Num dia ensolarado de festa em Konoha, centenas de pessoas se amontoam nas arquibancadas da arena ao norte da cidade. Dentre os espectadores, muitos ninjas poderosos vindos de todos os cantos do Mundo Ninja, juntamente com os Kages convidados. Todos estão atentos aos acontecimentos e duelos ocorridos até agora, principalmente a surpresa em ver Naruto vencendo. Mas todos não estavam ali para se entretiver com a "zebra" do torneio, e sim para ver o único herdeiro dos Uchihas em ação. Contudo, seu atraso começava a incomodar a multidão, já começando a reclamar do gennin mais forte da Vila. -
Ele chegou! - Gritou uma gennin histérica para o delírio de todos. Logo toda a ansiedade e mau humor foram trocados por êxtase que se espalhou como eletricidade pelos espectadores quando finalmente viram Sasuke Uchiha surgindo após um shunshin para enfrentar o estranho garoto da Areia. A luta mais aguardada do torneio estava prestes a começar, para o delírio de todos.
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Mas que merda... Gostaria de assistir. - Reclamava um dos vigias da muralha.
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Verdade. Azar mesmo. A culpa é toda sua! - Respondeu o konoha-nin, ouvindo os gritos da multidão.
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Porque? Não fiz nada?! Só porque estava doente! - Tentou se explicar, com vergonha.
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Você fingiu uma gripe para ir namorar! A culpa é sua! - Suspirou o outro, fitando o lado de fora da muralha.
Neste momento, agachado na lateral da muralha com seu sharingan ativado numa feição assassina, Sasuke desprende as faixas que prendiam seu braço, levando sua mão à frente do rosto, quando um ruído alto como centenas de pássaros gorjeando ao mesmo tempo ecoaram pela arena, e uma energia poderosa emanou da mão do Uchiha. O ar se eletrizou e a temperatura aumentou. Enquanto isso, a multidão prendeu a respiração esperando o que aconteceria com o garoto da Areia, que até agora se protegia em sua redoma de areia, que até agora se mostrava impenetrável. Até que Sasuke joga o braço para o lado e empreendeu uma veloz corrida até Gaara. Rapidamente ele atingiu o solo numa explosão de areia e continuou em direção à esfera. Como proteção, Gaara fez surgir alguns espigões de areia, mas era tarde demais. -
Chidori! - Gritou Sasuke atravessando a cúpula de areia com facilidade. A multidão estava ensandecida. Os Kages admiravam a técnica incrível, mas um deles havia gostado ainda mais, quando um grito inumano precedeu o silêncio.
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Pelos gritos, a luta terminou. - Falou o vigia voltando seus olhos para a arena.
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É mesmo. E pela comemoração, o Uchiha ganhou. - Comemorou o outro.
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Espere, ali na floresta! O que foi aquilo? - Gritou um terceiro, apontando para um rastro de fumaça.
E para a surpresa dos três, cobras gigantescas tomam forma a partir de um grande estouro de fumaça para então iniciar seu avanço até a muralha de proteção. A guerra chegou à Vila da Folha quando ninjas do som escalam as paredes e adentram a cidade. Rapidamente os três iniciam a defesa da vila, mas logo as serpentes se jogam na muralha e a derrubam com facilidade, destruindo casas e prédios no processo sem muita resistência. Os três vigias saltaram lateralmente, alvejando as serpentes com kunais-fuudas, até que um deles tentou recuar para chamar reforço, quando foi morto por projéteis arremessados por ninjas da Vila da Areia que agora entravam em vários grupos pela abertura na muralha. Centenas de ninjas inimigos espalham a carnificina. Suna e Som agora invadiam Konoha, que ainda parecia não entender o que se passava, até que já estava praticamente tomada por inimigos. A luta se espalhou de casa em casa. Bairro em bairro. O desespero era inevitável.
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Socorro! Socorro! - Suplicavam alguns idosos soterrados nos destroços de sua residência que caíra com a passagem das serpentes. Atendendo ao pedido de socorro, o estranho Damishi Endo, cuja aparência pálida e escamosa causava arrepios aos moradores da cidade. Embora sofressem algum preconceito pela aparência, o clã Hebi era temido e respeitado. Mas a ocasião não permitia espaço para preconceito ou picuinhas. Afinal, todos eram filhos da Folha e agora ela precisava do auxílio de todos. Inclusive o dele. Então, Damishi não pensara duas vezes para sair de sua residência semidestruída e correr ao auxílio de seus vizinhos desamparados. Todos os seus filhos estavam fora em missão, restando apenas Kamio, seu neto mais velho, de apenas onze anos, que acabara de sair da academia gennin, para ajudá-lo na dura tarefa de retirar os destroços que prendiam o casal. Apesar do trabalho duro, o patriarca do Clã Hebi parecia bastante forte e ágil. Levantando pesadas vigas de madeira, logo conseguiram libertar os idosos, que agradeceram sentados aos destroços.
Já se podiam ver as serpentes sendo alvejadas por diversos projéteis explosivos. -
Konoha está resistindo. - Pensou Damishi quando viu uma garota morena correndo e atravessando a rua onde eles moravam. Ela estava ofegante e seus tamancos a atrapalhavam na corrida, quando três ninjas da Areia saíram em sua perseguição. Vendo que a garota teria problemas, o velho Damishi pediu que seu neto ficasse de prontidão protegendo os idosos até que a ajuda chegasse, enquanto corria ao auxílio de moça que agora se perdera de vista ao atravessar outra esquina. Temendo o pior, o Hebi não esperou. Saltando por entre os destroços, com seu quimono verde adornado com vários símbolos do clã, ele tomou a direção dos ninjas inimigos quando viu a garota caída e cercada pelos três. -
Deixem-na em paz! - Gritou o ancião. Mas logo os três abriram caminho para que ele tomasse à frente da garota, que caída, chorava capciosamente.
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Velho! Vai defender esta garota com sua vida?! - Perguntou o Suna-nin.
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Covardes! Porque não lutam com honra?! - Retrucou Damishi, cerrando os punhos.
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Pois bem pai. Não precisarei lutar contigo. - Sorriu Himura Endo, ao desativar o Henge e seus clones.
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Argh! Mas filho... Porquê?! - Sussurrou Damishi ao sentir uma lâmina atravessar seu peito pelas costas.
A garota, outrora chorosa e indefesa, agora sorria pelo sucesso em ter ferido mortalmente o patriarca do clã Hebi. Sabia que a morte do patriarca faria os dois comandarem todo o clã. Agora Damishi seria história, enquanto Himura tomaria seu lugar de direito. -
Meu amor. Agora poderemos ficar juntos! - Vibrou Sirene, dobrando dolorosamente a lâmina no corpo do ex-sogro, puxando-a com força para deixar o velho cair de joelhos, sem acreditar no que havia acontecido. Satisfeito, Himura se aproximou, ainda com um sorriso sanguinário e revistou seu pai que sentira mais a traição que o próprio ferimento no peito. -
É uma pena pai. Você é fraco demais para admitir a verdade. Somos serpentes... E como tal, não podemos ser fracos. - Sussurrou Himura no momento em que decapitava seu pai com um rápido golpe de espada. -
Agora isto me pertence. - Continuou enquanto buscava a cabeça de Damishi que rolara para longe com a força do golpe.
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Ah não! O vovô foi morto pelo tio Himura! - Chorava o garoto que desobedecera em ficar guardando os idosos. Tentando controlar-se, tapando a boca com força para não chamar atenção mortal.
CONTINUA...