Estafado do treino, Vitan sentou-se no seu sítio habitual, encostado ao tronco húmido de uma árvore, via Hiagushi e Sophia a desaparecerem por detrás da montanha.
- Tou todo partido. – Queixava-se Vitan, massajando o pescoço. Á muito que não tinha um momento de tranquilidade só para ele, ocupado entre missões e treinos, perdera tempo para estes momentos que tanto apreciava. – Finalmente o merecido descanso. – Vitan contemplava o lago à sua frente, observando as carpas a saltarem para fora de água, enquanto reflectia sobre as voltas que a sua vida havia dado. – Quem diria que a minha pacata e rotineira vida, se iria tornar numa aventura incerta. Parece que foi ontem que passava dias inteiros aqui sentado sem fazer nada, desejando por alguma acção na minha vida, por algo que me completasse, agora, anseio por esses momentos de tranquilidade. Mas não trocava a minha nova vida pela antiga, nada poderá substituir a fadiga após um treino ou a adrenalina de uma missão, ou o enorme desejo de completar o meu objectivo… de recuperar a minha alma. – Pensava Vitan, sobre o olhar atento do pôr-do-sol. Estava na hora de voltar para casa, a noite aproximava-se, e Vitan tinha que preparar as coisas para o dia que se seguia. Levantou-se rapidamente, mas mal se endireitou foi assolado por uma enorme tontura, que o obrigou a fechar os olhos e agarrar-se à cabeça. O seu estômago começou a arder, começou a sangrar dos ouvidos, os seus olhos começaram a perder a cor, tal como tudo à sua volta… tudo ficou negro.
- Vitan… Vitan… acorda… - Uma voz feminina chamava-o, era uma voz doce e quente, quase maternal.
- Quem está ai? – Perguntou Vitan, caído no chão, perdido na escuridão.
- Acorda, Vitan. – A voz parecia afastar-se.
- Como sabes o meu nome? – Vitan levantou-se lentamente, com as pernas trémulas e percorrido por suores frios, avançou por entre a escuridão.
- Vitan, onde estás?
- Nem eu sei… - Guiado pela voz que ecoava ao longo da escuridão, cambaleava sem rumo, confuso e atordoado, agia por instinto e avançava para o desconhecido.
- Anda Vitan, onde estás?
- Não sei! Quem és? Onde estás? – O chão em redor de Vitan desapareceu, em queda-livre, o seu corpo caía sem parar. A escuridão que o envolvia, havia sido substituída por um enorme pano azul.
- Vitan… - A voz rebentou na sua cabeça, olhou em seu redor, e viu o chão aproximar-se rapidamente.
- O que é aquilo? – Atravessou uma nuvem, revelando uma enorme vila, rodeada por mar, e por um intenso nevoeiro.
- Vitan… anda… onde estás? – A voz aproximava-se tão rapidamente como a vila, a uma velocidade assustadora a vila aumentava cada vez mais.
- Mas o que faço eu aqui? Eu estava em Kumogakure. – Vitan confuso, lutava para colocar-se direito, mas em vau, caía de cabeça para baixo, sempre com o olhar fixo na vila.
- Vitan…
- O que queres? Diz-me! – Já se encontrava a poucas centenas de metros da superfície, e a queda não mostrava indícios de abrandar.
- Anda…
- Aonde? Ahhhhhhhhhhh… - Os gritos de Vitan transformaram-se em bolhas de água, à medida que este mergulhava no gelado oceano.
Vitan começava a sufocar, o oxigénio faltava-lhe, apressadamente nadou até à superfície, ofegante, deliciava-se com o oxigénio que enchia os seus pulmões. Olhou à sua volta, e ficou estupefacto como que viu.
- Eu estou em… Kumogakure? Mas que raio? Ainda á pouco estava a cair do céu em direcção a Kirigakure? E porque raio estou eu dentro do lago? – Confuso, nadou até à margem do lago. – Aquela voz… parecia tão familiar. – Torceu a blusa, escorrendo a água que a ensopava, pensando em tudo aquilo que se tinha passado. – Será que… só pode… SR. HIAGUSHI! – Vitan desatou a correr, em direcção ao carreiro que o levaria até Kumo. Subiu o carreiro o mais rapidamente possível, atingindo a entrada da vila em tempo recorde, seguiu até à casa de Hiagushi, bateu violentamente na porta, á medida que gritava por ele.
- Já vai, já vai. Vitan? Que fazes aqui, e todo molhado ainda por cima. – Disse Hiagushi abrindo a porta a Vitan. – Entra.
- Obrigado. – Vitan entrou no interior da casa, e Hiagushi guiou-o até à sala de estar onde se sentou à beira da lareira, Vitan imitou-o, aquecendo-se e secando a roupa ao calor emanado pela lareira.
- Então a que se deve esta visita? – Perguntou não desviando o olhar das chamas.
- Eu acho que uma das minhas almas… falou comigo.
- A sério? – A expressão serena de Hiagushi, deu lugar a uma expressão mais intrigada, mas continuo a olhar para a lareira.
- Sim, mal terminamos o treino, eu acho que desmaiei, e uma voz começou a chamar por mim, a perguntar onde estava.
- Isso foi do cansaço, desmaias-te devido à fadiga.
- Não, foi algo diferente, não foi uma simples quebra de tensão ou algo do género, a voz era-me familiar, quente e acolhedora, mas triste e confusa ao mesmo tempo, como se estivesse perdida…
- Estou a ver… - Hiagushi virou-se para Vitan, olhando agora este olhos nos olhos. – Tens a certeza do que dizes?
- Tenho, mas não é só, de repente, comecei a cair, não sei como, só sei que num piscar de olhos, caía sobre Kirigakure.
- Kirigakure? – Perguntou Hiagushi, intrigado.
- Sim, e a voz continuava a chamar, a perguntar onde estava e para ir ter com ela. Eu acho que a minha alma estava a chamar por mim, pelo menos parte dela. – Disse Vitan com um sorriso na cara.
- Só tu o podes saber.
- Eu sei, eu tenho a certeza, a minha alma encontrou finalmente uma outra parte.
De súbito voltaram a bater efusivamente à porta. Hiagushi levantou-se e foi ver quem era, Vitan seguiu-o.
- Sim? – Disse Hiagushi abrindo a porta, um jovem chunnin apressou-se a falar, algo gago.
- Estamos a ser atacados, precisamos de toda a ajuda possível, o Raikage pediu que todos os Jounins reunissem as suas equipas e se dirigissem imediatamente para a entrada da vila, é urgente.
- Mas o que se passa? – Perguntou Hiagushi, mas sem resposta pois o Chunnin desapareceu em seguida.
- Vitan.. parece que a tua alma terá de esperar, a vila vem primeiro que a própria vida. Vamos!
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O meu maior filler desta saga acho eu
E um dos melhores creio.
Have Fun.