As vezes a percepção do mundo muda conforme você troca de lugar, quando você faz uma mudança radical em sua vida que acaba por tornar tudo tão diferente que as vezes nem mesmo você consegue se reconhecer. Um jovem Uchiha, que curiosamente escondia seu sobrenome, estava deitado seu sua cama, uma cama velha, com um colchão fino. A poeira do quarto era tanta que nem mesmo sei como ele conseguia permanecer ali. Ele estava totalmente arrumado, não parecia que estava indo dormir, apesar do que a hora podia indicar. Afinal o que uma pessoa faria em plena madrugada totalmente pronto para sair.

Lan fitou o relógio no pequeno móvel ao lado de sua cama, ele marcava exatamente três horas da manhã. O que em Amegakure significava uma forte pancada de chuva, um clima frio, neblina e baixa visibilidade ao sair pelas ruas, todavia o Nukenin necessitava sair de seu quartinho localizado no fundo de um bar. O mesmo havia aceitado uma proposta de um comerciante da vila. Em uma pequena fazenda na zona sul havia uma criação de galinhas, o Hiwitari, o sobrenome de sua mãe o qual usava ao invés de Uchiha, devia ir lá e buscar algumas para o homem. Provavelmente seria um trabalho fácil, ainda mais com todo o clima que a cidade havia criado, era perfeito para entrar e sair sem ser notado. Fora esse o motivo de ter esperado até aquele momento para dar inicio ao seu trabalho.

O jovem de cabelos verdes saiu de seu quartinho e passou pelo bar, estava vazio. Pegou as chaves do bolso de sua calça e abriu a porta para sair. Assim que saiu na rua notou que a chuva não estava tão forte, porém seria o suficiente para ajudar em sua missão. Atravessou o beco estreito em que o bar encontrava-se até chegar em uma das ruas principais que dariam acesso ao local onde queria chegar. Lan alongou-se e então pôs-se a correr para o sul, velozmente avançando na avenida deserta. Seus passos leves faziam o menor barulho possível, apenas ouvia-se o som da água sendo levantada pelas passadas. O garoto era pouco veloz, contudo para alguém com o seu nível ele certamente estava bem.

A cidade por aquela hora só haviam mendigos e drogados a caminhar pelas ruas. Alguns viam o ninja correndo parecia que iriam fazer algo contra o mesmo, no entanto apenas o ignoravam ou temiam fazer algo. Não fora demasiadamente longa a trajetória, entretanto o maior problema estava por vir. Ao aproximar-se da propriedade notou alguns homens a andarem pelo perímetro, eles tinham espadas embainhadas presas a suas cinturas, o que estavam fazendo era obvio: Patrulhando o local. Pela forma que rondavam a área, certamente estavam ali para proteger as terras de invasores.

— Droga, se há homens do lado de fora patrulhando, provavelmente deve haver mais lá por dentro. Não conseguirei entrar sem passar por eles e provavelmente se eu lutar acabarei chamando atenção dos outros. — murmurou o rapaz. Ele recostava-se em um muro tentando não ser visto pelos guardas.

Parou um instante e percebeu que teria que enfrenta-los, dar a volta tomaria muito seu tempo e poderia ser mais perigoso ainda, devido o fato de não saber o que lhe esperava por lá. Lan elaborou algo rápido em sua mente, um plano bom o suficiente para conseguir derrota-los sem chamar muita atenção. Pelo menos em sua mente funcionava como um plano silencioso.

Primeiramente o rapaz tentou atrair a atenção de um deles, fez um barulho de passos o que fez um dos guardas olhar suspeito para a direção do som. O homem levara sua mão até a espada e parecia pronto para saca-la. Novamente o Uchiha realizou um barulho, o guarda desta vez resolveu verificar o que era. O homem vestido em roupas negras semelhantes a de um samurai empunhou sua espada com a mão direita, deu passos curtos até o local de onde havia vindo o som. Lan esgueirava-se atrás de um muro e foi quando o homem chegou ao muro que o jovem atacou. O rapaz tinha em mão uma de suas Kunais de três pontas e quando o homem virou no muro Lan não teve piedade, acertou-lhe um golpe direto na garganta matando o homem quase que instantaneamente. Devido a escuridão e a baixa visibilidade Lan sabia que o outro homem não tinha visto, mas logo notaria a demora de seu “parceiro”. Agora ele tinha que agir rápido e abater o outro alvo sem chamar a atenção dos prováveis demais que estavam a proteger o resto da pequena fazenda.

Lan puxou o corpo do homem que ele acabara de matar para perto de um matagal, lançando-o dentro de uma moita para que não fosse visto facilmente. Em seguida fez algo que poderia ter custado a sua missão, ele não sabia como o homem reagiria, mas ele esperava que o mesmo permanecesse calado. O ninja deu inicio a uma rápida seqüência de selos com as mãos, enquanto estes eram realizados uma parcela de chakra do rapaz era concentrado ao redor de seu corpo e em seguida expandido, quando os movimentos com a mão acabaram duas ilusões do jovem punham-se de pé ao seu lado. Um técnica geralmente ensinada aos novatos na academia, conhecida como Bushin no Jutsu. Não eram realmente clones, eram apenas ilusões, porém serviriam ao seu propósito.

As ilusões avançaram direto para o guarda, ele logo as notou e empunhou sua espada. Enquanto elas corriam direto para o homem, Lan caminhava agachado pelo outro extremo tentando passar-se despercebido da vista do guarda. Assim que o guarda golpeou as ilusões e elas simplesmente desapareceram o rapaz entrou em ação. Ele havia dado a volta no guarda enquanto ele se distraia com a técnica utilizada. E quando o guarda fez-se de surpreso por as ilusões simplesmente terem desaparecido, Lan o pegou. Ainda portando de sua arma de três pontas o garoto golpeou a nuca do guarda, o que obviamente o matou na hora, atingido na base de seu cérebro ele apenas teve um colapso. O “samurai” caiu ao chão e começou a debater-se e então ficou inerte, sem vida.

O jovem Hiwitari não gostava de fazer aquilo, mas certamente deixar aqueles homens vivos representaria problemas para alguém um dia. Não que ele realmente se importasse com os outros, mas este alguém talvez pudesse ser ele. Lan subiu o muro demonstrando um pouco de esforço com os braços, afinal o muro não era tão baixo assim. Ao adentrar o terreno notou que havia alguns homens passeando pelo pátio. Esgueirando-se pelas perdas, entre caixas e algumas outras coisas que ele não soube reconhecer. Pelo que havia contado tinham mais de cinco deles ali, não seria possível para ele enfrenta-los ao mesmo tempo ainda mais sozinho. Tomou a decisão de apenas ser sorrateiro e chegar ao galinheiro sem ser notado. No caminho encontrou um saco razoavelmente grande feito de tecido e o pegou, serviria para armazenar as galinhas que iam ser pegas.

Logo o jovem encontrou o local, ele demorou mais pelo fato de estar bastante escuro e ele ter que ir por palpite onde era o local. Verificar canto por canto até achar. Assim que ia entrar no galinheiro notou que logo o sol nasceria, não demoraria muito mais, dava para ver a fraca luz subindo no horizonte. Adentrou o pequeno “cômodo” de madeira criado para os animais, o saco de pano em uma mão e a Kunai na outra, pronta para atacar quem fosse necessário. O jovem colocou a Kunai entre os dentes e utilizando de suas mãos quebrou o pescoço da primeira galinha, exigindo uma certa força do Uchiha. Fez isso com mais quatro dos animais e a cada um que ele matava ia jogando dentro do saco. Assim que saiu do galinheiro ele notou que a luz estava mais forte, já estava mais claro. Os homens rapidamente o notariam, ele correu para o muro. Lançou o saco para o outro lado e então o saltou. Conseguiu ver com o canto do olho que homens haviam chegado e visto o corpo do guarda morto. Ele poderia estar muito encrencado, porém para sua sorte eles estavam mais preocupados em retirar o corpo do homem dali do que descobrir sem quem fizera aquilo ainda encontrava-se por perto.

Após sair da área da fazenda, carregando o que lhe fora encomendado, Lan seguiu direto para o local marcado para encontrar o seu cliente. Logo chegara ao local, em frente a uma loja de frutas e verduras, um homem de cabelos grisalhos estava sentado em um banco. Lan sentou-se ao seu lado e colocou o saco no chão.

— Aqui está. — disse o rapaz empurrando o saco para o lado com o pé.

— Muito bem, tome. — disse o homem dando ao jovem uma sacola pequena. — Ai está tudo o que combinamos.

O Uchiha olhou dentro do saco e conferiu se estava tudo correto. Logo após isso levantou-se e partiu. Iria agora para sua casa, descansar um pouco e preparar-se para quem sabe mais uma missão.

Terminada!