Katsuo acordou com o cantar do galo, logo, se levantou de seu cochonete branco e pegando uma muda de roupas e toalha foi para uma das fontes termais da vila que poucos frequentavam e tomando um belo banho quente revigorante. Voltando para o dojo em que vivia junto com seu guardião pegou seus pertences e se despediu do samurai que aguardava o regresso do Kumonin.

A cidade estava bastante movimentada e exalando alegria e excitação, a burguesia já estava levantada a algum tempo e todos tomavam seus postos e faziam seus afazeres e também os shinobis. As crianças corriam pelas avenidas alegres, sem preocupação um ótimo lugar para se viver concluiu o jovem. Chegando nas fronteiras da aldeia saiu pelo portão norte indo para um cachoeira que ficava a poucos quilômetros da aldeia.

Já estava perto concluiu. O ar úmido e a brisa que trazia respingos de água confirmavam o que achou. Uma linda cachoeira, sorriu alegre, o que era difícil com tantos anos de convivência com o samurai carrancudo que era seu guardião que sempre o repreendia quando podia, que chegava a dar prazer ao homem. Unindo ambas as mãos e entrelaçando os dedos concentrou chakra com auxílio de um selo, canalizando-o na sola dos pés, estendendo até a superfície dos chinelos de madeira característicos subiu em uma rocha íngreme e molhada que continha lodo, tornando-a bem escorregadia, fechou os olhos alguns segundos para se concentrar no jutsu e no som da água caindo. Calma...mantendo a calma e com um bom controle de sua energia subiu com algumas dificuldades, porém subiu seguro.

Já na rocha estava a alguns centímetros do fluxo de água. Retirando a parte do alto do kimono deixando apenas o saiote, desprendeu a katana da cintura e retirando a bolsa de armas caminhou até o fluxo. Sentando-se abaixo da cachoeira e cruzando as pernas fechou os olhos apenas, concentrando-se e inspirando tão profundamente que seus batimentos cardíacos reduziam a frequência, a calma o atingia. Concentração, apenas queria isto e nada mais. A água gelada entrava em contato com seu corpo causando uma ótima sensação de relaxamento. — Tori, I, Inu, Tatsu, Ushi, Tora, Mi, Ne, Uma, Saru, U...Hitsuji._ O Kumonin estava em transe praticamente, o mundo exterior não importava mais, movimentando as mãos lentamente dobrava os dedos e os articulava criando posições específicas com eles. Entrelaçando-os e cruzando-os, estava praticando selos de mão. Os selos de mão era uma parte crucial do mundo shinobi e está presente em quase todos os tipos de jutsus, eles são usados para canalizar o chakra para habilidades específicas, e dominá-los era uma parte importante do treinamento de um ninja. — Tori, I, Inu, Tatsu, Ushi, Tora, Mi, Ne, Uma, Saru, U...Hitsuji._ Os dedos já se movimentavam automaticamente se articulando com uma boa fluidez, fluidez que até surpreendia o próprio, já não sentia mais dores como sentia na época da academia. Os dedos se entrelaçavam, cruzavam, formavam posições impressionantes, gradativamente a velocidade ia aumentando mais infelizmente o Kumonin era novato ainda e a velocidade de seus selos de mão não eram tão impressionantes como os de um ninja de alto nível como [iJönnin[/i] ou ANBU, cada selo que realizava demorava no máximo 2.5 segundos para serem realizados, a velocidade poderia ser aumentada, quem sabe para 1 segundo.

O garoto se levantou abrindo a boca e bebendo um pouco da água que logo entrou em questão de segundos, apressou-se e a fechou impedindo que se afogasse. Respirando fundo caminhou até sua katana a retirando-a da bainha de couro, também, pegou seus instrumentos ninjas. Pretendia praticar alguns movimentos de Kenjutsu e como o fluxo de água gerava um certo peso sobre a estrutura de Katsuo seriam como se estivesse treinando em uma sala de gravidade aumentada. Balançou um pouco a espada cortando a água, apenas de movimentar o braço para cima para posicionar-se para os cortes já era difícil e exigia certa força muscular que estava ganhando com os treinos recentes. — (Inspirando fundo)...uff, concentre-se, a espada é um comprimento de seu braço, ela é parte de você, torne-se ela, deixa que ela se torne parte de você..._ Proferiu reunindo concentração. Flexionando os joelhos como um caranguejo, juntou as duas mãos e reunindo um pouco de seu chakra o concentrou nos calçados de madeira criando ventosas de chakra, como tentáculos de polvos grudentos. — Kinobori no Jutsu..._ Tal jutsu o ajudaria a ficar de pé e não ser empurrado pelo fluxo quando estivesse se movimentando livremente pela rocha coberta por musgo verde escorregadio.

A espada estava em riste, paralela a cabeça e o pescoço na altura do tórax. Respirou fundo reunindo concentração, e...Cortou a água verticalmente de cima para baixo em um corte violento, gingando para o lado fez um corte horizontal da direita para a esquerda, dançou para o lado realizando um corte ascendente na diagonal, da esquerda para a direita. Recuou para trás levando a mão livre, que seria a esquerda, para a bolsa de armas retirando cinco shurikens, num movimento ligeiro as lançou contra a rocha ficando cravadas no musgo verde. Aterrissando no ar com as pernas flexionadas, correu de olhos fechados parando na ponta da rocha, balançando a lâmina cinco vezes, com cortes verticais paralelos, um corte horizontal da esquerda para direita, uma estocada e um corte finalizador diagonal da direita para a esquerda, e adicionando ainda, um chute na altura do tórax do inimigo imaginário, respectivamente. Todos os movimentos realizados com a espadas estavam perfeitos se comparados aos cortes no início de seus treinos, suspirou em orgulho. O sangue estava quente em suas veias e o suor já aparecia em grande quantidade surgindo na cabeça e escorrendo pelas têmporas, atingindo o pescoço e dorso. Respirou um pouco ofegante, escondendo o trabalho que deu para realizar tais movimentos.

Voltou a posição de combate, flexionando os joelhos e firmando os calçados no chão escorregadio. A água pressionava o corpo do garoto contra a pedra tentando derrotá-lo incansavelmente, suspirou reunindo energia e concentração. Reabrindo a sessão de cortes, realizou um combo de dois ataques que consistia em uma estocada curta e um corte finalizador na diagonal, da direita para a esquerda e assim, invertendo os lados a cada vez que executava os movimentos. Surgiu uma figura imaginária em uma armadura preta toda coberta com quatro katanas presas aos flancos da armadura que protegiam as coxas, de repente, o garoto perdeu a concentração parando os cortes e tentando cortar a figura, logo em seguida, uma dor de cabeça tremenda o atingiu e a cachoeira o subjulgou quando se inclinou para frente. — Argghh. O-O que foi isto? Alucinação, arrggh._ O que seria aquele samurai com aquelas vestes negras? Uma alucinação? Algum devaneio do passado? O Kumonin ficou deitado alguns minutos tentando entender a situação.

Com o apoio das pernas e da katana cravada no musgo da rocha se ergueu. Voltando a posição de Kendo adotou a posição ofensiva, que consistia no lado dominante do usuário na frente e o outro lado atrás como suporte para defesas, claro flexionando os joelhos e deixando a espada em riste a altura do tórax. Fez um combo de seis golpes de espada, realizando o primeiro corte fez um ascendente da esquerda para a direita, no segundo fez o mesmo só que alterando o lado que seria da direita para esquerda, invertendo a cada golpe feito até totalizar seis golpes, ascendentes. No processo, dançava e gingava para os lados com leveza, como se estivesse dançando de fato e foi ai que entendeu... A arte das espadas não consiste em apenas balança-las e ferir o inimigo, consiste na graciosidade dos movimentos na leveza deles e na precisão para causar danos e não na força bruta como estava acostumado em seus combates e treinos anteriores, foi ai que percebeu como estava sendo rude, infantil e insolente com Katsumoto. Sorriu em alegria, era raro o garoto estar tão alegre assim por causa da rigidez que era tratada pelo guardião que tinha, mesmo assim sua personalidade narcisista e folgada ainda se mantém conservada, é sua característica, o que define ele.

Recolheu os shurikens jogados e providenciou que a sua katana fosse guardada em segurança, estralou os dedos e tentou tocar os dedos dos pés com as mãos, sem é claro, dobrar as pernas. Um exercício físico básico, para alongar os músculos e não acontecer nenhuma distensão de músculo ou lesão grave que poderia deixá-lo no hospital. No começo doeu sim, era óbvio, mais logo a sensação de relaxamente voltava para seus músculos. Desceu ao chão escorregadio da rocha deitando sobre ela e apoiando-se nos braços e nos pés, pronto para realizar algumas flexões, mais, flexões feitas embaixo de um fluxo de água muito forte que tem a capacidade de subjulgar o corpo de Katsuo.

Planejava fazer uma série de dez flexões ou talvez com sorte quinze, mais não é fácil, a água seriam um peso enorme, mais peso do que como se Katsumoto estivesse em pé nas costas do Kumonin, sambando. Desceu a primeira vez, de imediato caiu machucando o rosto e o peitoral, guinchou de dor e desaprovação, se Katsumoto estivesse vendo com certeza estaria se deliciando e caindo na risada, bem, pelo menos por dentro. Voltou para cima a fim de reiniciar o exercício, afinal essa não conta. Desceu lentamente, a água batia com uma força estrondosa forçando o corpo do Kumonin a ralar na rocha, gemia reunindo forças para se manter no alto, não era fácil ele estava no começo e seus músculos já estava pesados e ardiam em chamas, mesmo estando embaixo de uma cachoeira fria como podia? Bem, não sei...Conseguiu a primeira! Subindo novamente com esforço tremendo, todos os músculos da face contraídos em uma carranca de força e os dentes rangendo, subiu demorando quase quinze segundos. Desceu novamente lutando incessantemente para se manter no exercício. Aquela cachoeira fora um achado para o garoto, que tinha decidido treinar toda vez aqui. O ambiente calmo e o peso da água oferecia boas condições mentais e físicas para os treinos que ele pretendia realizar.

Não conseguiu cumprir a meta. Fazendo apenas dez flexões e não quinze ficou decepcionado, não aguentava mais aquele sobe e desce das flexões e choramingava em sua mente, inconformado com a debilidade incapacidade física em que se encontrava, deu até vontade de chorar e lamentar-se em público, mais um homem não faz isto! E Katsuo era um homem! Embora ainda menino... — Yosh...abdominais._ Disse empolgado depois de um descanso de dois minutos. Deitando sobre a rocha juntou as mãos atrás da nuca, entrelaçando os dedos das mãos para oferecer mais resistência e também, para que eles não soltassem com o esforço. Subiu, ou melhor capotou. Quando estava quase subindo ao topo o fluxo d’água conseguiu jogar o corpo do shinobi para trás capotando duas vezes e quase caindo da rocha, se caísse a queda seria feia, embora não fosse muito alta. Reiniciou. Deitando e juntando as mãos subiu com um maldito esforço que nunca fizera antes, a sua meta era fazer quinze abdominais mais tinha a leve impressão de que não conseguiria. — Kisama..._ Respirou fundo reunindo força, sei lá de onde, subiu com um guincho de esforço e fazendo uma carranca de esforço rangendo os dentes, conseguiu, comemorando em seus pensamentos.

Levantando-se depois de mais de uma hora conseguiu realizar quinze abdominais, comemorou, afinal tinha conseguido cumprir a meta que tinha estabelecido para o exercício que estava fazendo sobre a cachoeira. Depois do treino, se despiu lavando-se e retirando as impurezas que adquiriu no treino e depois se retirou voltando para o dojo.