Hiyama Kyohei
Treino 8
Lanterna - Parte 2
A estrutura de pedra caía mal o ar quente se esvaía de dentro dela. Os três ficámos impressionados com aquilo e parámos a olhar para aquela coisa. Era apenas uma base e quatro pilares de rocha maciça esculpida, com um fino e resistente pano a ligar os quatro pilares no topo. Na base notava-se uma cavidade esférica esculpida na rocha e com espaço para se enfiar um pequeno rastilho.
- Que é esta merda?
- Uma lanterna. - Tsukikage foi quem respondeu e eu olhei confuso para ela. - Era utilizada antigamente para iluminar os campos à volta de Kumogakure. Usavam jutsus Katon para as transportar de um lado para o outro. Não sabia que ainda existiam, ainda menos aqui dentro da vila.
O confronto parecia ter terminado e levantei-me para examinar de perto a lanterna. As duas raparigas acompanharam-me e das duas, Tsukikage parecia ser a que estava mais interessada no artefacto. Estudava-o com um olhar rigoroso, quase científico. Nikkou no entando, pouco depois já divagava e encontrava entre o mato uma pequena carroça de madeira.
Depois de uma pequena conversa entre os três ficou tudo decidido. Os três trabalharíamos para levar a lanterna de volta para Takaeru, dessa maneira, ele seria obrigado a aceitar os três como alunos e o nosso trabalho seria mais fácil visto o monstro que era a lanterna. Concentrando algum chakra, percorri as redondezas para apanhar alguma lenha. Foi algo extremamente fácil e tive a sensação estranha da mata estar vazia.
Com a lenha recolhida, só nos faltava pôr a lanterna em cima da carroça. Com um par de selos e algum chakra, criei um clone de terra para me ajudar. Enquanto o clone ia para a frente da carroça para a equilibrar, eu ia para trás da lanterna. As raparigas tinham já preparado a lanterna com alguma da lenha que eu trouxera e com um pequeno Endan, o fogo tinha pegado nela. O ar quente fez a lanterna ganhar alguma altitude e eu tive que a empurrar para a carroça. Encostei-me à lanterna de pedra e notei que mesmo com a ajuda do ar quente...
- Esta porra é pesada! - Ajeitei os meus pés e empurrei a estrutura de pedra usando todo o peso do meu corpo. Esforcei-me apenas para a mover alguns centímetros no ar. - Já te mostro... - Cheguei-me atrás, largando a lanterna. Ganhei algum balanço e com uma pequena corrida lancei-me de ombro à frente contra a lanterna. - Tokken! - O meu ombro empurrão criava movimento suficiente para finalmente pôr a lanterna sobre a carroça.
Com a lanterna finalmente posta no sítio, Nikkou e Tsukikage amarraram-na com alguma corda e fui para perto do meu clone. Esta era a pior parte do tal plano, eu era a mula de carga para levar a carroça. Por segurança, as raparigas diminuíram a força do fogo da lanterna e isso notava-se quando tive que finalmente puxar a carroça. Fiz força nas pernas e nos braços para mover a carroça. Relutantemente aquele pedaço de madeira lá quis mexer-se e pudemos começar o nosso caminho de volta.
Passaram poucos minutos. Não sei quantos, talvez dez, quinze, acho que chegou mesmo a meia hora. Após esse intervalo de tempo eu tive que parar. Os meus músculos das pernas e dos braços doíam, tal como os músculos do meu peito por todo o esforço para manter aquela posição forçada. Pedi ao meu clone para parar o esforço e com poucos selos criei dois espigões de terra para travar a carroça. Quando por fim me sentei, o clone ao meu lado tentou replicar o movimento, mas acabou por se desfazer em terra.
- Meninas... Temos que parar.
- Pelo que me lembro, falta-nos mais meia hora de viagem. Achas que consegues fazer o resto do caminho? - Nikkou falou comigo com uma naturalidade abismante. Reconheci-a de imediato como a rapariga daquele dia. A que quase me assou numa ruela da vila.
- Sim, sim. Sou mais resistente do que pareço. Apenas... preciso de descansar um pouco.
Com um intervalo de vinte minutos a tirar-me algum desgaste físico, voltei a juntar as mãos e com alguns selos fiz dois clones de terra. Decidira manter um a viajar com as raparigas, seria uma reserva para me substituir quando eu precisasse. Voltei para o meu lugar à frente da carroça, acompanhado por uma cópia minha e voltei a fazer força para a frente com os braços e pernas.
Puxava a carroça quando algo chamou a atenção de Tsukikage. À nossa frente começava a delinear-se uma pequena ponte de madeira e um enorme precipício. Estranhei a paisagem. Avisei-as, ao qual elas apenas me disseram para continuar em frente. Quando finalmente chegámos à tal ponte, deparámo-nos com uma ponte de corda decrépita sobre um precipício de rocha escarpada. Fiz um selo e concentrei chakra, tal como tinha pensado, aquela era uma realidade falsa. A ilusão quebrou-se logo em seguida e via já no horizonte o final do campo de treinos.
- Mais um pouco! - Os meus músculos queixaram-se e o cérebro fez-me entender isso com grande dor. Mesmo assim mantive-me ao comando e com um último esforço, concentrei algum chakra nos braços e pernas e mantive o ritmo! - Chegámos! - Gritei meio afónico. Chegávamos finalmente e Takaeru olhava para nós com um sorriso de orelha a orelha.