Gaara afastou-se no seu bloco de areia flutuante. E eu, fiquei sob o sol abrasivo no calor sufocante do deserto com o pergaminho vermelho na mão. Abri-o cuidadosamente e li.
“Jutsus? Será isto obra de Arashi?”
Li atentamente cada linha, cada Kanji. Resumiam-se a técnicas de infiltração, de obtenção de informação e até uma de captura. O que raio estavam eles a tentar fazer comigo? Li até ao fim, não fosse o diabo tecê-las. No fundo, um pequeno papel amarelado estava afixado ao pergaminho.
“Selo”
Arranquei-o sem esforço algum e como por magia os Kanjis reorganizaram-se enquanto a tinta serpenteava pelo papel e se reformulava. Agora apresentava-se como uma mensagem para Konoha.
Subitamente, senti-me ser elevado no ar e, só uma centésima de segundo depois é que foi atingido pela dor. O pontapé ergueu-me alguns metros no ar, para cair no chão arenoso momentos seguintes.
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(se para ponham a meio ou assim)
Um rapaz de olhos frios, verdes, olhava-me. Não havia expressão alguma nos seus traços. Não demonstrava o mínimo interesse sequer no que fazia. E contudo,, a sua cara, o seu corpo, em tudo era idêntico a mim, excepto na aparente falta de emoção.
Mal me levantei, já ele estava sobre mim de foice em punho. Substituí-me por um calhau próximo e escapei por um triz. Coloquei a mão num bolso e retirei um pequeno pergaminho, fazendo surgir também eu uma tripla foice. Bloqueei o primeiro ataque e com a mão livre lancei serpentes da manga. O clone limitou-se a largar a foice e erguer uma barreira de electricidade. As serpentes recuaram, para dentro da manga.
Atirei-lhe a foice, que rodopiou no ar como um boomerang, enquanto concentrava chakra, acto acompanhado de complexos movimentos de mão. Como esperado, a cópia desviou-se sem dificuldade alguma e no momento seguinte foi envolvida por escuridão plena.
Com um selo surgi atrás dele, deixando a electricidade transportar-me instantaneamente e apontei uma faca ao pescoço do inimigo mas – oh espanto! O falso Selim desviou-se do braço, como se o visse perfeitamente. De facto, agarrou-me e enrolou o seu braço no meu. Mas aquela era a minha estratégia, afinal de contas e, como tal, defendi-me facilmente. Espalhei chakra pelo braço, com mestria e quando o falso Selim o comprimiu, não encontrou qualquer osso que pudesse partir. Com a mão livre agarrei uma kunai invertida e tentei esfaquear a cópia barata, mas aparentemente o inimigo herdara até a habilidade de sentir movimentos de água e com base no movimento do meu braço conseguiu desviar-se.
Com um selo e uma boa dose de chakra reapareci atrás, sobre a areia quente. Mas o meu adversário até este transporte instantâneo tinha herdado e com um golpe seco de espada cortou-me. Kimono, camisola e pele foram dilaceradas, embora sem grande profundidade, ao longo do peito. Sem meias medidas desfiz-me de tudo isso, enfrentando o inimigo em tronco nu.
- És problemático sabes, cada vez que faço isto apanho um valente escaldão. – repreendi inutilmente a cópia.
Tal resultou apenas na impassibilidade absoluta do clone, ou o que quer que fosse. Apontei-lhe a mão e abri-a de repelão, envolvendo-o num genjutsu com um pequeno toque de chakra. Não se libertaria facilmente deste, nem me era agradável imaginar as diversas formas sob as quais era devorado pelas serpentes do deserto. Era a minha oportunidade. Aproximei-me num shunshin e, com a mão embebida em raios, encostei-lha à cara. Os trovões iluminaram o já claro deserto fumegante, mas não como esperava. É que, no último minuto, esta coisa a que chamei de inimigo abriu a boca e com uma cobra forçou-me a dobrar o pulso para o ar e escapou por um triz!
Sem perder tempo, com a mão livre agarrei numa kunai invertida e fiz uma ilusão correr por ela, de forma a que mal raspei a lâmina na sua pele, a pressão afrouxou, enquanto penas brancas desciam do céu e o tomavam no doce esquecimento do sono. Está claro que não esperava que uma coisa daquelas resultasse, não para o adormecer. Mas pelo menos a pressão no meu braço afrouxou um pouco e com a mesma faca cortei a serpente que se colara como uma lapa ao meu pulso.
Longe do meu adversário, estafado pelo calor abrasivo e queimado pelos malfadados raios ultra-violeta, era quase impossível pensar friamente. Mas assim teve que ser, pois a vitória seria impossível de outro modo. Se este oponente sabia tudo o que eu sabia, então a única forma de o vencer seria ultrapassar-me, isso pelo menos estava claro e límpido na minha mente frouxa. Recuei mentalmente pela batalha, enquanto me desviava de algumas shurikens arremessadas. Porque lutava eu afinal? Seria aquilo uma armadilha para me silenciar? Não, ainda que Arashi o quisesse fazer, Gaara não o faria, o herói de Suna não o faria jamais.
Uma voz clara soou-me então na mente.
“Porque lutas?”
De facto, porque começara sequer a lutar? Ao tirar aquele selo… Sim, o selo!
“E antes de o retirar, alguma coisa devo ter aprendido”
E ri descontroladamente. A resposta era tão simples afinal de contas. Agarrei a última kunai do inimigo com uma serpente e corri para ele. Num passo de magia desapareci dos seus olhos, ao usar a primeira técnica. Invisibilidade. Ou assim pense, mas o meu ombro e braço esquerdos ainda eram visíveis e frustraram o primeiro ataque. Fui violentamente empurrado pela torrente de água do inimigo, que teria sido bem vinda naquele ardor infernal e dantesco, não fora a saliva a ela adjacente.
O empurrão terminaria num nojento cacto, carregado de espinhas e, para evitar danos, preparei uma pequena surpresa enquanto caía, de forma que pelo menos as minhas costas evitaram o dano e fiquei preso no cacto, contorcido numa posição estranha.
“Isto é que é sugar toda a criação?”, pensei, “não muito útil em combate”
E nesse momento três facas voaram, multiplicando-se no último momento, em direcção ao meu peito. Recuei para dentro do cacto e para espanto meu fiquei completamente intocado pelas lâminas.
Mas estava a ficar demasiado fraco. Tinha sido pouco cuidadoso com as reservas de chakra e os meus músculos ardiam sob a pele febril. A areia moveu-se num turbilhão e quando levantei os olhos, vi uma enorme onda de serpentes que ameaçava envolver-me. Sem pensar sequer, lancei algumas kunais ao ar e manejando-as com chakra subi eu próprio. O idiota lá em baixo fitava-me embasbacado depois de vomitar milhares de cobras.
- Kuchiyose; Aian Meiden! Bradei enquanto caia.
Um pequeno Maneki Neko surgiu da areia e engoliu o falso Selim. Se o jutsu tivesse sido perfeito, o gato teria sido engolido pela areia e convocado depois por mim, mas para uma primeira vez não estava mal. Corri para o gato e abri a boca. Mal senti que este se abria disparei Asura da boca, acompanhada pela sua serpente guardiã, sem hesitação.
A katana atravessou o peito do inimigo e ainda tiniu na parede de ferro do gato.
O olho de areia desfez-se. Também Gaara sabia já do final da batalha.
Assunto: Treino 21 - Sobrevive, espião 
Qui 17 Fev 2011 - 22:58
