Selim fitava a fogueira com o ávido interesse. Gostava de ver o fogo, preso, controlado. Embora se sentisse positivamente agradado pelo calor que dele emanava não gostava do fogo. Lembrava-o de dor intensa, por alguma razão.
Mas era uma perda de tempo, decidiu então sair a dar um passeio.
Caminhou pelas ruas vazias de Sunagakure, e eventualmente chegou perto do palácio do Kazekage.
Viu-o então, aquele de quem todos falavam, a observar a aldeia, da sua mansão, Arashi.
Fitou-o com interesse, naquele seu olhar gélido característico. Talvez o maior responsável pela morte do seu pai, mas não o assassino, protegido pelas inexpugnáveis paredes da enorme mansão.
Decidiu não parar, não fossem pensar nele como perdido. Voltou lentamente para casa pelos becos escuros e vazios da vila, pensando no seu projecto de vida. Afinal de contas, era ainda jovem, e embora tivesse um rumo de vida definido não tinha um caminho imediato a seguir.
Desde o trágico acontecimento que se abatera sobre a sua família, Selim vivera isolado em relação às outras crianças, mas não podia, não mais. Era agora um ninja, dependia do trabalho de grupo, e nestas reflexões chegou a casa.
Entrou sub-repticiamente pela janela do seu quarto. Eis que sobre a sua cama sentada o aguardava a sua mãe.
- Por onde andaste, filho?
- Nenhum sítio em especial.
Hinari suspirou perante a indiferença do seu filho, e continuou:
- Amanhã tornar-te-ás por fim um ninja, Selim. Queria apenas dizer-te o quão orgulhosa me sinto por ti. Mas antes, diz-me, o que leva a seguires as pisadas do teu pai?
- Sabe quais os meus objectivos de vida mãe. Luto porque desejo que mais ninguém sinta a dor que senti.
- Selim eu..
- Não se preocupe, não farei nada de precipitado - assegurou com um sorriso - relaxe minha mãe, não morrerei, não até cumprir os meus objectivos.
- Sei que não farás, e tencionava falar-te, agora que estás pronto, da técnica que o teu pai deixou, inacabada contudo.
- Técnica? - os olhos de Selim tomaram uma expressão de espanto e ganância - Tanto quanto sei nunca nada foi referido a esse respeito.
- De facto, o teu pai deixou uma técnica Selim, um Genjutsu que poderia virar o rumo de qualquer combate - Hinari fez uma pequena pausa para olhar para o seu filho, cujos traços recordavam aquele que tanta saudade deixara, e continuou- era como ele o descrevia. Uma das últimas coisas que me pediu quando ouviu rumores do que contra ele organizavam, foi que ta entregasse, quando fosses velho o suficiente para a dominar, e sábio o suficiente para não dependeres dela.
Selim fitou a mãe,e notou nela uma mesma expressão amedrontada que havia visto uma única vez.
E recordou. Na noite da morte do seu pai, 2 membros da ANBU entraram de rompante em sua casa, aproximando-se de Shigeru como sombras, Selim correu, gritando, mas tarde demais, duas lâminas refulgiram na escuridão ao serem desembainhadas, e eis que um enorme contentamento se apoderou da criança, sentiu uma leveza plena, uma felicidade ilusória, mas pura e envolvente. Durou apenas segundos, Selim abriu os olhos e uma vez mais viu a sala onde tantas vezes havia estado, manchada de sangue no entanto, e um dos Shinobis que lhe havia invadido a casa jazia a seus pés, morto.
Rapidamente Selim raciocinou, e concluiu que toda o contentamento que sentira havia sido um Genjutsu conjurado por seu pai, uma ilusão maravilhosa, de facto.
Mas outros dois vultos se erguiam na escuridão quebrada apenas pelo leve brilho do ocaso, e concluiu que enquanto um teria sido indubitavelmente morto por Shigeru, outro interviera e quebrara a ilusão ao atingir o seu pai.
As lâminas tiniram na noite.
- A justiça foi feita - declarou calmamente o último Shinobi a chegar.
- PAI! - bradou a criança, interpondo o seu corpo entre a lâmina e a garganta de Genryu.
- Nani?! - rugiu o Shinobi irritado pela persistência da criança- "Nehan Shōja no Jutsu".
Enquanto se debatia Selim sentiu-se ser tomado por um sono profundo, pontapeando antes o invasor na face enquanto este o atirava para longe, provocando a queda da máscara, e enquanto era tomado pela doce inconsciência viu, uma única vez, a única face que nunca esqueceria, o assassino do seu pai.
((Visto ser este o meu primeiro filler e publicação no fórum todas as críticas e sugestões são bem-vindas, pois só com elas poderei melhorar))