada, e a pequena multidão começava a abandonar o cemitério do clã até só restarem Sasame, Taro e Shizuna. Touya levara Sora e Mo para brincarem num dos jardins verdejantes do clã.

- Não po-posso crer que que as minhas últimas palavras que lhe dirigi, fo-foi para dizer que me metia nojo. – Declarou Sasame, entre duas fungadelas ruidosas, Shizuna deu-lhe uma palmadinha afectuosa nas costas.
- Ela sabia que não te metia nojo. – Respondeu Taro, olhando a campa da amiga.
- Muito longe disso. – Completou Shizuna para surpresa dos presentes, que não resistiram a soltar um par de gargalhadas. – Bem, ela tinha de ter um final dramático não era?

- É. E a pornografia dela? – Perguntou Sasame aliviando o ambiente.
- Eu não vou mexer naquilo. – Declarou Shizuna imediatamente. – Demasiadas más imagens mentais.
- Podíamos doá-la a um banco de dadores de esperma. – Sugeriu Taro, e os três irromperam num coro de gargalhadas.
- Vou sentir a falta dela. – Declarou Shizuna.

- Vamos todos. – Assentiu Sasame. – Os lábios dela sabiam bem.
- Pois sabiam. – Concordou Taro.
- Será que fui a única que não beijou a Rima? – Troçou Shizuna, olhando novamente a lápide de mármore branco.

- Vá, não vamos ficar aqui a definhar. A Rima dava cabo de nós. – Declarou Taro.
- Bora beber um copo. – Sugeriu Sasame.
- Acho que não haverá melhor maneira de homenagear a Rima que uma bebedeira monumental. – Concordou Taro.

- E uma Lap Dance no caixão. – Completou Shizuna. – Vamos?
E não sem antes olharem o nome da amiga, Taro, Shizuna e Sasame saíram dos domínios do clã Kurohoshi e partiram na direcção do bar mais próximo.



- Estás melhor? – Perguntou Isshin oferecendo uma chávena de chá à mãe das suas filhas, a mulher com os olhos inchados de tanto chorar fez que sim com a cabeça. – Desculpa.
Orihime olhou-o surpresa, desde que conhecera Isshin que nunca o ouvira proferir aquela palavra uma única vez. Fitou os olhos castanhos quase negros do homem e viu que aquele pedido era sincero.

- Eu sei que não fui o marido e o pai que deveria ter sido. – Orihime arqueou as sombracelhas como quem diz “You Don’t Say?”, sem no entanto proferir uma única palavra. – Não deveria ter deixado que os meus pais me tivessem feito a cabeça ao ponto de quase ter morto a Sora aos 5 anos. E nunca deveria ter-te deixado presa a um clã que detestavas.

- Eu também nem sempre fui correcta. – Murmurou Orihime entre dois goles de chá. – Enquanto tu foste obrigado a ser responsável eu fugi para Suna. Entreguei a Rima a um homem demasiado rancoroso, e escondi-lhe demasiado. Não admira que ela me odiasse tanto.

Inesperadamente Isshin abraçou Orihime, que correspondeu ao abraço, nenhum dos dois conseguiu evitar verter algumas lágrimas. Lágrimas de saudade, de tristeza, de perdão, de ressentimentos e mágoa.

- Dá-me uma oportunidade. – Pediu o homem pegando nas mãos de Orihime. – Prometo que vou fazer o correcto desta vez, não vou dar ouvidos aos meus pais, vamos governar o clã. Juntos. E vamos adoptar a miudinha que a Rima encontrou. Por favor Orihime.
A mulher inclinou-se para a frente e depositou um beijo ao de leve nos lábios do homem que sempre amara, quando se afastou olhou-o nos olhos.

- Presumo que seja um sim. – Disse Isshin, não conseguindo evitar um pequeno sorriso, Orihime revirou os olhos e o homem puxou-a para si, beijou-a e abraçou-a.



- Então não vais ficar? – Perguntou Genji à irmã mais nova, que se preparava para regressar a Kumo com os seus dois estudantes e Taro.

- Já não há nada que me prenda a Konoha. A Sora está bem entregue aos tios, os anciões levaram um belo pontapé no cu e tu… És o herdeiro do clã. – Declarou Sasame com um sorriso orgulhoso.
- Por isso mesmo mana. Continuas a ser uma Kurohoshi, independente de quem ames. – Argumentou o rapaz pegando nas mãos da irmã. – E a Sora vai sentir a tua falta. E eu também.

- Oh Genji, tinhas mesmo de dar uma de sentimental. – Respondeu a rapariga sorrindo. – Eu venho visitar-vos sempre que puder. E ser uma Kurohoshi é apenas um título, com demasiadas más memórias. E eu sou como um pardal, livre. E quero continuar aquilo que sempre quisemos fazer.
- Encontrar o pai? – Inquiriu Genji curioso, Sasame assentiu. – Bem, sei que não vais mudar de ideias. Só me resta desejar-te boa viagem e muita sorte.

- Obrigado mano. – Agradeceu, envolvendo o irmão num abraço apertado. – Até qualquer dia. E não faças nada que eu não fizesse.
Genji deixou escapar uma gargalhada bem-disposta, e acenou uma última vez à irmã mais nova que se afastava com a sua comitiva a caminho de Kumo. Suspirou de bom humor e regressou aos domínios do clã.

Era uma nova era para o clã. Podia nunca ter gostado de Rima ou de Sora, mas admitia que graças a elas o clã largara as práticas bárbaras ancestrais. O duelo com espadas com os herdeiros aos 5 cinco anos fora abolido, assim como a competição no labirinto do Gorila Louco.

Sorriu com a ironia de ser agora o herdeiro do clã. A sua mãe ensinara-o a odiar o tio e as primas, e a maquinar para que conseguissem assumir a liderança dos Kurohoshi.



O vento uivava na rua, fazendo as folhas caídas no chão rodopiarem no ar, nos sumptuosos e bem tratados jardins do clã Kurohoshi decorriam treinos entre membros e Gorilas Negros e Vermelhos, mestres de Taijutsu e Kenjutsu respectivamente.
No interior da mansão. Empregadas andavam numa azáfama, limpando e efectuando as tarefas diárias.

- Sora! Anda aqui! – Gritava Orihime correndo atrás da miudinha, que corria corredor fora, por sinal bastante divertida, por fim a mulher apanhou-a. – És um diabrete, tu.
A criança sorriu e abraçou-se ao pescoço de Orihime, que sorriu enternecida com o gesto carinhosa da menina. Isshin apareceu pouco depois, vindo da sala de treinos, acompanhado por Genji.

- A miúda tem andado endiabrada. – Resmungou Orihime.
- Fosse do nosso sangue e diria que era coisa de família. – Brincou o chefe do clã, beijando a mulher nos lábios, e a pequena na face.
- Então o treino, correu bem? – Perguntou Orihime, encaminhando-se com o marido e o sobrinho para a sala de chá.
- Sim, o Genji dará um excelente herdeiro. – Respondeu o homem, Genji ficou imediatamente ruborizado com o elogio do tio.

- A tua irmã já não volta? – Perguntou Orihime a Genji, sentando-se junto a uma pequena mesa.
- Não, aparentemente a minha irmã tornou-se uma pessoa responsável. – Respondeu bem-disposto, ao mesmo tempo que duas empregadas deixavam o bule de chá e as chávenas na mesa.

Os três continuaram a conversa, animados, enquanto a pequena Sora fitava Orihime com ar muito sério e concentrado. Orihime reparou na concentração da criança, assim como Isshin e Genji.
- O que se passa querida? – Perguntou a mulher, Sora olhou-a e esboço um sorriso de orelha a orelha.
- Mamas! – Exclamou a miúda entusiasmada, os três adultos entreolharam-se.

- Acho que esteve demasiado tempo com a Rima e a Sasame. – Declarou Orihime.



E pronto. É assim. A Rima partiu mas deixou o seu legado no mundo, numa miudinha de 5 anos.
Espero que tenham gostado da Mini-Saga da Rima. A Saga de Mo segue a partir destes acontecimentos. ^^

*O título traduz-se para algo, como: Vem, o fim aproxima-se.

Tive de me rir com a parte final, quando a Sora decide gritar "Mamas" . Está na cara que a linhagem feminina dos Kuro-coiso é toda repleta de pervs, go for it!

Jurei que a Rima entraria em contacto com o Mo, mas se formou laços com Sora então deixa ser a miúda a estrela, vamos ver no que vai dar ^^

Será que é agora que Mo vira hómi/mulher? Estou para ver, é um poço de surpresas. Continua e boa descrição do funeral, algo comovente ^^

"Beber o defunto"... Pelo menos aqui é uma prática bastante comum, principalmente na minha família Um ótimo filler, Tixa! A pequena Sora está aprendendo bem a herança deixada por Rima, e está até competindo em pé de igualdade com Mo =O Vamos lá ver no que isto vai dar, continua gata

Muito obrigado aos dois por terem acompanhado a Saga da minha primogénita. x)
A Rima pode ter morrido, mas o seu legado continuará numa miúda de cinco anos.

Em breve retomarei a saga de Mo, com novas personagens e peripécias. :3

(Incrivel, saltei a saga à frente... )

Boa saga! Foi interessante do inicio ao fim e com bastante ação e drama também! Confesso que tive que ir ao google ver como é que era um papagaio negro, porque estava a imaginar um corvo em modo falante
E diga-se de passagem que o final em que a Rima encontrava o namorado e a Sora foi muito fofinho

Aww, brigada partner. Ainda bem que gostaste.