[Filler] Resultado Menos Revelador

Assunto: [Filler] Resultado Menos Revelador Qua 20 Jul 2016 - 23:16

Dias de ansiedade assolavam a psiquê do menino que percebia as horas passando lentamente. Lentamente até demais. Esse exame não sai nunca! - Agoniava-se sentado na cadeira de balanço em frente a sacada de sua residência. Obrigado a permanecer em casa para repousar do atentado que sofrera, ele soube por seus irmãos que uma investigação sobre o fato do espancamento tinha sido aberta e sua família esperava punir os culpados. Contudo, todos sabiam que os Hyuuga ainda tinham muita influência na Aldeia da Folha e certamente esse caso seria arquivado como os muitos outros relacionados ao seu primo Kobayashi, que sempre se aproveitava do carinho da avó para se safar das contravenções. Mas aquilo tudo tinha se tornado uma preocupação secundária, pois a descoberta dos componentes químicos do remédio misterioso revelaria parte de sua vida que ainda não conhecia. Ou não... Porque talvez, a falta de menção do químico na sua ficha fora apenas uma falta de preenchimento do formulário. Mas então porque não há indicação do fabricante ou a sua composição acostada nos vasilhames? Aquilo parecia algo realmente artesanal.

- Hora do remédio, Kaneda. - Gritava sua irmão, parecendo adivinhar sua angústia.

Sem esperar por um segundo chamado, ele disparou pelas escadas, surpreendendo Yoko que o aguardava com a colher já cheia do líquido negro. Já estava acostumado com o sabor enjoativo que aquilo lhe deixava quando terminava de percorrer sua garganta até seu estômago. - Preciso tomar um ar. - Avisou a irmã com rapidez, não lhe dando tempo para argumentar, pois Kaneda já sumia pelo portão da frente em direção ao laboratório. Hoje seria o grande dia. Seus olhos receberam o sol com certo desconforto, pois passava muito tempo dentro de seu quarto, mas isso não o impediu de prosseguir. Seu peito parecia explodir de ansiedade e a dificuldade de passar por entre os transeuntes que enchiam as rua naquela manhã só o irritavam a cada passo. Desgraça. - Aperreava-se. - Dá licença! - E por algumas ruas enfim Kaneda conseguiu progredir com mais velocidade até que finalmente chegou ao ambulatório. Passando pelas portas de vidro como um raio, o jovem quase esbarrou numa enfermeira que carregava alguns tubos-de-ensaio para outro setor, mas conseguiu frear em tempo de impedir o desastre. - Cuidado menino! - Reclamou a moça.

Desculpando-se com certa vergonha, ele passou pela mulher com um giro acrobático e enquanto retirava o comprovante do exame do bolso, chegou ao guichê de entrega. Sonolento, o atendente parecia ter seus trinta anos e a cabeça encostada na mão espalmada. Kaneda tinha certeza que ele cochilava, mas que com sua chegada abrupta o tirou daquele torpor. - Em que posso ajudá-lo? - Perguntou, abrindo a boca mais do que queria num bocejo instintivo. O garoto entregou o papel e aguardou tamborilando os dedos no balcão para acalmar seus nervos. Estranhando a ansiedade do garoto, o homem se levantou com um gemido preguiçoso e se perdeu num emaranhado de estantes até que finalmente ressurgiu com um pequeno envelope às mãos. Sentando-se pesadamente, ele empurrou o objeto num movimento rápido e se inclinou na mesma posição em que estava antes, olhando o vazio de forma sonolenta. O jovem tremeu quando buscou o resultado. Não quis abrir ali, na frente das pessoas que começavam a lotar o lugar. Preciso de um lugar discreto. Então, guardando o envelope no bolso da jaqueta, ele saiu do laboratório e saltou para os telhados em busca de proteção.

- Aqui está bom. - Comentou para si, ajeitando os óculos para se sentar por trás de uma pequena chaminé de uma padaria. Suas mãos tremiam quando o lacre foi rompido. Ruído rápido de papel em movimento e com os olhos arregalados atrás das lentes, Kaneda viu uma interminável e complexa lista de elementos dos quais nunca tinha ouvido falar. Mas como ele pode ser tão burro ao ponto de achar que o laboratório fosse definir cada elemento daquele. Realmente, parra seu desespero, todas as substâncias estavam escritas com nomes científicos e Kaneda sabia que precisaria de tempo para saber o que cada nome escrito ali significava. - Porcaria. - Reclamou, controlando-se para não amassar o resultado, mas suas mãos apertaram o papel e esse movimento deixou que a segunda página do exame fosse revelada. What the Fuck

! O garoto olhava para o último produto da lista e ao lado dele o que mais o intrigou. Substância Desconhecida. Como assim? Algo na substância que ele tomava todos os dias não era identificada? Pelo menos era o que dizia claramente no papel. Novamente o sabor enjoativo do remédio subia-lhe pela garganta como se quisesse provocá-lo.

- Ei garoto! Sai daí que vamos ligar o forno. - Avisou o padeiro.
- Ok. Ok... Já estou saindo. - Tranquilizou-o.

O menino angustiado e curioso enfim desceu do teto do comerciante e começou a caminhar por entre os transeuntes para retornar à casa. Não tinha a menor pressa para retornar ao seu quarto. Sua cabeça estava agora tomada por nomes científicos quase inomináveis. Tenho que estudar sobre isso... Mas logo retornarei à Academia e não terei tempo para isso. - Concluiu com desânimo. Tinha que haver alguma solução para aquela situação. Se pelo menos contasse com a ajuda de algum irmão seu, ou até mesmo de seu pai... Impossível. Eles também poderiam tentar encobrir esse mistério. Aliás, seus irmãos talvez não haveriam de saber agora. Sua impulsividade só atrapalharia o restante da investigação. E seu pai... Seu pai estava muito ocupado com os assuntos da delegacia para perder tempo com isso. Kaneda suspirava chateado pelo caminho quando ouviu o grito de algumas crianças que desciam as escadarias da biblioteca. Um sinal talvez. - Já que não terei tanto tempo, melhor começar a identificar essas substâncias. - Sussurrou ao desviar seu caminho na direção dos livros. Mas se pelo menos eu pudesse ser dois ou três. - Torcia.

Com aquele pensamento zanzando em sua cabeça, ele seguiu o caminho oposto aos pivetes e entrou no silêncio quase que total. - Tranquilidade, enfim. - Disse baixinho antes de chegar ao balcão. A atendente já o conhecia há algum tempo e abriu um grande sorriso ao vê-lo se aproximar. Após um alegre "bom-dia", ela logo perguntou qual seria o assunto da pesquisa daquela vez. Identificação de Substâncias Químicas. A moça fez uma careta ao notar a complexidade do tema, mas rapidamente apontou para o passadiço onde havia duas fileiras de estantes perfiladas no primeiro andar. O rapaz agradeceu a presteza da mulher e subiu mais um lance de escadas até alcançar as estantes. Suas mãos logo se apoiaram à escada metálica que o ajudava a chegar nas prateleiras mais altas e assim que deu o primeiro passo para a escalada, um dos livros na estante oposta, parecendo responder com a vibração de seu peso na escada, acabou por cair em sua cabeça, arrancando-lhe um contido gemido de dor, seguido por um "shhhh" da moça lá embaixo. Mas que drog... - Reclamava em pensamento quando visualizou o título do que lhe alvejara: "Naruto e os Outros Cem."

As vezes, a resposta para as preces realmente caem do céu... Razz

CONTINUA...

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