- Hã? – Sussurrei. – Tu não… não… não me queres matar. – Engoli em seco. Senti uma mão a afagar-me o cabelo.
- Querida, as coisas não podem ser sempre à tua maneira. – Levei os braços ao forte braço que me prendia o pescoço e também me fazia sentir a tal lâmina fresca.
- Deixa-me em paz! – Tentei convencer a pessoa que por detrás de mim se escondia.
- Tu não vais ter paz. – Senti o seu suspiro no meu pescoço. E isso fez-me arrepiar. – Aquele lindo rapaz ali ao fundo não te ama, ninguém te ama. Ninguém nunca te amou. Eu sempre te observei, a ti e à tua irmã.
Deixei os meus braços caírem e embaterem nas minhas pernas. Olhei para Yukio que estava com uma expressão facial de preocupação e estava a caminhar na nossa direcção.
- Mais um passo e ela morre já. – Ameaçou. À medida que estas palavras se faziam ouvir, o medo dentro de mim fez o meu coração quase saltar do meu peito de tão forte que eram os batimentos.
- Deixa-a ir. – Olhou para mim. – Deixa-a ir. Eu vou no lugar dela…
- Não! Yukio não! – As lágrimas continuavam a deslizar pela minha face pingando no chão.
- Amaya deixa-a ir. – Repetiu. – Leva-me a mim.
- Não há nada que um pequeno rapaz faça pela rapariga que ama. Tu ama-la mesmo, não amas? – E quando acabou de dizer isto fez um gesto com a mão para que Yukio fosse a seu encontro.
- Espera! – Interrompi.
- O que foi agora? – Levei a minha mão à perna, para ser mais específica, levei a minha mão à bolsinha que rodeava a minha perna e onde lá, encontrava kunais. Tirei uma, sem que ela percebesse.
- Nada, nada… - Yukio avançou para perto de nós. E elevei o meu braço até a zona da barriga e espetei-lhe a kunai na perna. E quando ela ia para levar as suas mãos ao encontro do corte, a lâmina passou pelo meu pescoço levemente deixando-me a sangrar.
Cai no chão e apoiei-me com as duas mãos. Olhei para trás e ela já tinha agarrado o Yukio.
Merda! E agora? Ela vai leva-lo. Correu tudo mal. Pensei enquanto levava a mão ao pescoço que jorrava sangue.
- Os teus planos nunca resultam. Agora façamos um acordo. Devolve-me os teus pais e eu devolvo-te o rapazito. – Ela tinha a kunai no pescoço de Yukio desta vez.
- Não! Devolve-me o Yukio e eu devolvo-te o Sr. Jun. – Sorri maldosamente.
Parece que quando ela ouviu o que eu disse que o mundo dela parou. Fixou os seus olhos em mim e ficou repleta de raiva, porque já gritava e tudo.
- O que é que lhe fizeste, miúda?! – Gritou-me.
O meu sorriso ia-se tornando numa gargalhada maléfica, nem me estava a conhecer.
- Nada, mas poderei vir a fazer. – Lambi o sangue que estava nas minhas mãos.
- Não me importo. Eu tenho outro homem, esse sim ama-me decentemente e sim, faz tudo o que lhe peço. – Sorriu, mas eu sabia que ela por dentro se importava bastante. – E agora miúda. Ficas ai sozinha, sem ninguém para te querer porque o teu… Qual é mesmo o teu nome? Bem, não interessa, vai morrer no teu lugar. Espero que estejas feliz.
Atrás deles apareceu uma figura feminina. Eu sabia que ela nos ia ajudar. Eri, era ela. Sorri com satisfação apesar de não gostar dela.
Eri viu o que estava se estava a passar e pegou num pau. Eu tinha esperança nela, tinha esperança que ela acabasse com aquilo tudo.
Ela elevou o braço e mandou o pau contra a nuca da Amaya fazendo com que esta caísse inconsciente no chão. Yukio caiu com ela. Corri para eles e peguei na cabeça de Yukio. Ele olhou para mim e sorriu.
- Estou bem. – Murmurou.
- Não tem de quê, está? – Olhei para ela e lá estava ela com o seu belo corpo, a olhar para as unhas. Senti-me inferior ao olhar para ela. Só me apetecia enterrar-me e nunca mais aparecer. Ela era mesmo gira.
- Obrigado Eri. – Agradeceu Yukio sorrindo.
- Ora, não tens de quê lindo. – Sorriu-lhe também.
Ok, não era suposto eu ter ciúmes porque ele estava comigo e tudo mais. Quer dizer… Só tínhamos dado um beijo mais nada… Não sei se ele estaria mesmo comigo… Vivíamos na mesma casa. Ok, estava confusa.
- O que fazemos com ela agora? – Perguntou Eri.
- “Fazemos”? – Perguntei em contrapartida.
- Ok, como queiras. Já estou de saída. – Brindou Yukio com um sorriso belo e desapareceu.
- O que fazemos com ela? – Perguntei.
- Deixamo-la aqui. – Olhou para mim.
- Achas que ela não nos encontra?
- Não, nem por isso. – Olhou-me. – Ou podes tortura-la…
- Não. Antes de ela há outra pessoa. – Sorri.
- Quem? – Levantou-se e eu fiz o mesmo.
- O namorado dela. – Agarrei-a pelos braços e deixei-a dentro dos arbustos, onde ninguém a podia ver. – Volta para casa, toma conta dos meus pais e do Sr. Jun. Já vi que ele está do nosso lado. – Sorri. – Eu tenho de encontra-lo. Preciso de respostas.
- É perigoso…. – Agarrou-me no braço.
– Não te preocupes. Tenho tudo planeado. – Ok! Eu não tinha nada planeado, acho que estava mais a tentar parecer a Eri. Será que ele ia gostar mais de mim assim?
Revirou os olhos e disse: - Só não te quero perder já. – Se eu ele não me quer perder é porque sou dele. Sorri satisfeita.
- Não vais. Volto amanhã. Se eu não voltar até lá podes-me ir procurar aquela cabana.
- Não acho que seja boa ideia, Cho… - Virei-me para ele porque eu já tinha começado a ir embora.
- Eu preciso de saber umas coisas. Não te preocupes. Vai, protege os meus pais e o Sr. Jun. – Ele agarrou-me no braço novamente e fez-me ir até ele. Olhei-o nos olhos e sorri. Ele puxou-me ainda mais para si e beijou-me.
- Vai tudo correr bem. – Sorri e comecei a andar em direcção contrária. Será que a Má Rapariga estava de volta?

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