Kibaku Nendo
Não era mais de seis horas da manhã quando a garota de cabelos claros foi acordar o pequeno que dessa vez, dormia como uma pedra. A passagem de vidro do seu quarto estava coberta escondendo os raios solares que poderiam incomodar o garoto. Ele não queria aceitar a vinda do dia que trazia consigo a tarefa de arrumar as estátuas no depósito.
– Vamos lá Lo, levanta. O tio Aka já passou te chamando, vá logo que eu vou voltar a dormir e não quero esse povo me incomodando por uma tarefa sua. – Utena permanecia do lado de fora do quarto, falava tão tranquila que o garoto se perguntava se ela ainda estava bêbada.
– Já levantei Utena, relaxa. – Ouviu os forçados passos que iam até o quarto do fundo do corredor, continuou deitado por alguns minutos e desistiu de pensar na morte. Já pronto pra ir ao trabalho, levava seu arsenal de senbous e de argila, iria pro treino de lá, apesar daquilo já exigir muito do mesmo. Ao sair da casa, canalizou chakra na sola dos pés e começou a corrida até o galpão pelos telhados e árvores do bairro. Aumentava a velocidade a cada salto que dava, avistando já o galpão, o quanto antes terminasse, menos ouviria. Levava o pensamento consigo. O depósito ficava cerca de quinhentos metros do galpão, não era longe, mas algumas estátuas aparentavam ser pesadas o suficiente para causar enjôo no pequeno. A corrida cessara na frente do galpão aberto, algumas mulheres limpavam o local e alguns homens bebiam o que havia sobrado. Como Renji havia explodido a própria estátua e com isso acabou por destruir mais umas duas, Lo tinha o trabalho de levar apenas seis estátuas ao depósito, contando que levaria a sua para casa. Ninguém que estava no local dirigia os olhos para o loiro, mesmo quando esse fez o maior ruído do local quando empurrou a primeira escultura pela decida do palco. O primeiro objeto era o maior dos que restavam, Lo tinha que usar toda sua força para apenas arrasá-lo, sem chances de levantá-lo do chão. Depois de muito empurrar e parar para retomar o ar, chegou no depósito se surpreendendo com a pessoa que abria a porta para este. Renji estava com a cara enxada, como se tivesse levado um chute no rosto que escondia seu sorriso sínico. Ninguém disse nada.
Já voltando ao galpão, o garoto se deparou com outra surpresa, Renji estava levando uma estátua para o devido lugar. Lo não entendeu o que aquilo queria dizer, mas a curiosidade não era tanta pra fazê-lo perguntar e, ele tinha mais o que fazer. Agarrou mais uma estátua, está de tamanho menor, o suficiente para que ele conseguisse erguê-la, soltando alguns gemidos e sentindo seus músculos já estalarem e seus braços fraquejarem, mas ele insistiu. Levando o objeto de forma suspensa, terminou o caminho mais rapidamente e já estava a empurrar outra, desta vez, acompanhado pelo primo rabugento. Ambos puxavam uma estátua de tamanho médio que já exigia bem mais força que a anterior, como se estivessem em uma corrida, Lo tentava não retribuir o olhar sádico do primo, mas vez ou outra olhava de volta por se sentir irritado. Ele chegara primeiro no depósito e então voltou mais rápido para pegar a última, fora a sua. No caminho de volta passou por Renji que sacudia a roupa afim de tirar a poeira que as estátuas soltavam.
– Você irá trazer aquela montanha de merda pro depósito ou vai levá-la embora? Aconselho-te que leve, o depósito é sagrado demais para guardar aquilo. – Dessa vez tinha demorado. Lo apenas sorriu, terminando seu trabalho e voltando ao galpão aonde sua “montanha de merda” estava. Seus músculos já latejavam e os lábios suplicavam por um pouco d’água, mas ele continuou. Agarrou sua estatueta e subiu sentido a própria casa, ignorando as piadas que Renji continuava fazendo. A casa ainda estava toda fechada então Lo deixou a sua obra na varanda e voltou o caminho, indo pro campo de treino.
“Utena ainda está dormindo, quem irá me treinar agora? Merda.” Ele sentia um pouco de raiva da garota. Todo aquele trabalho de arrastar as estátuas tirou dele mais ou menos três horas de sono, e ainda assim a menina dormia. Caminhou devagar até o campo, alongando os braços e estralando os membros. Próximos aos troncos estavam pesos de 1kg de pernas/braços que Utena esquecerá por ali, o garoto os prendeu em seus devidos lugares e se deitou no solo, fazendo flexões. As palmas das mãos do garoto já mostravam a dor pelas marcas do terreno, mas ele insistiu aumentando sua força até sentir seus músculos pulsarem. Concluiu vinte flexões e se levantou deixando no chão os pesos dos braços, ficando só com os da perna e acabou por correr, dando algumas voltas no campo de treino, aumentando sempre a velocidade. Depois da oitava volta, já com o corpo quase exausto, retornou ao centro, liberando agora as pernas dos pesos que deixaram marcas de suor. Deitou alguns minutos e fez mais trinta flexões, só que agora sem pesos e com mais calma, devido o cansaço. Ele permaneceu ali por um tempo e voltou para casa pra almoçar, retornaria pro campo às duas da tarde.
14 pm.Foi e voltou sozinho, Utena não tinha acordado nem pra almoçar, então por enquanto seria apenas Lo. Essa seria a primeira vez que treinava o Kibaku Nendo, antes fizesse sozinho do que com alguém pra tirar sarro, mas não parecia de todo difícil, Lo tinha um bom controle de chakra até, isso era suficiente. Colocou as duas mãos nas bolsas de argila e com as bocas secundárias pegou um pouco da massa. Canalizou seu chakra nas bocas e moldava a pequena quantidade de argila em pequenas bolas, esse era o C0, que criava pequenas cápsulas de explosão, que tinham como maior finalidade causar grande fumaça. O garoto admirava as cápsulas em suas mãos, eram apenas bolas com riscos, algo meio que mais para decorar. Lançou as quatro de uma vez para o alto e fez um selo, ainda concentrando o chakra.
- Katsu! - A explosão das bolas de argila não causou grande estrondo, porém surgirá uma enorme nuvem de fumaça de um tom escuro na cabeça do garoto. Era apenas fumaça, mas ele admirava. Não esperou muito e já atirou as bocas às bolsas de argila, pegando a mesma quantidade. Canalizou o chackra as bocas o inserindo na argila, moldando mais quatro pequenas bolas. Era a mesma técnica, mas ele queria testar o controle sobre a explosão, se ele já o tinha. Colocou uma das bolas perto do tronco do meio, uma outra mais próxima às árvores, uma no centro do campo, em baixo de seus pés, e lançou a última para cima, como da outra vez. Concentrou seu chakra e conseguia sentir as pequenas bombas, em seus respectivos locais, ele não tinha certeza se conseguiria explodir apenas uma das bolas, mas se não o fizesse, seu pé sofreria demasiado. Pensou apenas na bomba que estava a cair em sua cabeça e fez o mesmo selo de antes,
"Katsu!" A fumaça voltava a reinar no céu e seu pé estava intacto. O suor escorria de seu rosto e seu coração tentava se acalmar, a explosão não era muito grande, mas ao menos uma queimadura causaria.
"Então não é tão difícil assim, só requer mais concentração." Se afastou da bomba de seus pés pulando em cima do tronco seco, agora de costas para as três bombas.
"Primeiro você, boom! Agora você, boom! E por último você!" Manteve o selo enquanto imaginava a explosão das três pequenas bombas, porém a última, que era a do meio do campo, não explodiu.
- Muito bem meu irmãozinho, muito bem. - Utena surpreendia o garoto surgindo de trás das árvores, aplaudindo o menino lentamente e indo em direção da bomba que estava no centro. Na bola de argila estava uma senbous que soltava feixes de raio, como se estivesse sido batizada com o chakra Raiton, e fora.
- Vamos lá, lute comigo com suas preciosas bombas. - A garota lançou uma kunai em direção ao loiro, o obrigando a torcer o corpo para desviar da arma e o forçando a descer do tronco. Chegando ao solo, Lo estralou o pescoço e os dedos se preparando para a "luta".
- Vamos lá então. - Disse pegando a argila e moldando rapidamente as pequenas bolas explosivas. Não poderia fazer como da outra vez, Utena estava muito a sua frente pra ele tentar algo cara a cara. Lançou duas bombas entre os dois, guardando mais duas e as explodiu pouco antes de tocarem o chão, erguendo uma nuvem de fumaça, suficiente para ajudá-lo a fugir para as poucas árvores secas atravéz do Shunshin. Observava a garota por trás enquanto pensava em algo, havia aprendido a usar o Kibaku Nendo, mas ainda não era muito seguro de si. Guardou as duas bombas simples e pegou mais argila, agora em uma grande quantia. Iria usar o C1, técnica que ainda não tinha treinado, mas não se diferenciava muito da C0. As línguas de suas mãos torciam a argila, moldando duas cobras com o chakra que saiam se arrastando pela grama seca, escondiadas pelas folhas, seguiam em direção ao outro lado do campo. Não mediam mais que um metro, mas já causariam uma explosão maior. Com o restante da argila, Lo moldou cinco pequenas "aranhas" em cada mão, tinham o tamanho das bombas anteriores, mas tinham mais chakra. Os pequenos "insetos" saiam da relva saltando em direção da garota, que as vira com antecedência suficiente para pular para o lado, em direção dos tocos. Lo liberava a explosão das aranhas atrasado, já não iria nem assustar a garota, mas isso era o de menos. Pulou em direção da gaja lançando as duas bombas simples, que se olhadas de relance, pareciam as aranhas.
- Merda de insetos. - A garota pulava mais uma vez, agora em direção ao outro lado do campo, aonde as cobras se escondiam. As bombas formaram o fumo que escondera Lo por um tempo, assim ele se concentrou nas cobras que surgiram surpreendendo a garota, enrolando-se em seus pés. O garoto não podia ver, mas ouviu a explosão que causara um grande vento, dissipando a fumaça. Em cima da mancha preta de queimado, tinha apenas um tronco chamuscado. Utena estava muito a frente do garoto.
- Mais uma vez se precipitou Lo. - A garota aparecia atrás do pequeno, lançando um chute que o forçara a dobras os braços na frente do peito, amenizando a dor. Utena usou disso como impulso e pulou um pouco pra trás, voltando com socos diretos na face de Lo. A coisa que Lo mais odiava era a luta corpo a corpo, ele não era bom, ele não conseguia ser bom. Defendeu os dois primeiros socos acima da cabeça quando forá surpreendido por um na boca do estômago, o fazendo se curvar e receber no rosto uma dolorida joelhada, o lançando ao meios do campo.
- Báh, tu ainda tem que treinar tanto garoto. Me sinto até envergonhada. - Utena viravá em direção a saída, dando as costas para o pequeno que permanecia atirado ao solo, sentindo falta de ar. As palavras da garota não surgiam efeito algum sobre ele, apesar de estar com o corpo dolorido, está feliz por enfim ter usado o Kibaku Nendo. Se sentou em cima de um dos troncos e fumou um cigarro, a noite já estava quase chegando e ele decidiu esperá-la ali.
Assunto: 3º Treino Lo - Kibaku Nendo 
Sáb 30 Jun 2012 - 1:15
