Kiyo acordou com um estrondo e um galo na testa. Algo a puxou para a sua esquerda, fazendo com que ela caísse e batesse com a cabeça no duro chão de pedra.
-Auchh!! Queres que a tua prima morra devido a um traumatismo craniano? Ainda sou demasiado nova para acabar assim! – queixou-se, enervada.
-Não sejas estúpida! – bradou Keyo – Só por acaso, essa queda não te avivou a memória?!? A nossa Eliye estava quase a dar à luz, lembras-te?
-Cachorros!!! – berrou, eufórica, já fora de si, tal era o seu entusiasmo.
Ambos correram avidamente em direcção à cave subterrânea, soterrada em objectos inúteis, na sua grande maioria.
-São tão queridos! – disse – Quatro lindos cachorrinhos!!! – acrescentou, já com um fio de baba a escorrer-lhe pelo canto da boca.
-Eu fico com os rapazes – afirmou Keyo – São muito mais resistentes a qualquer tipo de situação – concluiu.
-És um machista, é o que és! – guinchou Kiyo – E, além disso, estás redondamente enganado. As mulheres sempre foram as que mais resistência adquiriram ao longo dos anos graças ao…
Kiyo calara-se.
Pressentia algo desconhecido naquela casa… Quase que podia cheirar o doce aroma do combate que a envolvia naquele preciso instante.
-Acho que temos visitas – e, assim dito, limitou-se a pôr-se de pé, caminhando decididamente através das escadas.
Lenta e inexoravelmente, desembainhou a sua Kama (foice japonês), à espera de que alguém lhe saltasse para cima a qualquer segundo. Mas nada aconteceu. A única presença que tinha a certeza de a acompanhar era o silêncio. Um pesado silêncio que a perseguia, quase como se este fosse uma pessoa de carne e osso.
Continuou à espera, até que ouviu algo que lhe captou a atenção por um breve segundo. Vinha de por de trás das suas costas. Virou-se rapidamente e correu, de novo para a cave.
-Keyo! – gritou, enquanto olhava para o rapaz, estendido no pavimento entapetado, desvairando-se em sangue.
Amaldiçoou-se por tê-lo deixado para trás e, com um ar sereno e confiante, girou os seus olhos para um grande vulto encapuzado, que só agora tivera tempo de reparar.
-Sejas quem fores, estás metido em grandes sarilhos! – gritou, murmurando combinações inaudíveis, enquanto harmonizava os selos, numa sintonia perfeita.
Tarde de mais. O estranho vulto já se tinha precipitado contra ela, furioso. Mas, por incrível que lhe parecesse no momento, a sua habilidade mostrava-se finalmente útil nalguma coisa e a rapariga conseguiu desviar-se para a esquerda, embatendo numa estante, que se desequilibrou e fez com que um grande jarro de porcelana caísse direita num sítio, digamos, mais constrangedor do seu oponente.
-Oh yeah, mesmo no ponto! – sorriu, extasiada.
E, aproveitando a ocasião, voltou a esmurrá-lo no estômago, já contraído de dor. O homem parecia sufocar a cada pancada, vacilando, num esgar de sofrimento horrível.
-E, finalmente, esta por teres ferido o meu primo! – proferiu, sem meias palavras, enquanto se esquivava com tamanha perícia dos ataques defensivos do semblante e, simultaneamente, lhe lançava os punhos contra a cara.
Num ápice, o homem já estava caído, de joelhos contra o peito, implorando o perdão de Kiyo.
-Acho imensa piada. A maior parte dos gajos tem a mania que são bons mas, quando se vai para ver, não valem um c…
-Kiyo! – ouviu a rapariga, num grito esganiçado de suplica vindo de Keyo. – Ajuda-me! Tira-me daqui, por favor!
- Mais uma coisa que acho engraçado nos homens... – disse, não podendo evitar que um sorriso lhe assumisse no rosto. – Só sabem pedir por favor quando estão à beira de um colapso.
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Bom, espero que não esteja assim tão mau como me pareceu… afinal é o meu primeiro treino, não é? Convinha entrar em grande…
Mas, isso agora não me interessa. Não penso em influenciar o nosso grande moderador, por tanto deixo isso com ele.
Obrigado por lerem (a sério, só isso já me deixou satisfeita!)
Espero que fiquem bem. Abraços para todos.