Placas das Almas IV

Os pés enterravam-se na constante areia, deixando para trás pegadas de um covarde em fuga. Cada pegada simbolizava a morte de um companheiro que deixava para trás, cada grão de areia esmagado nessa pegada era um familiar desse companheiro falecido, decepcionado. As suas costas estavam pesadas, não pelo peso que trazia na mochila, nem por estar cansado de correr debaixo do imenso calor daquele deserto; pesadas por abandonar o local que protegera durante tempo, por fugir quando todos os outros lutam e cumprem a sua função com honra até ao último fôlego, por ser o único a poder escapar daquela catástrofe... Pensando bem, as costas, afinal, também estavam pesadas por carregarem aquela mochila. O seu interior em si era leve e bastante pequeno, mas a ideia que tal objeto podia comandar o destino de muitas vidas; pior, da Humanidade tal como é conhecida...



Apesar de relutante e decepcionado consigo mesmo, Sorata continuou a correr com as Placas das Almas na mochila. Sentia-se cobarde, inútil... Não merecia as palavras de coragem que Kihara lhe tentara passar, muito menos ser destacado numa missão tão importante. Uma lágrima caiu e perdeu-se em tanta areia...



Se calhar, Kihara até tinha razão. Se todos morressem, o sacrifício seria em vão e a Akatsuki acabaria por conseguir os objetos na mesma. Parou para descansar, após tanto se ter afastado do templo sem ser perseguido (graças a Deus), quando encontrou uma palmeira. Sentou-se na sombra proporcionada e retirou a mochila das costas para as poder pousar sobre a superfície rugosa e irregular do tronco da árvore. Sem conseguir tirar as palavras de Kihara da sua mente, abriu a mochila e dela retirou uma das muitas Placas das Almas.
- O que é que vocês fazem, afinal? – Perguntou-lhe num tom misto de curiosidade e terror. Sabia que o objeto não lhe responderia, pelo que continuou a fitá-la, sempre expectante. Desde a saída do templo que as Placas deixaram de emanar aquele brilho azul atraente. Todavia, a sensação de poder sufocante continuava a ser emitido e, mesmo se tendo habituado por ter estado com elas às costas por longas horas, Sorata teve de guardá-la na mochila por não suportar olhar para ela – Kihara-sama...

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(Parem a OST)
O templo no interior era tão magnífico quanto o seu exterior. Rústico e antiquado, logo à entrada Katsu pôde reparar que o edifício era uma enorme coluna cheia de corredores distribuídos propositadamente de forma atabalhoada, conduzindo a inúmeras outras salas. O maior problema seriam os inúmeros andares que o templo apresentava. Apesar do Akatsuki se lembrar que, quando entrara, estava ao nível do solo, comprovava agora que o templo se estendia muito para baixo disso, com provavelmente incontáveis catacumbas ou labirintos.
O templo escondia muitos tesouros e relíquias, mas o Imagawa estava ali por um único objetivo e, considerando o seu assombroso poder, deveria com toda a certeza estar muito bem protegido.Tendo isso em mente, Katsu aproximou-se do limite do corredor à sua frente e olhou para baixo. O seu olhar perdeu-se na enorme escuridão e vazio que era a única visão que podia ter. Não havia iluminação nenhuma, talvez mais uma defesa para prevenir intrusos, pelo que descer sem cuidado seria a ativação de muitas armadilhas ou perder-se em bifurcações e becos sem saída. No entanto, parando para pensar, porque razão o Imagawa estava sempre a considerar o pior das hipóteses e a pensar que o templo estava, sequer, totalmente armadilhado?
- Apanhei os hábitos da Kimera... – Pensou, soltando uma risada fraca e contido. No seu pensamento vinham imagens da sua amada, do sorriso, daquele corpo magnífico... Abanou a cabeça para afastar os pensamentos e bateu na testa com as mãos – Que estás a fazer, Katsu! Estás em missão, homem!
Inspirou profundamente e acalmou-se. Lá para baixo, nem um único som se ouvia. A acompanhar aquela imensa escuridão vinha um silêncio mortal e devastador. Só aquela imagem era capaz de afastar muito dos aventureiros que tentaram roubar qualquer coisa daquele templo. O mistério é sempre algo a ter-se medo... Mas não para um Imagawa, principalmente um que constituído por água!


- Suiton: Bakusui Shōha!
O grito ecoou pela escuridão e o seu silêncio mortal que chamavam sedutoramente pelo espírito explorador de Katsu. Pequenas rajadas de água elevavam o seu corpo no ar até formarem múltiplas ondas de água, com o Imagawa a liderar sobre a primeira, que desceram e embateram contra tudo o que lhes aguardavam lá em baixo. Que sensação! O vento constante a bater sobre a sua cara enquanto que descia rapidamente e mergulhava naquele manto negro...Mas o manto negro depressa se transformou numa rajada de fogo. Submerso no enorme prazer que tirava daquilo, Katsu espantou-se com o fogo a consumir o seu corpo. No entanto, sorriu quando revelou à própria armadilha que apenas atingira mais água, como se aquele humano fosse a própria onda, que continuaram pelo seu caminho.
Sentia-se imparável, imponente! Não conseguia abstrair-se daquela sensação e muito menos descrevê-la! Apenas sorria como um louco, contente com o seu poder, contente por ter entrado na Akatsuki, contente por finalmente ter objetivos!
Ouviu o sibilar de flechas à sua direita e, trespassando o seu corpo aquoso, a cravarem-se violentamente na parede à esquerda. Era impossível! Aquele momento: épico! Teria de descrevê-lo quando voltasse a estar com a pequena Sekima, dizer-lhe o quanto se sentia único! Era a primeira vez que realmente usava o Suika que lhe fora “dado” pelo Mizukage e era... Divinal! Sentira-se enfurecido inicialmente, afinal haviam mexido com o seu corpo sem permissão, mas agora que via era um poder incrível! Era imortal!
Inúmeras armadilhas tentavam parar o avanço; algumas eram realmente perigosas e complexas, mas nenhuma fora construída para parar o fluxo de água, a sua versatilidade e força. A sensação de poder acabou quando a onda embateu violentamente contra o solo, ricocheteando e espalhando-se pelo rés-de-chão, inundando-o. No meio de toda essa água, uma pequena parcela juntou-se e, gradualmente, materializou-se no que seria o corpo do Akatsuki. Olhou para as suas mãos e, posteriormente, para todo o corpo. Continuava igual, até as roupas se haviam conservado! Não haviam palavras...!
- C-como é que ele chegou aqui? – Uma voz humana interrompeu a magnificência de si mesmo, fazendo o seu olhar desviar-se para uma multidão de homens armados que o encaravam – É impossível algum humano passar por todas aquelas armadilhas! Só quem sabe como desativá-las!
Estavam em pânico, mas o Imagawa viu-os como uma oportunidade de continuar a testar os seus poderes...

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- Parabéns, Katsu! - Congratulou uma voz grossa e irreconhecível. À frente do Imagawa, um vulto de forma humana, porém todo colorido, falava-lhe alegremente - Pelo teu domínio exímio de Suiton e, aos poucos, do Futton, a Akatsuki quer nomear-te como Gakkyuu Soshi!
O Akatsuki estranhou o título... "Estudioso Elemental?"
- Para já é apenas um título, mas após algumas promoções poderás tornar-te famoso! Por enquanto, continua o teu treino com os teus elementos!