Shugo debruçava-se ao ver a gigante nuvem de poeira a levantar-se de rompante, impedindo-a de ver fosse o que fosse ao seu redor. Num movimento singelo, esta colocava a sua espada à sua frente, desenhando estranhos símbolos no ar. Após desenhá-los, esta cortava-os velozmente com a sua espada de bronze, surgindo então uma estranha runa branca à volta desses.
-Wind… - Pronunciava-se a Kumokira antes de criar uma forte ventania a partir dessa runa branca que, numa questão de segundos, varria toda a poeira, afastando-a do local a tempo de ver Imagawa e Fukeru`s, todos eles a tossirem devido à inalação excessiva de poeira.
-Hey, companheira do Katsu! – Vociferou Takumi rodopiando com a lança à volta do seu corpo até esta parar pousada sobre a mão direita, com a lamacenta ponta virada para o corpo da adolescente – O que achas que estás a fazer?
Pequenas gotículas de lama escorregavam pelo limpo metal da ponta da sua lança o que levava Shugo a fita-la com curiosidade. Pelo que vira até agora, Takumi era perito no uso de Doton, controlando o fluxo com aquela arma tão peculiar. Contudo, a sua espada de bronze, que colocava agora em riste, também era peculiar.
Em rápidas varredelas, Shugo desenhava perfeitos Kanji`s no ar, cortando-os de imediato para, desta vez, formar uma runa amarela à sua volta, ativando de imediato a invocação de chakra.
-Thunder…
Takumi afundou-se no solo abaixo de si rapidamente, evitando os relâmpagos que deixavam pequenas crateras onde este se encontrava. Debaixo do solo, o Imagawa nadava com grande habilidade, vendo-se bastante confortável neste meio. Shugo olhava para baixo de imediato, procurando o seu oponente que poderia surgir em qualquer altura, enquanto Takumi também a conseguia sentir, devido às vibrações que esta soltava sobre a terra, ao andar de um lado para o outro para não ser apanhada num ataque surpresa.
Imagawa`s e Fukeru`s não se distraiam com a luta entre eles os dois, concentrando-se entre as suas hostilidades onde, aos poucos, os Imagawa conseguiam cada vez mais pressionar o seu clã-rival até perto da torre onde se encontrava Tadao, esperando que algum oponente se dignasse a desafia-lo pela liderança de Kusa, desconhecendo que Kimera já se encontrava a tratar desse seu desejo.
Num instante, uma larga quantidade de terra era cuspida do subsolo, certeira na área abaixo de Shugo, esta que era apanhada de surpresa devido à velocidade da técnica. Seguindo-se a essa terra, surgia Takumi como um tubarão que acabara de capturar a sua presa, saltando para fora e tentando trespassar o corpo da Kumokira com a sua lança, enquanto esta se encontrava no ar, desequilibrada pelo monte de terra cuspido.
-Não subestimes o poder dos Imagawa! – Vociferou o capitão das forças de ataque, trespassando o dorso da adolescente e, aproveitando-se que conseguira agarra-la com a arma, arremessando-a contra uma pilha de casas, gritando o nome do seu clã com grande afinco.
A força colocada no movimento era suficiente para gerar uma boa cratera na parede da casa, agora ligeiramente destruída, com o corpo de Shugo lá apoiado. Os Imagawa à volta do acontecimento sentiam-se agora inspirados ao verem o seu capitão a vencer a luta, pressionando ainda mais os seus oponentes. Mas, Takumi sabia que ainda não havia acabado. A pequena nuvem de poeira levantada rapidamente se desfazia, revelando a Kumokira de pé, com uma profunda ferida ensanguentada a centímetros do estômago e fígado,
-Katsu não é teu amigo, porque o trais? – Questionava o Imagawa, colocando-se numa postura mais ofensiva e propícia para rápidas fugas, mesmo sabendo que adquiria vantagem sobre a adolescente.
-Eu não traí Katsu… sama – Após o novo tratamento do seu amigo, Takumi olhava confuso para a adolescente, esta que agora passava a mão pelo gume da sua espada, sentindo a frieza e a lama que nele se aglomerava – Gostas muito do lama, tal como os porcos…
Takumi corava de imediato após a comparação ofensiva que lhe era dirigida. Não aguentou tamanha humilhação, rodando a lança ao alto e cravando sobre o solo à sua frente –Doton: Ganban Kyū ! – Placas de madeira ascendiam do solo em torno de Shugo, rodeando velozmente para depois se fecharem a seu torno, impedindo-a de qualquer movimento - Doton: Kuikorosu Tsuchi! – Após mais alguns movimentos com a sua lança, Takumi modificava agora a terra em torno do caixão de pedra que prendia a sua oponente, elevando grandes porções do solo até formar duas gigantes “bocas” que surgiam ambas ao lado do caixão, engolindo-o nos seus afiados dentes e esmagando toda a área, inclusive a Kumokira que, devido à primeira técnica, não tinha meios para escapar do caixão – Não devia de ter-me chamado porco…
As duas bocas de terra desfaziam-se, unindo-se para depois formar de novo o solo que as havia criado, não deixando assim qualquer pista que Shugo havia morrido ali, dando a confiança suficiente para que Takumi se virasse, concentrando-se em atacar alguns Fukeru que tomaram a liberdade de desafia-lo, após verem que este se havia livrado da Kumokira.
O procedimento de há pouco era repetido, mediante o Imagawa trocava golpes com o Fukeru, matando agora um quando lhe trespassava certeiramente a garganta, quando a terra por debaixo deles começava a modificar-se. Distraído com os seus novos oponentes, o capitão não se apercebia de uma enorme espada de bronze a subir das entranhas do solo, desfazendo os Fukeru em pedaços de carne e ossos, movendo-se apressadamente na sua direção após lhe ter eliminado os inimigos.
-Doton: Doryūheki ! – Vociferou Takumi, apressadamente, espetando a ponta da sua lança no solo e elevando-a de imediato, arrastando consigo uma gigante parede de terra que visaria bloquear o avanço da gigante espada de bronze subterrânea.
Ambas as técnicas colidiam, criando uma gigante nuvem de poeira pela terceira vez naquela batalha. O Imagawa sentia-se mais confortável com a poeira levantada, aproveitando-se da nula visão da sua adversária – pois tinha a certeza que esta espada era da Shugo – para se afastar à retaguarda entre longos e rápidos saltos, dando-lhe assim mais espaço de manobra ao ver que agora se situava no centro de um cruzamento, quase sem casas ao redor.
A parede de terra cedia, por fim, ao incessante avanço da espada de bronze desfazendo-se em múltiplos pedaços de terra que colidiam contra o solo de forma bruta. A espada continuou o seu caminho, seguindo o trajeto de fuga do seu alvo. Takumi receava que não tinha nada para proteger-se de algo daquele tamanho, rodopiando a sua lança e esperando que alguma ideia, vinda do seu desespero, lhe surgisse para ajuda-lo. Mas tal não era necessário. A lâmina parava de avançar, retornando de novo para a sua origem ao ser engolida pela terra. O Imagawa continuava a achar aquilo estranho pois, mesmo distraído com os Fukeru, deveria de ter notado as vibrações no solo para que aquela lâmina surgisse e desaparecesse…
Um fluxo de chakra cortava-lhe os pensamentos, obrigando-o a olhar para cima e ver uma runa amarela aparecer sobre si. Reconheceu aquela runa, igual à dos relâmpagos à pouco, atirando-se num rápido rolamento à frente e esquivando o poderoso trovão que atingia a sua última localização, a sua morte certeira caso fosse atingido. O capitão dava-se agora ao luxo de olhar em frente, vendo a Kumokira a surgir, caminhando lentamente com a espada de bronze, agora em proporções normais, na sua mão e de ponta extremamente afiada apontada contra si.
-Ainda não entendi a habilidade dela, o que raios está ela a fazer? – Questionava-se o homem, colocando-se numa posição esticada e sempre com a lança ao seu lado, visualizando Shugo a abanar com a sua peculiar espada de um lado para o outro…

Uma bolsa de vento surgia de rompante, quase atingido Ishida se esta não se deslocasse com uma pirueta para a sua direita. Arata continuava a pressiona-la, puxando os seus pulsos estendidos em frente e disparando cada vez mais “balas” de vento, invisíveis, rápidas e extremamente potentes, conseguindo, mesmo com o seu curto tamanho, causar grandes estragos nas estruturas que suportavam o peso da torre do Kage.
-Arata-san, para com esta estupidez, não obrigues a minha irmã a lutar com o nosso pai! – Gritou Ishida mexendo com o seu curto leque para, com uma precisão e controlo de chakra perfeitos, desviar mais uma bala de vento da sua trajetória, deixando que esta se afundasse nas paredes da torre, cada vez mais fracas.
-Cala-te Ishida! – Vociferou o homem movendo a sua perna direita para frente, acompanhando o avanço com mais um movimento em frente com uma das palmas da sua mão, criando outra veloz bala de vento que obrigava à Fukeru a realizar esquivas quase impossíveis – O destino da rainha é deserdar o seu pai e tomar posse da vila de Kusa. Uma filha adotiva como tu nunca devia de ter entrado na história do nosso clã, és uma herege que deve de estar morta, Kusa deve de ser habitada unicamente por Fukeru`s!
A irmã de Kimera sentia-se severamente irritada pelas palavras do seu “companheiro” de vila, movendo o seu leque diagonalmente, criando uma pequena lâmina de vento que desfazia a bala de Arata em duas, perdendo a potência até desfazer-se em ar. O protetor de Kimera guinchava agora de dor, ajoelhando-se contra o solo ao sentir outra lâmina de ar, proveniente dos abanos do leque de Ishida, a raspar-lhe no ombro, rasgando a suas roupas e ainda com potência para fazer um corte na sua carne, deixando-a a sangrar.
-Foste tu que me ensinaste o controlo do Fuuton, foste tu que sempre nos deste as esperanças que Kusagakure viria a tornar-se uma vila poderosa, onde todos viveríamos independentes da guerra! Felizes… - Explicava a portadora do leque, arranjando o seu quimono floral para que este não revelasse partes indesejadas do corpo, consciente que, caso as suas palavras não funcionassem, tanto ela quanto Arata usariam o seu máximo poder com o vento – Não temos de lutar, não vamos lutar!
O homem ainda rangia com os dentes, aquele corte rápido fora demasiado doloroso, mas não o suficiente para o impedir de avançar. Olhou em frente, notava-se mesmo com as ligaduras à frente dos olhos, começando a correr na direção de Ishida.
-Se fores uma verdadeira Fukeru então és uma mestre em luta corpo-a-corpo! – Gritou o Fukeru, ignorando as palavras que Ishida proferia, na vã tentativa de impedir aquela luta, que Arata já se havia convencido como necessária para defender os costumes do seu amado clã.
Ishida suspirou, cortando de novo o ar com o seu pequeno leque para criar duas lâminas que quase atingiam as pernas de Arata, a adolescente visaria essa área pois não queria matar o seu professor, mas este previra o movimento, cuspindo um denso fluxo de ar contra o solo, aumentando o seu poder de salto e impressionando-a com a inteligente esquiva.
Em pleno ar, este recuava ambas as palmas da sua mão, puxando-as depois em frente para criar uma bala de vento ainda maior e muito mais poderosa e rápida que as anteriores, contudo, Ishida era-lhe superior - Fuuton: Kazekiri no Jutsu! – Vociferou esta, abanando com o seu leque, criando um pequeno tornado que dissolvia as balas de vento, desfazendo-as em simples ar – Sou melhor em Ninjutsu, sensei… - Esclarecia, colocando o leque em riste contra o seu professor, que agora pousava no solo, mantendo ainda assim as suas palmas em frente, não desistindo do seu ataque.
-Reconheço isso, pupila. – Conferia Arata, relaxando a sua posição, o que levava a Ishida a olha-lo desconfiada, para levar as mãos atrás da cabeça e começar a desatar as ligaduras em tornos dos seus olhos, deixando-as cair – Por isso vou lutar a sério…
Uma pequena gota de suor descia pelo semblante nervoso da Fukeru. Estava feito, o seu professor iria lutar a sério. A rapariga via-se agora naquela situação apertada, aglomerando exorbitantes quantidades de chakra nas pontas da sua arma, preparada para o pior…