Citação :

- Katon: Gōka Messhitsu!
Nos segundos a seguir, ninguém percebeu realmente o que se passou. Apenas viram uma gigantesca parede de chamas a ser expelida para fora da boca do Imagawa que arrastou consigo Gaina, sem hipóteses de se defender ou esquivar da ofensiva. Mas essa parede de chamas não se limitou a isso, carbonizando ainda uma extensa área à sua frente e consumindo grande parte da lateral de Kusa, como também parte da sua floresta de cogumelos e outros fungos gigantes. Nada foi perdoado, desde habitações, animais e outros humanos que, por acaso, poderiam estar a passar pelo caminho de fogo, desapercebidos da morte que os queimou até ao pó. Para trás apenas ficou um rasto de destruição e intensas chamas e nada mais.

O estrondo da pancada ecoou pelo ambiente elegante, logo sendo interrompido pelos estalos dos pratos quebrados e o quinquilhar da prataria em queda. Tudo ficou em silêncio novamente, até que... - ahhhh... -  A dor era inimaginável até para ele, já acostumado com os rigores de seu treinamento. Revirando-se por cima dos cacos de porcelana, o homem abriu vagarosamente seus olhos e se sentiu aliviado ao ver que retornara à mansão de Gaina, caindo em cima da grande mesa de reuniões. Suspirando profundamente, o Akatsuki reuniu forças para balbuciar algumas palavras de reclamação, mas ninguém veio até ele. O salão estava vazio. Mas o que aconteceu? Ela me salvou? - Ele tentava entender como fora capaz de fugir daquela dimensão gélida e daquela velha maluca com intenções imortais. Contudo, mesmo assim, estava fraco demais para se levantar ao mesmo tempo em que diversas perguntas preencheram sua mente. Será que Gaina sabia que ele estava encrencado? Será que ela viu seu sofrimento e resolveu salvá-lo? Daisuke queria poder respondê-las, mas ele possuía pouquíssimas informações para conseguir julgar o que realmente acontecera.

Curar primeiro. Perguntas para depois. - Insistia contra sua própria curiosidade quando, noutro gemido dolorido, ele rolou lateralmente e caiu por cima de duas cadeiras que descansavam na lateral da grande mesa. Mais um baque terminou com o silêncio opressor do cômodo e o rapaz de cabelos brancos caiu no chão e rolou mais uma vez por cima do tapete carmim que agora exibia várias manchas de sangue fresco. - Droga. - Reclamou. Apenas vestido com a calça surrada do uniforme, Daisuke agarrou uma das cadeiras caídas ao seu lado e apelou ao seu corpo mais uma vez. Ossos quebrados rangeram numa dor excruciante, fazendo-o cair de joelhos quase sem forças. Curar primeiro. Perguntas para depois. Mais uma vez ninguém apareceu para explicar seu reaparecimento. Era melhor ouvir sua consciência e partir. - Depois eu agradeço aquela vaca. - Sussurrou com desdém, já que se suas suspeitas estiverem corretas, ele devia mais um favor àquela mulher. E Daisuke odeia ficar devendo a alguém. Humpf... Seu chakra logo trabalhou e como num passe de mágica sumiu do lugar, deixando para trás apenas o ranger do assoalho por se libertar do peso de seu corpo. Voosh!    

- Que merda é essa?! - Esbravejou Kazuki ao ver seu aliado se estabacar todo ensanguentado no chão de seu escritório. Mas antes que o nukenin conseguisse explicar o ocorrido, o outro já gritava para as criadas da casa que lhe trouxessem água quente e bandagens... Muitas bandagens. O casarão rapidamente caiu no caos completo enquanto os empregados arrumavam tudo e zanzavam de um lado para outro, despejando os curativos cobertos por sangue no lixo da cozinha, retornando quase que ao mesmo tempo com outro conjunto de panos embebidos com anestésicos. - Argh! - O eco dos gritos de Daisuke se tornavam mais e mais frequentes, chegando até a beira da piscina onde Nero olhava para o vazio, tentando parecer um vegetal. Um papel que vinha interpretante há algum tempo, mas que só se revelaria quando estivesse com seu plano de destruição perfeitamente arquitetado. "O problema são os homens e não os ninjas." - Ele se lembrava do comentário do Hiroshi que agora parecia estar passando por maus bocados. - Só mais um. Só mais um! - Gritava Kazuki no andar de cima. Suas mãos trêmulas apertavam um alicate, puxando o último rebite que atravessava o calcanhar esquerdo. Blink! Era o som do objeto sendo despejado na bandeja de metal.    

- Pronto. Acho que acabamos por aqui. - Suspirava o mafioso, enxaguando as mãos numa pequena bacia com água turva. - Agora descanse companheiro. E fique vivo para me explicar como isso aconteceu. - Concluiu fazendo um gesto com as mãos comandando os empregados para levar o rapaz até a enfermaria no subsolo. Daisuke não se inquietou mais. Ele estava completamente exausto e só o que queria fazer era dormir. Dormir bastante num dos leitos disponíveis. Suspirando, ainda sentindo suas terminações nervosas entorpecidas, Daisuke fechou os olhos e esqueceu do mundo. Como isso aconteceu? Quem ele enfrentou? - Kazuki voltava a se sentar atrás da mesa do escritório, olhando para o vazio na direção de um dos empregados que terminava de limpar o assoalho onde o socorro aconteceu. Contudo, o mafioso achava estranho que o Akatsuki havia efetuado com sucesso o assassinato do monge e ao invés de retornar com a cabeça erguida, ele chega quase morto... Mas nesse momento um farfalhar de asas na janela às suas costas chamou sua atenção. Levantando-se com ar de preocupação, Kazuki passou a mão na barba ao ver um falcão-correio. - Que notícia você me trouxe? - Sussurrou ao buscar a mensagem presa à perna do animal.        

Citação :

GAINA DERROTADA POR KATSU IMAGAWA.
A BATALHA ACONTECEU EM KUSAGAKURE.
APARENTEMENTE MORTA.

Era o que dizia a mensagem após uma rápida decodificação.

- Eita... - Comentou ao coçar a barba novamente. O astuto nukenin sabia que uma troca de poderes haveria de acontecer e torcia para que essa futura batalha pelo controle da Akatsuki lhes beneficiasse. Beneficiasse o Buraco, principalmente. Mas mesmo assim, não explicava o porquê de Daisuke ter chegado daquele modo. Será que ele tinha se rebelado contra a mulher e se deu mal? Será que ele a defendeu do Imagawa? Eram muitas perguntas para pouca informação. Agora o que poderia fazer é esperar que o rapaz acordasse para que pudesse explicar aquilo o quanto antes. Cortaram a cabeça da serpente... - Pensou ao se levantar e buscar um petisco para o falcão que após mordiscar por alguns segundos, empreendeu voo de volta ao seu criador, deixando Kazuki ainda mais curioso olhando-o se distanciar no céu azul e sem nuvens. Um suspiro profundo o tirou da letargia e seus pés rápidos desceram dois lances de escadas até a enfermaria onde o outro descansava. Arrastando uma cadeira para a lateral da cama, Kazuki tomou um pequeno susto ao perceber que Daisuke abriu os olhos. - E então, meu amigo. Pela... Sua cara... Você tem novidades. - Gemeu curioso. Kazuki ainda tentou deixar o assunto para depois, mas logo desistiu diante da insistência do pupilo.

- Então prepare-se para uma bomba. - Sorriu.

Minutos depois...

- ! Não é possível! Como? - Espantava-se Daisuke, ainda tonto pelos medicamentos em seu sistema.
- Pois é... Mas a fonte é confiável. - Respondeu Kazuki, recostando-se na cadeira.
- Deve ser por isso que fui jogado para fora daquela dimensão. - Concluía.

O outro bocejou por um momento e esperou que Daisuke falasse alguma coisa para ele, mas percebeu que o rapaz ainda estava em choque com aquela notícia. Mais uma vez minha sorte salvou minha vida.

- Ela irá contra-atacar. Kusa será seu alvo e ela precisará de mim. - Enfim comentou.
- Certamente. Se ela não morreu, ela chamará a todos para atacar a Vila para se vingar. - O rosto de Kazuki se tornou ainda mais sério.
- Isso por desencadear uma nova guerra. Guerra que não estou nem um pouco disposto a participar. - Sussurrou Daisuke.
- E você tem escolha? Você foi tocado por ela. Ou isso, ou você voltará a ser um miolo orgânico. - Adiantou.

Talvez com mais poder eu possa enfrentá-la.

- Chame o médico. Com urgência. - Daisuke esforçou-se para sorrir.