O acordo estava selado entre as duas partes, mesmo sem o nukenin de cabelos brancos saber o porque de ter feito aquilo, simplesmente algo o instigava a concordar com aquilo, ou calar-se  - quem cala consente dizem, será verdade? - se não, as consequências poderiam ser desastrosas para Hideki e Kazehaya, mas sabia que tomar aquela decisão só se provaria com o tempo e tempo agora ele o tinha.

Já era noite, o pássaro grotesco feito de doces cortava o céu agilmente provando seu valor  que fora questionado e Dee parecia orgulhoso, mas não com o pássaro pois sabia que nem sempre aparência é prova de existência, ser não é parecer e vice-versa. Hideki estava sentado no lombo do animal, seu parceiro também, logo atrás, e o insano deleitava-se com o horizonte e as estrelas enquanto resmungava palavras e ruídos que não era reconhecíveis devido a natureza inaudível. — Então, Seiji-kun, me diga como entrou para a vida do crime. — proferiu o mascarado, mantendo-se fixo no horizonte estrelado.

— Isso pouco importa, apenas concentre-se na viagem, quero cobrir o máximo de área possível e chegar ao local da missão logo. — respondeu pacientemente, um Buda, mantendo seus olhos e expressão corporal tão calmas quanta uma lagoa, todavia isto não pareceu satisfazer o rapaz delirante.

— Santo macarrão, ás vezes você se esforça tanto para estragar o talento natural que tem como espécime, tão irritante!! — fez uma leve pausa, suspirando e rindo (como sempre), o albino dedicava uma atenção disfarçada ao "cientista", chegava a ser paradoxal aquela situação, louco e sensato, cobaia e estudioso, sua máscara representava a situação muito bem também.

— Conte-me a sua então. — proferiu Hideki, sem grande entusiasmo na voz, entretanto, toda a excitação em saber da resposta, de querer a resposta fervia em seu âmago, mesmo que ele tentasse negar aquilo, o por quê? Porque ansiava entender aquele mascarado que cospe em todas as pessoas, sociedade e situações e a nega com tal convicção que não duvida de si mesmo nem por um segundo, e para Seiji ou ele realmente era um retardado ou... Haveria ou? Naquele momento, no pensamento de seu antagonista mental, não.

— Você percebe o quanto isso é contraditório, rapazinho? É isso que se aprende sendo um antiquado hoje em dia? — retrucou o homem, posicionando as mãos nos quadris como se fizesse uma cara de zombaria por debaixo da máscara.

— Contraditório? — inquiriu o albino, calmamente, Dee balançou a cabeça positivamente e virou-se para encarar seu rosto, estavam a centímetros, sentia sua respiração e os olhos psicóticos de seu "parceiro" o encararem como se pudessem arrancar a verdade completa de sua existência apenas com aquela simples ação.

— Outro dia minha maravilhosa cobaia... Out-... — de repente uma saraivada de bombas começaram explodir em volta do pássaro adocicado fazendo-o perder a estabilidade. Os nukenins dirigiram sua atenção ao alvo, eram dois ninjas voadores!

— Ninjas do País do Céu... — exclamou Seiji, realizando uma sequência de selos rapidamente e atirando um forte fluxo de ar contra as próximas bombas que viam na direção da trupe, sucesso. Os algozes mudaram de tática eficientemente após virem seus ataques serem neutralizados, agora sacavam uma espécie de arma que atirava kunais (as metralhadoras que aparecem no filme de Naruto) e fazendo acrobacias completamente difíceis e nauseantes, iniciaram outro ataque.

— Isso não será necessário para impedir eles. Kishishishishi... — gritou o insano, com uma felicidade espantosa. Realizando uma sequência de selos e inspirando uma grotesca quantidade de oxigênio, infundi-a com sua energia elemental e começou seu insano ataque, atirando diversas bolas de fogo contra os dois homens voadores num show psicótico de fogo. — Weeeeeeeeeeeeeeeeeeee... Macarrão ectoplasmático, "aquilo" é um homem? Um pássaro? Um homem pássaro? Nãããoo! É um cadáver! Weeeee.... — exclamava entre os intervalos do jutsu. Seiji aproveitou a técnica de seu companheiro e novamente começou a expelir os fluxos de fuuton ateando fogo no céu ainda mais, entretanto, Kazehaya apenas observava, estupefato com toda a situação. — Eu sou uma Fênix de Doces! Não é? Kishishishi! — disse, pisando na cabeça de seu pássaro adocicado.

Um homem foi atingido e incinerado parcialmente, gerando alguns gritos de dor, e com isso caiu no solo completamente morto a metros e metros de distância. O outro algoz movimentava-se com enorme maestria e aproximando-se do pássaro, selou seu equipamento de voo e saltou em cima da ave, sacando uma espada e investindo na direção de Kazehaya. O Fuuma invocou uma enorme cobra branca de sua manga que paralisou o homem, entretanto esse desfez-se em uma pedra e surgiu por cima soltando de seu planador e pulando em cima do jovem Fuuma, acertando-o na clavícula com uma lâmina de pulso. — Vocês?!! ... — praguejou em meio a dor, chutando o estômago do homem que caiu e se agarrou na cauda do pássaro. — Não se pode ter um dia de paz e calma, né?! Filhos da puta, não estamos fazendo nada ainda. — vociferou Kazehaya, raivoso, retirando uma enorme fuuma shuriken e atirando na direção do homem pendurado. O assassino esquivou-se para o lado agarrando outra superfície do pássaro, isto irritou ainda mais Kazehaya e então liberou diversas cobras de sua manga que atacaram o homem vorazmente. Os ataques viperinos atingiam o homem rapidamente e o veneno de seus algozes penetravam no corpo do adversário, não demorou para soltar o pássaro e cair a centenas de metros no solo.

— Precisamos fugir antes que eles venham de novo, vamos por terra, estamos perto do local da missão. — ordenou o rapaz de cabelos brancos, todos concordaram que seria a ação mais sensata no momento e então Dee desceu o animal e continuaram o trajeto a pé, falta poucos quilômetros.

— Ei, Seiji-kun, você confia mesmo nesse cara? — perguntou o jovem Fuuma.

— Não sei. Mas sei que não seria bom confiar a criatura a ele, conheço um pouco esse tipo de gente, são loucos, não são compráveis, intimidáveis ou razoáveis. O primeiro sinal de hesitação dele para com a missão ou conosco, nós devemos matar ele, mas... — o albino virou-se para trás tentando ver se algum perseguidor a mais os seguia, entretanto nada viu.

— Mas? — perguntou o Kazehaya.

— Esse cara parece não fazer nada lógico ou "normal" até demais, parece não ter uma centelha de moral ou alguma qualidade positiva e mesmo assim ele não me matou quando teve chance, disse que eu sou um "espécime raro" alguém que faz frente a loucura. Isso não faz o menor sentido, até pra mim. — proferiu em baixo tom.

— Talvez esse otário tenha muito tempo livre e queira só te infernizar e te mandar para o hospício. — declarou o outro.

— CHE-GA-MOS MEUS QUERIDOS!!! — exclamou o rapaz abrindo os braços para cima.

— Deuses! Precisa gritar para tudo e todos que chegamos? — inquiriu Kazehaya.

— Hey, hey, relaxa, quem sabe assim o Nya-kun aparece logo e nos poupa o esforço. Kishishishishi... — brincou o mascarado.

— Então vamos começar... — proferiu Hideki.

Continua...