Havia ido ao rio. Embora incomum, Kiri às vezes conseguia ter dias ensolarados, o que geralmente causava desconforto. O calor era grande, e a água do meu banheiro era tão quente quanto a temperatura lá fora - o que de nada adiantava, afinal. Então dirigi-me a um trecho pouquíssimo frequentado do rio, ansiando por um bom e refrescante banho da pequena cachoeira que era ali formada, escondida por entre as folhagens da vegetação. Concentrei chakra nos pés, sendo auxiliada pelo kinobiri para evitar cair das rochas molhadas e escorregadias; a caminhada em si já era um pouco difícil para qualquer pessoa pelo terreno irregular, mas eu era acostumada àquele local, e permiti-me um pouco mais de aventura, adicionando uma corrida. Mantive o fluxo contínuo só por precaução, obtendo aderência suficiente para não escorregar e até mesmo obter impulsos para ágeis saltos por entre duras rochas e frágeis vegetais, diminuindo consideravelmente o meu tempo de chegada.

Ao fim de cerca de dez minutos, finalmente vislumbrei-a. Não era imponente como de outras vilas, era menor até que as mais conhecidas de Kiri, mas era a única onde eu tinha paz. Canto de pássaros e umas poucas cigarras, além da queda d'água, eram a única perturbação daquele silêncio. E que doce perturbação! Afrouxei a minha faixa na região abdominal, deixando livres os panos para que caíssem ali mesmo. Descalcei minhas sandálias e desatei a fita da trança, destroçando-a em segundos. Ali, como vim ao mundo, utilizei-me de um shunshin para aproximar-me das pedras, galgando-as com agilidade e logo atingindo a cachoeira. Ah, que delícia, o toque da água fria em meu corpo quente, clamando por refrescância! Embora pequena, a queda era bem forte, o que proporcionava uma espécie de massagem natural. Sentei-me num trono esculpido pela natureza bem debaixo da descida aquática, deixando-me ser atingida por aquele véu corrente, iniciando uma meditação.

Não sei precisar quanto tempo ali fiquei. Senti necessidade de abrir os olhos, encarando umas samambaias bem ali à minha frente. E embora a água atrapalhasse levemente minha visão, eu pude ver perfeitamente que algo, ou alguém, observava-me. Provavelmente, há algum tempo. Apertei os olhos para ver melhor, e o que quer que tenha sido era incrivelmente ágil e sumiu num shunshin - embora pudesse ver que aparentemente, possuía pêlos nos membros anteriores. Assustei-me e levantei num rompante, aproveitando-me do tamanho dos cabelos para cobrir-me enquanto voltava para pegar minha roupa. Sentia-me irritada e com a privacidade invadida, e decidi voltar para casa, visto que já havia mesmo perdido o rastro... daquilo.

Citação :

Por muito pouco ela não viu-me. Se viu, não conseguiu raciocinar o que ou quem era, o que dá na mesma. Ela realmente está cada vez mais imprevisível, preciso ser bem mais cauteloso de agora em diante... E isso é tudo culpa daquele maldito sunanin! Ah, Okashii maldito, o que andas a planejar com tudo isto?

- O que foi? Harima anda saindo das rédeas? - aquela voz irritante ecoava - Parece que afinal, a aborrecência chegou. Bom para ela ser rebelde, no fim das contas ela é mesmo a minha garota hahaha - ria-se ela, brincando com as correntes que mantinham-na atada à parede.

Aproximei-me e soquei-lhe a boca do estômago, tirando seu ar. Apesar da dor, ainda mantinha um maldito sorriso, era visível seu divertimento por conta da frustração estampada em meu rosto. Contudo, eu também esbocei um ar de riso, e não só por machucá-la fisicamente. Eu sabia atingí-la de forma bem pior:

- Ora, hoje não foi de todo inútil. Segui-a por entre a floresta até chegar numa cachoeria que nem mesmo eu conhecia... E que visão eu tive, daquela adolescente a despir-se! Ela tem um belíssimo corpo, seria uma pena se...

- Não ouse tocar num fio de cabelo dela! - sua postura alterou-se com facilidade. Previsível.

- Já toquei-lhe. Aliás, o gosto de seus lábios é simplesmente delicioso! - divertia-me vê-la a se debater, cortando-se a tentar - inutilmente - espancar-me.

- O que tanto queres com a Harima? Deixa-a em paz! - um fio de sangue escorria-lhe pelo canto direito da boca.

- Há anos que repetes essa pergunta, mas não canso de responder-te, querida Miku. - aproximei-me da chuunin, agarrando seu queixo e restringindo os movimentos de sua cabeça, olhando-a nos olhos - Ela não é apenas uma órfã qualquer. Se ela for a órfã que tanto procuro, matarei dois coelhos numa só cajadada. O teu hijutsu por si só já é bem interessante, e Harima é das poucas que ainda usam-no. Se o chakra dela for especial, como eu imagino que seja... Ela será uma arma importantíssima. Que definitivamente, tenho que ter para mim. Até porque, estarei disputando-a com o Okashiii; perder, não é uma opção. - larguei-a, bruscamente, fazendo sua cabeça embater contra a parede.

- Tsc, gostaria de saber por que diabos achas que ela possui algum chakra especial...

- Esta parte da história não te diz respeito. Desculpe querida. - Sentei-me mais adiante, a colocar um pouco de sakê num copo e tomar num só gole.

Será que poderia estar... equivocando-me? Valeria mesmo a pena todos os esforços que estava a fazer? Sim, deveria estar no caminho correto; o Mizukage deixou um cão de guarda para a garota que sequer é kirinin, o que provavelmente reflete que ele desconfie que eu tenha aliados dentro da própria Névoa. Perspicaz, como sempre. O que ele planeja fazer com essa situação? Eu não tinha a menor idéia, mas se era meu grande amigo Okashii, algo com certeza divertido viria.

Estava apertando a minha faixa, de qualquer jeito, enquanto corria de volta para casa. Não sei dizer exatamente o que sentia: receio? Vergonha? Medo? Confusa, finalmente cheguei à frente de minha casa, onde o sunanin estava prestes a bater à porta. Virou-se ao sentir minha presença atrás de si, e encarou-me com a testa franzida. Devo admitir que era no mínimo estranho eu estar com a roupa úmida, desarrumada, e os cabelos a esvoaçarem livremente com o vento. Devia também parecer assustada, já que o Borges parecia bastante preocupado ao olhar-me. Desejei sinceramente ser quem sempre fui: uma reserva de emoções, onde as pessoas imaginavam que não poderia existir nada além de frieza. Mas não, não conseguia conter-me; estava irritada, mas mais que isso... envergonhada. 

Senti nojo ao lembrar que alguém estava a espionar-me. Aliás, não sabia mesmo ser uma pessoa, mas ainda assim. Uma lágrima idiota rolou sem minha permissão - e claro que o jounin percebera-a. Realmente gostaria de ser forte e não demonstrar, mas agora que ele ali estava, eu simplesmente não... conseguia. Ele perguntou o que acontecera, mas eu não conseguia responder. Sem aviso ele abraçou-me, trazendo consigo um sensação inebriante de conforto. Algo que há muito não sabia o que era. Deixei-me ser apertada, sentindo o cheiro daquele shinobi que mexia tanto comigo; mal percebi minhas mãos agarrando suas vestes, como que agradecendo mudamente um gesto ausente de minha rotina havia anos:

- O que aconteceu, Harima? - ele repetiu a pergunta, dessa vez encarando-me.

- Eu... Eu não sei. Tive uma sensação ruim, como se estivesse sendo.... observada. - respondi, insegura.

- Não se preocupe, agora você está comigo e ninguém lhe fará mal! - ele respondeu antes de surpreender-me com um ardente beijo.

Correspondi sem hesitar. Que a minha reputação por beijar um estrangeiro fosse para o inferno, ele tinha o que muitos da própria Névoa não conseguiam dar-me. Amor? Não sei se esse seria o correto nome. Mas para além de acelerar meu coração com sua simples presença, seus braços transmitiam uma calma inimaginável, e seus lábios... Não tenho palavras para descrever tudo o que sentia. Há muito eu não sei o que é ser importante para alguém. Importante não como poderio militar, que era como o o Mizukage-sama enxergava-me - já que eu era uma das poucas na vila capaz de usar o Baburu-kei; mas importante como pessoa. Isto de certa forma fazia-me bem. Quem sabe mesmo um pouco mais... viva.

Citação :

Enquanto a jovem está ao redor dos seus braços, fazendo seu corpo adquirir o calor dela, Brian fica com os olhos abertos; ele não via e não sabia quem estava vigiando a Harima, mas esboça seu olhar atroz visando o horizonte para que o suposto espião saiba que ela tem um protetor e se um dia este sujeito for descoberto, ninguém poderá salvá-lo da fúria e ódio do sunanin:

- Eu sei que estás ai, observando minha amada com olhos predadores! Mas saiba, que eu também estou sempre de olho nela e se você fizer algo... Nem o inferno ou céu poderão ser bons esconderijos para você! - pensa ele, apertando-a mais contra si.

Harima demonstrando amor e sentimento de vida... FINALMENTE! Pelo visto Brian conseguiu mesmo fisgar o coração da jovem gennin, e a mesma no Sunanin, ainda é muito cedo para dizer amor eterno mas estou gostando deste casal, afinal pode ser o primeiro que vejo, só espero não ver harima com quatro crias na barriga.

Quem será que estava a espionando? Dúvidas eternas(Até você posta o próximo filler )

Eu não entendi muito a parte do espião ter espancado alguém que deve ser de sua família, logo após falando em estupro, Kiri é um bocado estranha.

por fim espero o Próximo capítulo.

Quem está a observar a Harima?
Bem muito amor com o estrangeiro e tudo mais. Mas será que vai ser só amor? Sim estou pedindo problemas na relação já agora porque eu sofro vendo amor correndo as mil maravilhas.

Posso manifestar o meu agrado pelo vilão? Não no sentido de gostar dele, mas exactamente o oposto. Gosto de vilões que sejam bons. Vá, maus. Não sei se dá para entender

O Brian vai realmente destruí-lo quando for revelada a identidade dele, nem que tenha que viajar até ao outro lado do mundo.
Portanto acho que a Harima está bem entregue :3

Quando li a parte do pêlos nos membros inferiores (ou superiores? Acho que são os inferiores), fiquei bastante confusa Comecei a imaginar um homem mesmo muito peludo, com uma doença qualquer, tipo hipertricose. Ai meu deus

Continuem o/

Que isto, arrow? Eles dois já sofreram muito na vida, eles tem o direito de serem felizes ^^

Obrigado aos todos por terem lido, quanto a quem é o personagem misterioso isto vocês irão saber em breve!

Muito bom (tive que ler 2 vezes pois fiquei pouco perdido) 
parece que tudo promete para ser sequencia bem misteriosa 
Tambem achei legal romance verei filler dos dois para entender melhor

Stalkers, gotta love them, right? Parece que o Brian vai sentir pela primeira vez o verdadeiro sabor da derrota, é óbvio que o stalker será demasiado para ele, porque, vá, qualquer um consegue descobrir quem é o stalker... Não conseguem? É fácil... Já foi de Kiri e amigo do Okashii... D:

Gostei, esta trama parece ficar cada vez mais interessante. Vamos ver quantos estragos vai o Brian trazer. Quero realmente vê-lo a lutar por amor e ver o quanto ele aguentaria, já que a Harima parece ter alguém muito interessante atrás dela.

Mais não posso dizer... Continuem ^^.