Estava escuro. Completamente.

Era impossível distinguir o que quer que fosse no meio daquela escuridão, que, como se não bastasse, vinha acompanhada de um inquietante silêncio… Bem, isto se não contarmos com o constante ladrar dos cães que se ouvia desde uma hora atrás. No meio deste ambiente insólito, é possível verificar uma pequena luz, alaranjada e quente, passando levemente pelas frechas da porta do quarto de Zenosuke. O quarto não era muito grande em si, possuindo apenas o essencial. Uma cama, uma cómoda, armário, estante de livros, revistas eróti sobre coisas másculas… e, finalmente, uma secretária onde o jovem rapaz pousava relaxadamente os seus cotovelos, estando as mãos, com os dedos entrelaçados, a suportar-lhe a cabeça. O candeeiro da sua secretária proponha-lhe uma iluminação estupenda… lá está, material de qualidade. Sobre a secretária estava pousado um livro aberto, pelo qual Zenosuke passa os olhos atentamente. O alarme da sua cómoda apontava exactamente as 7:00h da manhã. Afinal, era já um velho hábito deste rapaz levantar-se cedo, por razões pessoais…

Finalmente, o rapaz, que acabara de fazer 16 anos, levanta-se da sua secretária, ao mesmo tempo fechando o livro e colocando-o de novo na estante, no meio de tantos outros. De seguida, abre todas as janelas de repelão, de forma a expulsar o breu e o mofo. Lá fora, o sol mostrava já sinais de vida á medida que o tempo corria. Eram já 7:30h. Zenosuke rapidamente despe o pijama, arrepiando-se um pouco por causa do frio. Começa por vestir as calças, seguindo para a camisola e o casaco. Desligando por fim o candeeiro, este desce as escadas cuidadosamente, de forma a não acordar os pais que ainda dormiam profundamente. Uma vez na cozinha, após abertas as janelas, o rapaz começa por preparar umas torradas enquanto enche um copo com leite, de seguida sentando-se á mesa e bebendo uns goles enquanto espera. Rapidamente as torradas ficam prontas (mais uma vez devido ao material ser de qualidade), e Zenosuke leva-as rapidamente a boca. Também tinha o mau hábito de comer depressa. Enfim, este rapaz era um poço de maus hábitos.

Acabado o pequeno-almoço, o Gennin desloca-se para a casa de banho, lavando os dentes e compondo o cabelo. Finalmente calça-se á entrada de casa e sai, fechando devagarinho a porta atrás de si. Às 7:45 em ponto, o sol mostrava já tons alaranjados, brilhando por entre as imensas nuvens de Kumogakure. Era deveras um esplendor sensacional. Zenosuke coloca as mãos nos bolsos do seu casaco, e vagarosamente começa a caminhar, em direcção ao campo de treinos.

No entanto, repentinamente, para.

Algo lhe acabava de vir á memória, naquele mesmo local. Algo grandemente familiar.

-Hehehe… quanto tempo já passou desde esse dia… - diz Kurogane, com um tom de voz interior e algo nostálgico e um sorriso esboçado nos lábios, enquanto olha para o céu.