A manhã chega acompanhada de um sol brando e quente juntamente de uma brisa fresca. Koi e Tori acordam de um sono profundo, um sono que ansiavam. Foi grande a demora para adormecer, pois a noite, para os irmãos, foi de uma dificuldade demasiado grande, afinal ainda eram crianças, e dormir sob dois casacos, com os pés frios, barulhos estranhos e ruidosos, imundos de secretismo, não ajudava.
“ O que se estará a passar lá fora?” perguntava Koi, “ Cala-te e dorme” dizia Tori com uma voz seria e determinada, talvez porque soubesse que o dia de amanha seria ainda mais duro.
– Acorda, acorda! – bradava Koi empolgado com tal manhã linda como os olhos da mãe, calma como as palavras do pai – Sai já da cama! Senão já sabes o que faço com esta pena maninho.
– NEM PENSES NISSO! – grita Tori que se levanta num instante tão rápido como um veado quando se sente em perigo,
Koi, muito calmamente, pega na pena e guarda a na bolsa da mochila onde estava o diário. Era imensa a quantidade de luz que entrava pela gruta a dentro, ambos ficaram sentados à entrada da gruta para poderem apreciar melhor aquele momento, um céu limpo como a água mais pura, só com uma simples nuvem a vaguear sozinha com muita calma. Mas, nesse preciso segundo, Tori levanta-se.
– Vem, vamos mas é procurar alguma coisa para comer. HOJE SINTO-ME COM SORTE! – grita Tori com um entusiasmo tal que espanta os pássaros nas redondezas.
– Boa, oh meu estúpido! Aves já não comemos de certeza! – repreendeu Koi com um ar muito serio, e já não tão esperançoso como o olhar Tori nesse dia.
Após o resmungar enfadonho de Tori, Koi vai buscar o resto dos pães, duros como pedra mas ainda comestíveis para um ser humano, e o leite azedo como tudo mas ainda capaz de empurrar o pão pela goela dos irmãos abaixo. Pequeno-almoço tomado e então com mais calma, decidem explorar as redondezas. Tinham um rio mesmo à esquerda da sua gruta e à direita um bosque misterioso, denso como os livros que tinham em casa, de romances lamechas com umas mil páginas para descrever um quarto ou uma pessoa. E mesmo em frente, uma clareira gigante onde podiam descansar ao solo ou cozinhar. Tori já tinha arquitetado tudo ao pormenor.
- Bem Koi isto é o seguinte, meu caro ajudante e companheiro…
– E teu irmão já agora. Oh palhaço!
– Deixaste de ser meu irmão a partir do momento em que assustas-te os bichos à noite com o teu ressonar estridente! Tu deves ter um demónio dentro de ti ou alguma coisa! – diz Tori com um sorriso gigante estampado na cara.
– Ahahaha! Que piada! Tu vais ver o que vou fazer com a cenoura que tenho na mochila esta noite enquanto estiveres a dormir! MUAHAHAHAHAHA! – Koi ria-se de forma grotesca e ao mesmo tempo brincalhona.
Tori faz uma pausa, olha Koi como quem está à espera que ele acabe de falar.
- … - então prossegue - Como estava a dizer o rio pode ser a nossa casa de banho, ao ar livre e tal. Até vai saber bem, vais ver! O bosque será a nossa despensa onde poderemos encontrar a nossa comida, por mais difícil que seja. E este lindo espaço mesmo à nossa frente, a clareira, será a nossa cozinha e sala de jantar.
– Fantástico! Só nos falta um rádio e livros de manga e estarei pronto para viver aqui! – fala Koi, levemente desejoso.
Os dois irmãos não paravam de rir! Para Koi, a ideia do seu irmão era simplesmente parva. No entanto, Tori ria-se pelo facto de que ele estava a falar muito a serio e o tonto do seu irmão ainda não tinha entendido.
– Irmão, chega. Vamos procurar alguma coisa para saciar o pedido de ajuda do nosso querido estômago, ok? – disse Tori, ganhando alguma seriedade.
– Vamos a isso irmão! – retorna Koi, saltando em direcção ao rio para tomar um bom banho, coisa que já se notava no seu cheiro algo curioso, num horrendo sentido.
Assim a foi a manhã dos irmãos Nara. Talvez a melhor manhã que tiveram até àquele tempo. Uma manhã que conduzirá os irmãos a um destino que nem eles estão a contar…
(Se queres continuar a ler a história de Koi e Tori segue para o próximo capítulo: [Treino 01 - Nara Koi e Tori] Dia 1 - O Esquadrão Elite Esquilo )