Quando chegámos à aldeia já toda a gente tinha acordado e esta encontrava-se envolta num grande alarido. Enquanto algumas pessoas estavam evidentemente confusas e surpreendidas com o sucedido, outras, nomeadamente os habitantes da vila, estavam furiosas e refilavam com o Presidente, mostrando o seu descontentamento com as decisões que este havia tomado para a recepção da jóia, as quais culminaram naquilo que já toda gente esperava, isto é, o roubo da jóia. Assim que o Presidente nos viu chegar, correu imediatamente na nossa direcção:

- Então, conseguiram apanhar o ladrão ou não? - Perguntou ele, ofegante e bastante nervoso.
- Sim, tudo correu como planeado e conseguimos recuperar a jóia. - Respondeu prontamente Shijou, entregando-lhe aquele pequeno objecto de grande valor.
- Para além disso, conseguimos informação acerca do paradeiro do quadro que foi roubado do museu da aldeia. - Concluí, esperando que o homem fizesse alguma referência a uma possível recompensa pelos serviços prestados.
- Isso é óptimo! - Exclamou o Presidente, agora já mais calmo após ter a jóia em sua posse. - Tal como prometido, se conseguirem recuperar o quadro irei dar-vos uma recompensa monetária. Não é muito mas 300 ryo é tudo o que posso gastar neste momento. Ficaria-vos muito grato se me pudessem fazer mais este serviço.
- Tudo bem, nós aceitámos o trabalho. - Disse eu em coro com Shijou.
- Ah, já agora, o que é que aconteceu ao ladrão? - Perguntou o homem com um olhar de quem pretendia arranjar um bode expiatório para todo aquele aparato.
- Infelizmente não o conseguimos capturar mas a probabilidade de ele voltar a atacar esta vila é muito baixa por isso não tem nada com que se preocupar. - Mentiu Shijou, consciente de que não seria uma boa ideia dizer o que realmente havia sucedido.
- Bom, deixem lá. Vamos dar continuidade à apresentação da jóia tal como estava programado, vocês também vêm?
- Não, é melhor aproveitarmos a escuridão da noite para atacar o inimigo e recuperar o quadro roubado. Voltaremos assim que tivermos cumprido a missão com sucesso. - Respondi, partindo depois na direcção que o ladrão nos tinha indicado juntamente com Shijou.

Entrámos na floresta em que tínhamos estado anteriormente e seguimos em direcção ao forte, saltando de árvore em árvore. Os troncos estavam um pouco húmidos, o que acabava por dificultar a tarefa e tornava uma queda em algo bastante provável de acontecer. Para evitar isso, canalizei algum chakra para a sola dos meus pés, libertando constantemente pequenas quantidades de forma a aumentar a aderência aos troncos e facilitar tanto os saltos como as aterragens.
Passados alguns minutos, acabámos por chegar a uma grande clareira, na qual se encontrava uma pequena mansão, semelhante a um forte, rodeada por paredes de pedra com cerca de dois metros de altura e uma única entrada, que levava àquilo que parecia ser a entrada principal do edifício. Continuámos sobre os troncos das árvores de forma a "estudar" os arredores da mansão sem sermos vistos. A entrada principal estava protegida por dois guardas que se encontravam mesmo em frente à porta, enquanto que as traseiras e os lados eram protegidas por outros dois guardas que circundavam a mansão sem parar.

- É melhor entrar apenas um de nós enquanto o outro fica cá fora, certificando-se de que nada corre mal. Eu vou entrar por aquela janela e tu esperas aqui até que eu regresse, ok? - Disse eu, apontando para uma janela do 2º andar que se encontrava no lado direito da casa.
- Ok, eu irei ajudar-te se perceber que alguma coisa está errada ou caso sejas descoberto. Leva isto contigo. - Retorquiu Shijou, entregando-me algumas esferas pequenas e amarelas.
- O que é isso?
- São bombas capazes de criar uma pequena corrente eléctrica quando explodem, sendo o suficiente para paralisar o movimento dos inimigos por alguns segundos.

Após a explicação de Shijou guardei as esferas na bolsa ninja que tinha à cintura e preparei-me para colocar o meu plano em prática. Aproximei-me da entrada principal, mantendo-me sempre escondido atrás da pequena muralha para que não me vissem e, quando me aproximei o suficiente, canalizei chakra em todo o meu corpo, usando o Doton: Dochū Eigyo no Jutsu para me afundar lentamente no solo. Era algo difícil mover-me debaixo da terra e tinha de manter um fluxo de chakra constante para que não fosse esmagado pela terra que me rodeava. Movi-me para junto do local onde a janela estava aberta e, depois de confirmar que os guardas que andavam a fazer a ronda não se encontravam ali, emergi do solo e comecei a trepar até à janela usando o Kinobiri. Após concentrar chakra nas palmas das mãos e nos pés, subi o mais rápido que consegui até à varanda cuja janela se encontrava aberta mas, no meio de tanta pressa, acabei por fazer demasiado barulho e chamar a atenção dos dois guardas que patrulhavam a mansão e rapidamente de aproximaram do local a ver o que é que se passava. Antes que estes chegassem, realizei um pequeno conjunto de selos e canalizei chakra em todo o meu corpo, transformando-me num vaso. Assim, quando os guardas lá chegaram a única coisa que viram foi o vaso que se encontrava sobre a varanda mas, talvez por não ligarem a pormenores estéticos, pareceram nem dar conta de que ele ali se encontrava. Tive de manter o chakra a circular pelo meu corpo durante alguns segundos para manter aquela forma e, só depois dos guardas se irem embora, pude voltar à minha forma original e espreitar para o interior do forte.

No meio do edifício encontrava-se uma grande escadaria que ligava os quatro andares da mansão e no 2º piso, onde eu me encontrava, não parecia haver nada mais do um corredor em forma de quadrado, tal como toda a mansão, e várias portas que se encontravam fechadas. Quanto a guardas, ali apenas havia dois, um que se encontrava parado no corredor oposto àquele em que estava a varanda e outro que estava no mesmo corredor que eu, um ou dois metros ao lado da varanda. Eu continuava escondido no lado de fora da varanda para que o primeiro guarda não me visse mas tinha de agir rapidamente antes que chegassem os guardas que patrulhavam a casa. Coloquei uma das esferas na baladeira da minha funda e, girando-a silenciosamente, lancei a bomba na direcção do guarda que se encontrava vários metros à minha frente acertando-lhe em cheio na cara, que ficou paralisada impedindo-o de gritar e alertar os restantes guardas.

- O que é q... - O guarda que estava junto à janela apenas viu a esfera ser arremessada contra o seu colega e, antes que ele me pudesse atacar ou pedir ajuda, peguei rapidamente numa kunai e espetei-a no pescoço do homem, tapando-lhe a boca com a minha outra mão para que ele não fizesse barulho. Após matar o guarda, arranquei-lhe a kunai do pescoço e lancei-a contra o guarda que tinha sido atingido pelo explosivo e estava no chão a contorcer-se de dor. Consegui acertar-lhe na parte de trás do pescoço, matando-o. Felizmente os guardas do 3º andar estavam a falar, fazendo bastante barulho, e não foram perturbados pelas minhas acções. Tendo em conta que os andares de cima estavam melhor protegidos do que os inferiores, supus que o quadro se encontraria no topo da mansão e dirigi-me à escadaria que me iria levar ao andar seguinte.

Abaixei-me e fui subindo as escadas tentando fazer o menor barulho possível. Quando espreitei para o corredor do 3º andar, pude ver que a sua construção era em tudo idêntica à do segundo e vi uma mesa onde estavam quatro guardas entretidos a jogar cartas e a beber. Encontrando-me a menos de cinco metros deles, pude avaliar os seus níveis de poder e perceber que não passavam de pessoas normais, tal como os restantes guardas que ali se encontravam, para além de estarem já consideravelmente bêbados. Assim sendo, calculei que o melhor fosse fazer um ataque surpresa e acabar com eles sem dar muito nas vistas.
Retirei da minha bolsa ninja uma Kemuridama e atirei-a para debaixo da mesa onde os guardas se encontravam. Assim que o fumo se começou a expandir, realizei uma série de selos e concentrei chakra de forma a criar dois discos de terra, lançando-os contra dois dos quatro guardas e decapitando-os. Antes que os outros guardas conseguissem contra-atacar, peguei em duas kunais e usei o Shunshin para me aproximar deles, espetando logo uma das kunais no peito de um dos guardas e depois perfurar a face do outro com a restante kunai. Consegui eliminar os guardas com sucesso porém, desta vez, parecia ter atraído a atenção de alguém. Ouvi os passos de alguém a descer as escadas e também ele me viu à medida que ia descendo.

- Hmm, visitas a esta hora? Suponho que estejas a planear roubar o quadro que está no andar seguinte... - Disse um rapaz de pele pálida, com cabelos negros e compridos que lhe tapavam parte da cara. - Infelizmente para ti, não posso desiludir Kinuta-sama e deixar que isso aconteça. - Concluiu ele, pegando numa katana e partindo na minha direcção com a intenção de me cortar. Este já não era um simples civil como os outros guardas e possuía um nível de poder semelhante ao meu. Tentei parar o golpe lateral da sua espada colocando uma kunai no seu caminho mas a sua força era superior à minha e vi-me obrigado a largar a pequena arma e abaixar-me para esquivar o ataque. Fiz alguns selos rápidos e concentrei chakra na palma da mão para criar um espigão de terra e, girando o meu corpo, tentei cortar atingir a face do rapaz mas tudo o que consegui foi causar-lhe um pequeno corte na bochecha.

- Não me pareces nada fraco... - Constatou o rapaz após dar um pequeno salto para trás de forma a ganhar espaço. - No entanto, ainda estás longe do nível do grande Zaki-sama! - Exclamou ele, referindo-se a si próprio. Zaki lançou-se na minha direcção e tentou atacar-me com inúmeros balanços da sua espada. Ele manejava a espada com grande destreza mas mantinha sempre o mesmo padrão e contra um adversário capaz de "ler" os seus movimentos, como eu, isso era inútil. Consegui esquivar-me agilmente das várias investidas e, entre vários movimentos, fui-me aproximando dele até estar próximo o suficiente para o atacar com uma kunai. Num rápido movimento de cima para baixo, fui capaz de lhe causar um ligeiro corte no peito, contudo isso parecia ser o que ele estava à espera e contra-atacou de imediato com um pontapé lateral que me acertou em cheio nas costelas e me projectou contra a parede, causando algumas dores. Enquanto eu ainda estava no chão a tentar recuperar, Zaki começou a correr na minha direcção tentando terminar o combate mas, de forma a esquivar o ataque, canalizei chakra por todo o meu corpo e usei o Doton: Dochū Eigyo no Jutsu para entrar no solo e desaparecer da vista do rapaz.

- Pfff, escondes-te como um rato. Não tens verg... - Enquanto ele falava, emergi do chão e agarrei-lhe o tornozelo com força, puxando-lhe a perna para o fazer cair. Assim, enquanto Zaki se encontrava no chão, tive tempo para me levantar e preparar o próximo ataque. Peguei em duas kunais e saltei para o ar, de forma a ter um melhor ângulo, e lancei uma das kunais para o antebraço de Zaki, perfurando-o e prendendo a kunai ao chão. De seguida, agarrei a outra kunai com as duas mãos e aproveitei a força da queda para lhe tentar espetar a arma no peito no entanto não consegui. Antes do meu ataque, e sem hesitar, Zaki usou a katana para o cortar o seu braço que tinha sido atingido e esquivou-se da minha investida, rebolando para o lado. Quando me levantei, já o rapaz vinha na minha direcção e apenas me consegui esquivar no último segundo com um salto para o lado, acabando por sofrer um corte no braço esquerdo.
Numa tentativa desesperada, o rapaz lançou a sua espada contra mim, acertando em cheio no meu braço ferido. Contudo, antes de esta me atingir, ainda fui capaz de concentrar chakra no braço e transformá-lo em lama. Agora, com o rapaz indefeso, era a minha vez de atacar e terminar o combate. Usando o braço direito, peguei em duas kunais e lancei-as contra o Zaki, atingindo-o no peito.

- Parece que o combate terminou. Adeus. - Disse eu, aproximando-me do rapaz que se contorcia no chão com intensas dores. Segurando a katana dele com as duas mãos, perfurei-lhe o coração e pus termo ao seu sofrimento. Após este intenso combate, estava bastante cansado mas ainda não era altura para descansar. Subi as escadas até ao último andar e lá encontrei o quadro que havia sido roubado, peguei nele e dirigi-me a uma das janelas daquele andar para regressar à vila. No entanto, ao olhar para o exterior do forte, vi que o Shijou se preparava para lutar com uma pessoa vestida com um manto preto e um carapuço da mesma cor que lhe tapava metade da cara. Concentrei chakra nos pés e comecei a descer o forte usando o Kinobiri, preparando-me para ajudar Shijou mas, assim que me viu, este gritou:

- Não venhas para aqui Tenjin! Preocupa-te primeiro em concluir a missão com sucesso e depois vem ajudar-me!
- Hã?! Parece que conseguiram recuperar o quadro mas não vos deixarei escapar daqui com vida! - Exclamou o misterioso rapaz, preparando-se para me atacar com um jutsu.
- O teu adversário sou eu. - Retorquiu Shijou, aproximando-se do adversário com uma velocidade impressionante e tentando acertar-lhe com um pontapé.

Aproveitei a distracção de Shijou e corri o mais rápido que consegui em direcção à vila. Saltando de tronco em tronco e usando o Shunshin para me apressar, acabei por chegar à aldeia mais depressa do que esperava e dirigi-me à casa do Presidente, onde este já estava a dormir. Sem perder tempo, entreguei o quadro que havia sido roubado e, após receber a recompensa pelo trabalho, saí a correr em direcção à floresta. Agora tudo o que restava era apoiar Shijou no seu combate contra o misterioso indivíduo do manto negro.